Revitalização de pontos turísticos e criação de calendário fixo de eventos devem estar entre as prioridades do novo governo

Um dos principais desafios do prefeito eleito Rogério Cabral e sua equipe de governo promete ser o reaquecimento dos setores cultural e turístico do município, que já ocuparam lugares de destaque na economia local, mas vêm perdendo força nas últimas décadas. Nova Friburgo já teve a segunda maior rede hoteleira do estado, o melhor carnaval do interior e um calendário de festas tradicionais, que atraiam turistas de todas as idades. Sem falar nos veranistas que tinham casa na cidade e movimentavam o período de férias escolares e os feriadões. Desde meados da década de 90, porém, o município vem sofrendo um esvaziamento turístico e cultural, perdendo os visitantes para cidades da Região dos Lagos. 

A catástrofe climática ocorrida em janeiro de 2011 contribuiu ainda mais para piorar esse quadro, já que vários pontos turísticos da cidade foram castigados e até hoje não estão recuperados. Um deles é o teleférico, um dos símbolos da cidade, cuja imagem do deslizamento de terra com as cadeiras ao fundo rodou o mundo. Passados quase dois anos, o equipamento continua sem funcionar, frustrando vários turistas que ainda visitam a Praça do Suspiro. Sem contar que o tradicional espaço continua repleto de marcas da catástrofe e seu entorno sempre fica alagado a cada chuva mais forte. A histórica Capela de Santo Antônio, a Fonte do Suspiro, o restaurante e o anfiteatro da Praça das Colônias também permanecem fechados ao público. 

Outro ponto turístico que foi bastante afetado pela tragédia do ano passado foi o Circuito Tere-Fri, localizado na RJ-130, estrada que liga Nova Friburgo a Teresópolis. Apesar do projeto “Florindo a Tere-Fri”, lançado em abril para recompor a beleza paisagística do circuito, a rodovia ainda apresenta uma série de problemas decorrentes das chuvas de 2011, como pavimentação precária e encostas que deslizaram e ainda não passaram por obras de contenção. 

A revitalização do Suspiro e de outros endereços tradicionais, como as praças Getúlio Vargas e Dermeval Barbosa Moreira e a Avenida Alberto Braune, estão entre as principais demandas para o setor de turismo listadas pelo Nova Friburgo Convention & Visitors Bureau durante a campanha eleitoral deste ano. Criada em 2005, a entidade elaborou uma série de reivindicações para alavancar o turismo na cidade, a pedido de alguns candidatos à Prefeitura. 

A reformulação da Lei Municipal de Turismo, a criação de uma lei que evite a demolição de prédios antigos e de um programa de incentivo à revitalização das fachadas de prédios são outras demandas apontadas pelo Convention Bureau, que sugere também a criação do Fundo Municipal de Turismo. 

O setor cultural de Nova Friburgo também deixa a desejar. Apesar de ser a primeira cidade do Brasil colonizada pelos alemães, isto não é divulgado e os municípios do sul do país acabam ganhando tal fama. Tirando o museu da colonização na Casa Suíça, em Conquista, não há outro espaço na cidade destinado à exposição de obras de arte, peças e coleções científicas e de objetos antigos. Recentemente a Usina Cultural Energisa promoveu a mostra “Museu Artenarede – a trajetória de um sonho”, com o objetivo de dar visibilidade ao projeto de criação de um futuro museu de arte contemporânea em Nova Friburgo e mobilizar o governo municipal, entidades públicas e empresas privadas a viabilizar a ideia.

Outra prova da falta de valorização da memória do município é o estado de abandono do Park Hotel, considerado um marco da arquitetura moderna e uma das mais importantes obras do renomado arquiteto Lúcio Costa. Tombado pelo patrimônio histórico, o hotel está fechado há anos e vem se deteriorando devido à falta de recursos para sua manutenção. Alguns movimentos em prol de sua restauração já foram realizados, mas não tiveram continuidade. Em 2008 um projeto de revitalização do hotel, que ganharia um centro de treinamento em hotelaria, chegou a ser anunciado, mas não foi adiante porque dependia da liberação de recursos do Ministério da Cultura. 

A importância da criação de um calendário fixo de eventos consolidados há mais de três anos é outro ponto fundamental para alavancar o setor turístico e cultural da cidade, conforme apurou a equipe de A VOZ DA SERRA com alguns especialistas da área. Festas como Florango, Festival da Truta e Festa da Flor, por exemplo, não têm uma regularidade e têm sido realizadas conforme a disponibilidade do governo municipal vigente em promovê-las.

Outras demandas importantes para o setor turístico e cultural do município listadas pelo Convention Bureau são o aumento do número de guardas municipais para rondas nas praças, o fortalecimento dos programas sociais para acolher moradores de rua, a criação de projetos para valorização do patrimônio histórico e cultural do município e o fomento de novas construções temáticas. O novo governo deverá ter muito trabalho pela frente para resgatar o papel do setor na geração de renda e emprego do município.