Revelações recentes fazem sucesso e reafirmam caráter formador do Friburguense

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
por Vinicius Gastin
Revelações recentes fazem sucesso e reafirmam caráter formador do Friburguense
Revelações recentes fazem sucesso e reafirmam caráter formador do Friburguense

Em menos de um ano, o Friburguense negociou duas revelações para grandes clubes do futebol brasileiro. Depois da transferência de Luis Felippe para o Grêmio — onde é destaque na edição deste ano da Copa São Paulo de Futebol Júnior —, é a vez de Lucas vestir a camisa do Vasco da Gama a partir de 2015. O surgimento de bons valores não é mera coincidência, mas sim, fruto de um trabalho desenvolvido nas divisões de base do clube. A capacidade de investimento limitada faz do Tricolor da Serra — há alguns anos — o time com maior percentual de jovens no elenco entre os times da série A do campeonato carioca.

"Queremos ser um clube de referência, para termos a questão do contrato de formador. Estamos avançando bastante nesse sentido e será bom tanto para o clube quanto para o jogador. A gente trabalha mais com o pessoal da região. O Friburguense possui essa característica de ser um clube formador, e vamos continuar apostando nisso”, destaca o gerente de futebol José Siqueira.

O clube trabalha com mais de 70 jogadores nas categorias infantil, juvenil e júnior. Diariamente, são servidas cerca de 160 refeições — café da manhã, almoço, jantar e lanche. O Tricolor da Serra conta com 25 jogadores de Nova Friburgo e cidades vizinhas no juvenil e outros 27 no infantil. Na categoria júnior, foram 12 atletas de municípios distantes em 2014, número que pode aumentar nesta temporada. Todo o trabalho é coordenado por Sávio Badini, contratado pelo clube exatamente para esta função. O profissional ainda mantém uma Escolinha de Futebol no Friburguense, e retomou o trabalho que era feito com as categorias pré-mirim e mirim.

"Quando pensamos em divisão de base, é claro que entrar em competições para ganhar títulos é bom. Mas o mais importante é você formar atletas, encontrar talentos. Hoje o Friburguense consegue ter um bom trabalho com crianças a partir de sete anos, em média. Nossas equipes infantil e juvenil jogam de igual pra igual com qualquer time de expressão do Rio de Janeiro, e isso mostra que estamos no caminho certo”, analisa o coordenador.

De fato, as equipes infantil, juvenil e júnior fizeram boas campanhas nos respectivos estaduais. O Tricolor da Serra fez boas apresentações contra clubes de melhor estrutura física em termos de base, e revelou alguns bons valores. Pierre, Felipe, Jeferson, Lucas e Lohan são exemplos de atleta utilizados com frequência entre os profissionais. Alguns outros já treinam no grupo principal, à exemplo de Lucas Mineiro, de apenas 17 anos.

"O Friburguense pode ser sim, o caminho para o jogador crescer na carreira. Às vezes, muitos pais e empresários se precipitam e levam os jogadores ainda jovens para os grandes centros. Nem sempre o atleta consegue desenvolver todo o potencial e existe ainda o risco da desistência prematura. As dificuldades de adaptação podem ter como consequência o desperdício de um grande talento”, destaca Siqueira.

A tentativa precoce...

O cenário descrito pelo dirigente é cada vez mais comum no futebol brasileiro. Pais e empresários tentam acelerar o processo de crescimento profissional, pulam algumas etapas e acreditam em promessas que nem sempre são cumpridas. A concorrência desleal nos grandes clubes brasileiros impede o desenvolvimento de todo potencial do atleta. 

Com características de clube formador, o Friburguense também sofre com a perda prematura de jogadores nos últimos anos. Iludidos por falsas propostas, se arriscam em um universo obscuro e incerto, tendo como consequências o desânimo e a desistência. Ainda assim, revelou nomes como Elivelton (zagueiro que pertence ao Fluminense), William (ex-Botafogo), Mauricio (ex-Villareal), Rafael Galhardo, Marquinhos Galhardo, Hugo (ex-São Paulo e Flamengo), dentre outros.

"O caminho é realmente mostrarmos que o Friburguense é uma ponte para o sucesso do jogador. O Friburguense é um clube de primeira divisão do futebol carioca, e isso precisa ser lembrado”, destaca Sávio.

O dirigente lembra ainda as promoções do goleiro Luiz Felipe, do lateral esquerdo Felipe e do volante Damião, todos eles titulares durante a Copa Rio, além do meia Jefferson e do atacante Lohan. A política de apostar em jovens valores vai ser repetida em 2015, e o nome do meia Lucas é um dos mais comentados no estádio Eduardo Guinle. Reforçar a confiança nos jovens valores e na espinha dorsal de anos anteriores é a principal estratégia para o Friburguense brilhar nesta temporada.

"Quem chegou vai suprir as ausências de um Jorge Luiz, Jefferson e Lucas, que é uma das nossas grandes apostas. A gente que trabalha no futebol tem que fortalecer isso. Até brinquei com o Lucas (que foi para o Vasco) que eu considero o Damião o nosso titular, o melhor volante. Temos que trabalhar com o que temos. Precisamos do Damião, do Bidu, do Zé Victor, Rômulo Azevedo, Pierre e todos os outros. Lógico que a qualidade do Lucas é grande, mas ele não faz mais parte da nossa realidade.”

Fé na base

Mesmo com novos nomes, Friburguense aposta nos jovens jogadores em 2015

A aposta em jovens valores e na manutenção da base rende bons resultados ao Friburguense nos últimos anos. O Tricolor da Serra faz boas campanhas no campeonato, onde além de se manter na elite, quase sempre almeja algo mais. Em 2014, O Frizão chegou a brigar por vaga nas semifinais do estadual e por muito pouco não conquistou o título da Taça Rio. No segundo semestre, após novo processo de reformulação e promoção de alguns valores da base, o time comandado por Gerson Andreotti chegou às semifinais da Copa Rio e esteve a um passo de conquistar vaga na série D do Brasileiro deste ano.

Para alcançar esse objetivo, e até mesmo, buscar uma semifinal de carioca, o Friburguense vai repetir a fórmula e dar oportunidade aos jogadores formados na base. Algumas contratações pontuais foram feitas, mas as principais modificações no elenco para 2015 aconteceram no período entre o estadual e a Copa Rio de 2014.

"De repente, para uma parte da imprensa que não vive o dia a dia do Friburguense, nós não mudamos muito. Mas se pararmos para observar, desde o carioca, nós trouxemos o Hudson, o Caíque, o Léo. E temos dentro do próprio grupo e da base os jogadores que atendem ao Gerson Andreotti. Precisamos trabalhar e fazer valer o que nós temos. Todo final de ano o pessoal questiona as novidades. Essa é a nossa filosofia e tem dado certo. Lógico que a briga para não cair e chegar a uma semifinal de carioca é grande, mas confiamos no que temos.” 

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