Renato Satyro: “Já avançamos bastante”

segunda-feira, 25 de novembro de 2013
por Jornal A Voz da Serra
Renato Satyro:  “Já avançamos bastante”
Renato Satyro: “Já avançamos bastante”

Vinicius Gastin

Trabalhar com o orçamento anual de R$ 28 mil — o menor dentre todas as pastas do município — é um desafio para Renato Satyro. Por isso não é raro encontrar uma quantidade considerável de papéis e documentos na mesa do secretário de Esportes — quase sempre destinados aos convênios pretendidos com os governos estadual e federal. Desta forma, mesmo com recursos limitados, obras e eventos no setor esportivo têm sido realizados em Nova Friburgo. As reformas em quadras, ginásios, a conclusão da pista de skate do Bairro Ypu e a construção da Praça CEU, em Olaria, por exemplo, são frutos dessas parcerias com o Estado e a União que movimentam o esporte em Nova Friburgo.

Para garantir os recursos, Renato Satyro atua como o mediador municipal — e em alguns casos esbarra na burocracia para a liberação das verbas. E após a execução das obras, o desafio passa a ser a manutenção dos espaços. 

Embora as dificuldades existam, os avanços na área são perceptíveis e a perspectiva é positiva. Em meio às reformas de quadras, ginásios, campos e a inauguração da Praça CEU, em Olaria, prevista para março ou abril de 2014, o secretário revela o objetivo de aprovar o Bolsa Atleta Municipal e a Lei de Incentivo ao Esporte.


A VOZ DA SERRA: O senhor já foi cogitado para a Secretaria de Esportes em outras gestões, mas costuma dizer que chegou ao cargo na hora certa. O que o tornou mais preparado para assumir a pasta?

RENATO SATYRO: O meu nome foi cogitado há 12 anos e eu até gostaria de ter assumido na época, mas a oportunidade não surgiu. No entanto, olhando com calma, eu vejo que tudo aconteceu na hora certa. Eu pude ganhar um pouco mais de maturidade e experiência, concluir uma pós-graduação em gestão e marketing esportivo e administração esportiva. Passei por diversas vice-presidências dentro do Friburguense. Sinto-me mais preparado para desenvolver esse trabalho, e acho que muita coisa tem acontecido por conta desse tempo a mais.


AVS - Atuar como secretário em duas gestões diferentes é raro. Considera este fato como um fruto do trabalho de seu primeiro ano à frente da secretaria?

RENATO SATYRO: A gente não faz nada sozinho, é o trabalho de uma equipe que eu estava à frente. Como avaliar esse trabalho se eu não sou candidato e recebo votos? Primeiro pelas declarações públicas, e depois comparando com quem passou. Não posso dizer que sou melhor ou pior, pois não sei das condições de trabalho anteriores. Nós tivemos o Juca, a Vera Cintra, e nessa época ainda não existia Secretaria de Esportes. Portanto, eles não tinham as possibilidades de buscar recursos como eu tenho. Acho que todo mundo que passa deixa um legado, mas de modo geral a nossa atuação foi muito elogiada. Por isso, o prefeito apostou na gente pra esses quatro anos. Sou grato pela coragem de manter um secretário de um governo para o outro. O Rogério sempre nos atende e tenta resolver as pendências.


AVS - Com o orçamento limitado, muitas vezes o secretário tem que agir como um mediador para a obtenção de recursos estaduais e federais...

RENATO SATYRO: Necessitamos que os convênios liberados se adaptem ao que a prefeitura tem para oferecer. Não adianta o Ministério do Esporte ter um convênio com uma contrapartida alta e eu não ter esse recurso, bem como não adianta existir o convênio e não ter um local adequado para executar a obra, como aconteceu com o campo de rugby. São muitos os empecilhos. Muitas vezes tem o dinheiro e não há projeto, mas também há casos em que existem o dinheiro e o projeto, mas falta o local.


AVS - O ano de 2013 está sendo movimentado, com muitas realizações de eventos, iniciação e conclusão de obras na área esportiva. Como avalia esses primeiros onze meses de sua segunda gestão?

RENATO SATYRO: Nós conseguimos fazer muitas coisas através de parcerias, mas este ano fizemos com a realização da própria secretaria. Voltamos com o fechamento da Via Expressa, uma realização nossa em parceria com o Sesc; fizemos a Supercopa SAF masculina e feminina, e com ela, resgatamos o futebol amador; trouxemos a Copa Rio sub-17; fizemos os Jogos Escolares de Nova Friburgo, junto com a Secretaria de Educação; mantivemos as equipes nos Jogos Abertos do Interior e na Copa Intertv de Futsal. Para se ter uma ideia, existem cerca de 1.200 pessoas usando os três ginásios da cidade semanalmente, em Olaria, Conselheiro Paulino e Duas Pedras. São quatro equipes por dia, uma hora por cada grupo de 20 pessoas, tudo de graça e organizado. Existe um contrato que exige documentação, compromisso, responsabilidade e censura de idade dependendo da hora.


AVS - O senhor recebe desportistas diariamente em sua sala à procura de apoio, e por conta das limitações nem sempre é possível atender. Como lidar com a situação?

