Leonardo Lima
Nesta segunda-feira, 22, comemora-se o Dia da Música. As festividades acontecem justamente nesta data por ser também o Dia de Santa Cecília, considerada a padroeira da música e dos músicos. E, como não poderia deixar de ser, Nova Friburgo se caracteriza como uma cidade propícia à inspiração e ao surgimento de novos artistas. Benito di Paula e as bandas Campesina e Euterpe Friburguense são alguns dos nomes que aparecem como referências no cenário musical do município.
Entretanto, a união da classe ainda não ocorre da maneira considerada ideal. Pelo menos não para o músico Zé Renato Daudt, que se reúne junto a outros colegas de profissão nas segundas quartas-feiras de cada mês, na Public House, no Cônego. De acordo com ele, o objetivo da “Jam Session” é justamente reunir os músicos não apenas para tocar canções instrumentais, blues e jazz, mas também para conversar e debater a situação deles.
“Queremos unir mais a classe. Sempre discutimos e damos novas ideias. A intenção é nos fortalecer e fazer com que o nosso trabalho seja mais valorizado”, afirma.
Daudt diz que, por se tratar de um projeto ainda inicial, até então as reuniões contaram com a presença de poucos músicos. “Se tivéssemos mais encontros deste tipo, poderíamos melhorar a nossa situação, ter novas oportunidades de trabalho, novos lugares para tocar. Até mesmo em termos de remuneração poderia ser melhor”, explica. O projeto é aberto a todos os interessados e foi iniciado pelo vocalista, guitarrista e gaitista Betto Menasche. São presenças certas também o baixista Sérgio Takahashi, o guitarrista Augusto Silveira e o percussionista Duduka Lopes, além de alguns convidados.
Para Zé Renato, um dos principais problemas de sua profissão acontece entre os próprios músicos.
“Quando alguém cobra um valor muito baixo por um trabalho, acaba nivelando o cachê de todos por baixo, subvaloriza nosso produto. E neste ramo é difícil entender a diferença de qualidade. Não é como um carro, onde todos percebem a diferença de um de R$ 20 mil para um de R$100 mil”, exemplifica.
Apaixonado por música desde a infância, ele é atualmente o baterista da banda Rockfour. Além disso, dá aulas particulares, faz trabalhos como freelancer e tem um estúdio, com o qual tem promovido aulas junto ao grupo Iatec.
“Sou o representante da empresa em Nova Friburgo e já ofereci cursos de áudio e fundamentos, áudio básico, consoles digitais e, no início de 2011, deverá abrir uma turma de áudio para igrejas evangélicas”, adianta.
Ex-aluno de licenciatura em música da Ucam fala sobre importância da formação
Qualificar e profissionalizar os recursos humanos na arte da música, contribuindo para sua formação global e colaborando com o aprendizado de crianças e jovens para a inclusão social, motivando o desempenho de papel consciente como verdadeiros agentes de mudança no mercado de trabalho. Este é o objetivo do curso de licenciatura em música, que a Universidade Candido Mendes (Ucam) oferece em Nova Friburgo. Com carga de 3300 horas/aula e coordenação de Francisco Fernandes Filho, a iniciativa tem formado novos valores na cidade.
Em entrevista ao jornal A VOZ DA SERRA, o ex-aluno Jonathan Lima Ângelo, que se formou no primeiro semestre deste ano, revela o motivo de ter escolhido seguir a profissão e quais os passos que pretende seguir em sua carreira daqui para frente.
A VOZ DA SERRA - O que te motivou fazer uma faculdade de música?
Jonathan Ângelo - Comecei a estudar música muito novo, mais precisamente violão. Sempre levei como uma diversão. Porém, a partir de certo momento comecei a ter gosto por ensinar também. Mais tarde, na época de vestibular, quando muitos cursos vinham a minha cabeça, segui o que achava que me deixaria mais feliz e realizado.
AVS - Você se sente realizado por ter se formado nesse curso?
Jonathan Ângelo - Sim, me sinto realizado por ter me formado em música. Hoje a educação musical se tornou lei, então o mercado tem mais oferta de emprego do que profissionais graduados. Eu consegui juntar o que mais gosto de fazer com o trabalho, e isso me deixa muito feliz.
AVS - Você ficou com algum receio de não conseguir se inserir no mercado depois de estar formado?
Jonathan Ângelo - Se dissesse que não tive certo receio estaria mentindo. Infelizmente as pessoas desconhecem o objetivo do curso de licenciatura em música. Assim que ingressei na faculdade tive várias referências de alunos que tinham acabado de se formar e já estavam trabalhando. Por isso esse tal “medo” do mercado do trabalho nunca existiu, até porque, comecei a trabalhar na área antes mesmo de me formar.
AVS - E onde você trabalha atualmente?
Jonathan Ângelo - Trabalho dando aulas de música no Centro Educacional São Domingos, no Colégio Pintando as Letras, sou professor particular de instrumentos de cordas na Casa da Música da Universidade Candido Mendes e faço participações em gravações e apresentações, tocando guitarra e violoncelo.
AVS - Busca outras especializações?
Jonathan Ângelo - Sempre busco me aperfeiçoar, tanto na área acadêmica como na de músico intérprete. Acho isso importante para qualquer tipo de profissional.
AVS – Afinal, o que é fundamental para o aluno: talento ou motivação?
Jonathan Ângelo - Eu não descarto o talento nem a motivação. Acredito que o mais importante é o esforço e a dedicação. Nem sempre o talento é sinônimo de sucesso. A motivação tem que acontecer de dentro para fora, até porque vivemos numa sociedade preconceituosa e um pouco desinformada a respeito do curso de licenciatura em música. Isso tende a desmotivar quem procura seguir esse caminho.
AVS - Que recado você deixa para quem pretende ingressar na faculdade de música? Vale a pena?
Jonathan Ângelo - A faculdade de música abre um leque de opções para o profissional. Ele pode atuar em diversas modalidades, como, por exemplo, dar aulas, tocar, fazer trilhas sonoras, arranjos etc.. Por isso acredito que para quem realmente gosta e quer se dedicar vale muito a pena.
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