Eloir Perdigão
A Fábrica de Rendas Arp fechou. Mas, em vez de lamentações, o fechamento vem sendo comemorado. De acordo com o diretor Jerônimo Coimbra Bueno Filho, “com muito pesar a atividade centenária teve que ser encerrada”. No entanto, o grande patrimônio da antiga indústria está sendo alugado para novos empreendimentos, gerando até mais empregos do que a antiga fábrica.
A forte concorrência asiática, a partir de 2005, foi o fator que mais pesou na hora da direção decidir pelo fechamento da empresa. A partir daquele ano a fábrica começou a acumular prejuízos constantes em sua produção de fiação e bordados. A fiação foi mais fortemente atingida com a concorrência, tida como predatória pela direção. O mesmo ocorreu com o setor de bordados, porém em escala menor.
No entanto, a catastrófica enchente de janeiro de 2011 inviabilizou de vez a produção de fios, já que a recuperação das máquinas implicaria um valor elevadíssimo para depois trabalhar num mercado com margem negativa. Depois da enchente, já em fevereiro, a direção da Arp começou a rodar o bordado precariamente e no fim de março a produção foi totalmente retomada. Mas, devido ao tamanho do parque industrial, de seu elevado custo de manutenção, somando-se o aumento de importação asiática, a direção se viu obrigada a encerrar toda a atividade têxtil em 31 de agosto de 2011, depois de acumular grande prejuízo nos últimos cinco anos. “Para melhor entender essa crise no Brasil, basta conhecer os seguintes dados: o consumo dos produtos têxteis em 2011 cresceu 14% e a produção nacional recuou 15%”, informa Jerônimo.
NOVOS EMPREENDIMENTOS
Imediatamente após o encerramento das atividades a direção criou a Arp Imobiliária, para atuar no ramo de aluguéis e construções. Algumas das dependências já foram alugadas e as empresas instaladas estão gerando empregos num volume maior do que antes do fechamento da área têxtil da Arp. Inclusive, está sendo construída, por uma dessas empresas, incentivada pela previsão do crescimento de empregos provenientes dos próximos negócios a serem abertos, uma cozinha industrial.
“Vemos com bons olhos o futuro e continuamos com a atividade imobiliária contribuindo para o crescimento de Nova Friburgo”, observa Jerônimo. O diretor se mostra animado ante a expectativa de empresas grandes se instalarem no “condomínio”. Um dos nomes ventilados foi o de uma loja de departamentos, mas Jerônimo não confirma. Outros nomes cotados são de uma marca de roupas e um hipermercado.
Além dos aluguéis, há também incorporação, como do prédio do lado ímpar da Avenida Conselheiro Julius Arp (onde funcionavam a loja da fábrica e o refeitório), que poderá ser ocupado por uma universidade. Também há projeto para novas construções nesse local. Vale lembrar: a área total do terreno da Arp tem 75 mil m²; e de área construída, 50 mil m².
O túnel sob as pistas da Avenida Conselheiro Julius Arp chegou a ser descartado pela direção do empreendimento. Seria fechado, mas, posteriormente, optou-se pela sua manutenção, já que uniria o setor comercial e a universidade do outro lado, conferindo charme ao empreendimento. O segundo andar do prédio, onde funcionava a loja da fábrica, já está alugado para um órgão público estadual e o térreo deverá se incorporar à universidade.
A antiga e bela casa será preservada. O propósito da direção é cedê-la a uma confeitaria, que lembre a Confeitaria Colombo, no Rio, ou um restaurante de alto nível. Isto porque atualmente os clientes têm encontrado dificuldade para achar estabelecimentos desses ramos abertos aos domingos ou segundas-feiras, em Nova Friburgo. E a opção é que ali funcione uma casa que possa oferecer bebidas finas e café com acesso à internet. Seria um lugar para atrair a clientela, diariamente.
O nome do empreendimento, por enquanto, é Arp Imobiliária. Mas poderá mudar com a criação do “condomínio” que, mal começou, já está crescendo. Será dotado, inclusive, de estacionamento e tratamento paisagístico. “O nome Arp deverá ser mantido, até para preservar o nome da família, uma marca muito forte na cidade”, finaliza Jerônimo.
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