RENATO SATYRO: Tudo dentro do possível. Além dos R$ 28 mil do orçamento, o prefeito destinou outros 62 mil para comprar material esportivo para o ano todo. Foram bolas para as escolinhas comunitárias, quimonos, tatame para projetos sociais e premiamos grandes campeonatos como o de bolão masculino e feminino, JunFri, Copa de Taekwondo, jiu-jítsu, downhill, sinuca, judô, freeride, Montanha Cup, corridas diversas, futebol de mesa, campeonatos em São Lourenço, Janela das Andorinhas e Olaria. Atuamos com premiação ou legalização, que contribuíram para que os eventos pudessem acontecer. Avançamos bastante nesse sentido.


AVS - Com relação à estrutura física, houve um grande avanço. Podemos dizer que as maiores realizações em 2013 estão concentradas na parte estrutural?

RENATO SATYRO: Sem dúvidas. Estamos até sobrecarregados com as inaugurações. Reformamos os ginásios de Conselheiro Paulino e Duas Pedras, e a quadra da Vila Amélia. Estamos próximos de terminar a quadra do Bairro Ypu e iniciando a reforma em São Geraldo. Tudo será inaugurado em dezembro. Em janeiro, vamos cuidar do Campo do Pastão, do ginásio do Cordoeira e do campo de Campo do Coelho. Todas essas obras já foram licitadas e o risco de faltar dinheiro não existe. Cadastramos para convênios o centro de lutas, um ginásio em Salinas e outros em Baixada de Salinas, um centro esportivo para o Catarcione e um campo de treinamento para o rugby e futebol americano. Temos licitados os campos de Riograndina, Cordoeira e Campo do Coelho, além do projeto da ciclovia que está pronto, com uma extensão de 27 km. Tudo isso sem falar na quadra de Solares e na pista de skate, já inauguradas, e na indicação para a construção de uma pista de skate e uma quadra de vôlei na Praça CEU, em Olaria. Pretendemos que a Marta Suplicy esteja em Nova Friburgo para inaugurar a praça em março ou abril de 2014.


AVS - Quando os recursos são provenientes das esferas estadual e federal, as paralisações das obras em andamento, como a da pista de skate, fogem ao controle da secretaria. Como agir para acelerar o processo?

RENATO SATYRO: Como gestores nós temos que orientar os empresários para que não errem em determinadas questões quando a responsabilidade é da prefeitura. Quando os recursos são de outras esferas, atuamos em parceria com o Gerenciamento de Projetos para cobrar a liberação dos recursos e pedimos ajuda aos deputados e parlamentares. Dos 600 mil reais destinados pelo estado à reforma das quadras, apenas 300 mil estão depositados. Quando gastarmos esse dinheiro, vamos prestar contas para o Ministério depositar os outros 300.


AVS - Após a construção e reforma, um dos grandes desafios é a manutenção dos espaços. Existe algum plano para mantê-los conservados?

RENATO SATYRO: Estamos buscando uma parceria com a Secretaria de Educação, que usa mais as quadras para a prática de Educação Física e para o projeto Mais Educação. As quadras seriam utilizadas pelas escolas, e abertas aos finais de semanas para a comunidade. A Educação faria a manutenção dessas quadras. Outra alternativa é pedir os recursos ao Ministério de Esportes. Mas a questão é melhorar o orçamento da cidade, para que tenhamos condições próprias. Algumas quadras que a gente construiu ano passado já estão em estado ruim, por exemplo. Também é preciso manter atividades nessas quadras, mas é complicado pois não temos dinheiro para pagar os profissionais. Contamos com cinco núcleos esportivos, e já cadastrei o pedido de mais quatro no programa Esportes RJ para mantermos as escolinhas de basquete e outros esportes. Temos 150 idosos fazendo ginástica no Colégio Nossa Senhora das Graças, outros 100 em Conselheiro Paulino e quem mantém os professores é a secretaria. Em 2015, inclusive, acho que termos um valor maior de repasse do governo para pequenas reformas e manutenções.


AVS - Mesmo com todas as dificuldades, o que esperar para o esporte nos próximos anos em termos de realizações?

RENATO SATYRO: A curto prazo, conseguimos trazer o motocross para Conquista, e o evento será realizado no dia 8 de dezembro. Existe um plano para cobrir as quadras da cidade. Recentemente fiz um convênio com a Águas de Nova Friburgo para a reforma da academia ao ar livre da Via Expressa e a colocação de novos equipamentos, o que vai acontecer em no máximo dois meses. Mas o meu grande sonho é criar o Bolsa Atleta Municipal, para atender aos atletas que não possuem índice a nível estadual, nacional ou internacional. Se eu conseguir aprovar, será um dos maiores legados para o esporte friburguense. A ideia é beneficiar crianças que tenham potencial em natação, lutas, ciclismo e outras modalidades e adultos que possuem bons índices. Pra isso, precisamos de recursos. Outra proposta é a Lei de Incentivo Municipal do Esporte, para isentar as empresas que investem no esporte de alguma forma.


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