O superintendente regional do Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Ivo Barreto, vai se reunir nesta quarta-feira, 10, com representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para definir a data em que os especialistas farão uma avaliação técnica na Praça Getúlio Vargas, no centro de Nova Friburgo, para reunir informações que embasarão o terceiro laudo sobre a situação dos eucaliptos centenários que ainda restam no local. Técnicos da área ambiental e florestal de uma universidade pública, a princípio da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), também acompanharão a visita.
Na última quarta-feira de maio, Ivo afirmou, em reunião realizada na Câmara de Vereadores, que o terceiro laudo é necessário, depois que integrantes do movimento social “Abraço às Árvores – SOS Praça Getúlio Vargas” identificaram falhas nos dois laudos que orientaram a operação de poda e cortes das árvores realizada na praça pela prefeitura de Nova Friburgo.
De acordo com um estudo produzido pelos ativistas, a quantidade de árvores que deveria ser cortada é muito diferente no laudo produzido a pedido da prefeitura por técnicos da Universidade Estácio de Sá e da Technische, empresa contratada pelo Iphan para realizar o estudo técnico. “O laudo do Iphan sugere que 52 árvores sejam cortadas a mais do que o laudo da Estácio. A diferença é de quase 50%. Isso é, cientificamente, muito grave”, disse o arquiteto Alessandro Rifan durante a reunião na Câmara.
O método usado pelos técnicos nos dois primeiros laudos foi o da análise visual, ou seja, o interior das árvores, chamado cerne, não foi avaliado pelos especialistas da Estácio e do Iphan. “Nós consideramos esse método raso. O que nós queremos é um laudo do risco de queda, que seja feita uma radiografia das árvores”, esclareceu Alessandro.
Desde o início do ano, quando começou a operação de poda e cortes dos eucaliptos na praça, o grupo vem se mobilizando e exigindo rigor nos serviços realizados pela Prefeitura. Foram cortadas 22 árvores um pouco acima da raiz e dezenas foram podadas pela Prefeitura para evitar acidentes como a queda de galhos sobre pedestres e motoristas. A quantidade de cortes causou comoção em muitos moradores que têm uma relação afetiva com a praça. Vários protestos e intervenções artísticas foram realizados pelos ativistas no local com o objetivo de questionar a maneira como as atividades foram executadas pelo governo municipal.
O movimento ganhou repercussão e o Ministério Público Federal (MPF) abriu dois inquéritos para investigar as ações depois que o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) identificou que pelo menos duas árvores foram cortadas sem necessidade pela Prefeitura. O MPF propôs, a partir de então, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que estabeleceu condições para a operação de corte emergencial dos eucaliptos da praça, e fixou prazos para o cumprimento de medidas compensatórias e para o início da execução do projeto de revitalização do local. A Prefeitura só pode realizar intervenções nas árvores da praça em situações emergenciais.
A Praça Getúlio Vargas foi tombada como patrimônio histórico em 1976, por isso, os ativistas querem que o projeto original do paisagista francês, Auguste François Marie Glaziou, seja mantido.
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