As aulas no Instituto Politécnico da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, campus Nova Friburgo, começaram com manifestação nesta segunda-feira, 10. Com palavras de ordem como “A Uerj vai lutar”, “Não mate a Uerj!” e “Fora Pezão”, dezenas de alunos e professores da unidade se reuniram em frente ao campus, na Vila Amélia, para se manifestar sobre atrasos nos salários e pagamento de bolsas aos estudantes beneficiários.
De acordo com a professora de física e organizadora do movimento, Daiara Fernandes de Faria, os docentes sofrem com a falta de pagamentos há pelo menos dois meses. “A situação em que estamos trabalhando é muito desmotivante. Não sabemos se vamos poder fazer chamada em sala de aula, se as aulas serão repostas depois. Ainda não recebemos o 13º salário e os pagamentos referentes aos meses de fevereiro e março. Os alunos bolsistas também estão sem o benefício desde janeiro. Queremos chamar a atenção para esse movimento para que as condições da unidade sejam normalizadas”, afirma Daiara.
A data para o retorno às aulas de todas as unidades da Uerj era 17 de janeiro, mas as más condições no que diz respeito a falta de segurança, limpeza e atrasos de salários fizeram com que o início do ano letivo, ainda referente a 2016, fosse prorrogado mais de cinco vezes. “Tivemos dois eventos importantes no último ano. O primeiro foi a greve, que foi bastante extensa e prejudicou muito toda a atividade da universidade. Mas mesmo estando com problemas de salários atrasados, retornamos. O segundo evento foi o corte de água do instituto por falta de pagamento. Nessa ocasião, fomos ajudados pela prefeitura e terminamos o período em 22 de dezembro. Logo depois, tivemos recesso e férias e deveríamos voltar no dia 17 de janeiro, mas devido a todos os problemas de estrutura, não tivemos condições de voltar”.
Nesta segunda-feira, 10, sete pessoas foram contratadas para trabalhar no serviço de limpeza do IPRJ, em Nova Friburgo. Para os alunos, entretanto, esse retorno pode não significar ainda uma nova fase para a história da universidade. “Não acredito que as aulas retornem como o esperado, eu acho que os professores vão acabar entrando em greve novamente e o governo aproveitará esse momento para enrolar. Os professores não têm como fazer um planejamento financeiro porque eles sequer têm um calendário para receber os salários atrasados”, acredita Lucas Barros, de 22 anos, aluno do sétimo período do curso de engenharia mecânica.
“Eu deveria me formar no ano que vem, mas não será mais possível. A previsão é que eu só termine a faculdade em 2019, no mínimo. Se as aulas pararem de novo eu vou ficar sem chão, não sei nem o que fazer”, afirma o estudante.
De acordo com os docentes uma nova greve não é descartada. “O corpo docente está muito dividido. Ao mesmo tempo que estamos sem salários há dois meses, sem décimo terceiro e sem a bolsa de produtividade, estamos percebendo também que a universidade está sofrendo com o esvaziamento. Muitos alunos estão saindo, alguns professores extremamente capacitados estão procurando cursos em outras universidades no Brasil e no exterior. Em função disso, a opção por greve, ainda que seja justificada por todos os motivos que temos, pesa a responsabilidade sobre a própria instituição. Se entrarmos em uma greve, não sabemos como sairemos dela. Não será uma decisão fácil, mas a possibilidade de paralisação não está descartada,” afirma o professor de Ciências Materiais do curso de Engenharia Mecânica do IPRJ, Ivan Bastos.
Atualmente o campus da Uerj em Nova Friburgo possui cerca de 650 alunos, incluindo estudantes de pós-graduação. Destes, 245 se mantêm com auxílio de bolsa.
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