Vai ser uma pena se retirarem esses radares daqui
“Vai ser uma pena se retirarem esses radares daqui”, disse a vendedora Magali Machado ontem, 29. Ela trabalha em uma loja de móveis rústicos de madeira, no Mury Comercial Center, bem em frente aos dois radares que podem ser retirados no quilômetro 71,5 da rodovia. “Eu não acho boa ideia, porque por causa do radar os motoristas são obrigados a passar mais devagar pela estrada e observam melhor nossas lojas. Sem contar que eles gostam de correr muito, e isso é perigoso”, disse a vendedora, que trabalha há um mês no local.
O pedreiro Jorge Pitta está reformando uma clínica no segundo andar do shopping e não concorda com a Magali. “Eu acho bom o DER retirar os radares, porque todo lugar que a gente passa tem um radar. A instalação daquele redutor de velocidade próximo à rodoviária sul, na Ponte da Saudade (no quilômetro 78), foi ótimo, mas aqui não tem tanto movimento de pedestres como lá. A gente já paga tanto imposto com o carro, ainda tem despesas altas com gasolina e IPVA. Eu acho que a população tem que se conscientizar que não pode dirigir correndo, mas não é necessário tantos radares na via”, criticou.
O fluxo de veículos na rodovia estadual, no trecho de Mury, é intenso durante todo o dia. Apesar de estreita, com apenas uma pista de mão dupla, os pedestres que caminham no entorno do Mury Comercial Center precisam de muita atenção ao atravessar a via. Foi o que fez o filho da dona de casa Jurema Novo, moradora do loteamento Folly. No final da manhã de ontem, 29, o estudante olhou para os dois lados e cruzou a rodovia sob os olhares atentos da mãe que o esperava na entrada da Rua Eduardo Francisco do Campo, no outro lado da via. Não há faixa de pedestres no local.
“Eu venho buscar o meu filho aqui no ponto todo o dia porque eu tenho medo de que ele seja atropelado por um carro ao atravessar a pista. Conheço um rapaz que tem dificuldades para caminhar e que já foi atropelado pelo menos umas duas vezes aqui. Havia alguns quebra-molas na pista, mas foram retirados. Eu sou contra tirar os radares. Eu acho que tem que colocar mais um ali na frente porque o carros passam em velocidade muito alta”, disse Jurema.
A cerca de cinco quilômetros dali, no sentido centro de Nova Friburgo, outros dois radares podem ser retirados da RJ-116 pelo DER: um no quilômetro 76 da rodovia, próximo ao Hotel Bucsky, e outro no quilômetro 76,9, na chegada de um dos principais e movimentados polos de moda íntima da cidade, na Ponte da Saudade. Ali, a motorista Maria Sevilha já foi multada pelo equipamento porque trafegava a 60 km/h em vez de 50 km/h, conforme orienta a placa instalada à margem da rodovia.
“Como motorista, eu aprovo a retirada dos radares porque não vai me afetar. Eu não costumo dirigir em alta velocidade. Mas, por outro lado, será ruim porque alguns motoristas abusam dos limites de velocidade e põem a vida de pessoas em risco. Aqui na Ponte da Saudade o pessoal costuma correr muito”, disse Maria. Enquanto fazia essa reportagem, a equipe A VOZ DA SERRA flagrou um rapaz fazendo manobras bruscas em uma motocicleta em alta velocidade em frente à rodoviária sul.
Além dos radares em Nova Friburgo, o estudo feito por técnicos do DER, em 2013, também sugere a retirada de um equipamento em Itaboraí, na Região Metropolitana, e três em Cachoeiras de Macacu. A pauta voltou à tona na semana passada durante encontro entre o deputado estadual Comte Bittencourt e o novo presidente do órgão, Ângelo Monteiro Pinto.
“Nós conversamos sobre essa pauta importante para Nova Friburgo e região. Eu levei para o novo presidente do DER o estudo técnico feito pelo órgão contendo a análise técnica de cada redutor de velocidade desde Itaboraí até a Ponte da Saudade. Há uma inquietação do setor turístico de Friburgo em relação às multas. Ninguém está advogando, de forma irresponsável, sugerindo que não exista controle de velocidade numa estrada estadual. Mas é preciso haver bom senso. O próprio DER aponta tecnicamente a sugestão de desligar alguns desses reguladores, implantados de forma desnecessária”, disse o deputado. Segundo o parlamentar, a RJ-116 tem 20 radares nos seus cerca de 273 quilômetros de extensão — de Itaboraí, na Região Metropolitana, até Itaperuna, no Noroeste do estado.
Caem os registros de acidentes na RJ-116
O número de acidentes registrados no trecho privatizado da RJ-116 manteve-se praticamente estável no primeiro semestre deste ano. Houve uma pequena queda de 2%, segundo a Rota 116, concessionária que administra a via de Itaboraí até Macuco, passando por Nova Friburgo. Em 2015, foram 441 acidentes registrados na rodovia, 190 com vítimas e 251 sem vítimas. Nos seis primeiros meses do ano passado, a empresa registrou 450 acidentes: 179 com vítimas e 271 sem vítimas.
Outro trecho da rodovia, que vai de Macuco até Itaperuna, é administrado pelo DER. O órgão não informou o número de multas aplicadas pelos radares na via. As estatísticas sobre acidentes no trecho são anotadas pela Polícia Rodoviária Estadual, mas, até o fechamento desta reportagem, A VOZ DA SERRA não conseguiu as informações.
Entretanto, em nota, o DER adiantou que o estudo referente ao remanejamento dos radares da RJ-116 deve ser concluído até o final de 2015. “O posicionamento dos equipamentos é baseado em cima de uma avaliação que considera diversos fatores, entre eles: índice de acidentes, densidade demográfica da região, presença de escolas e hospitais e outros”, informou a assessoria de imprensa do órgão.
Magali Machado
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