Reflexões sobre o baile - 12 de setembro

Por Diego Vieira
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
por Jornal A Voz da Serra

Álcool

Basta assentir com a cabeça e elas estarão de volta.

As memórias, descoladas de suas formas originais, assumindo características de sonhos, desejos incubados, ganham tons superiores aos da realidade – isto após o quarto copo, é claro.

O álcool funciona desta forma em meu organismo. É na garrafa, dentro dela, a prisão de vidro enevoada, que mantém meu equilibrio, alinhavando as lembranças, descolando-as dos sentimentos a que estão embutidas, descamisando-as. Nua, a memória é até engraçada, ganha outro sentido.

Alias, sob o efeito do álcool, muita coisa ganha outro sentido – é quando o chão se aproxima, a calçada se torna aconchegante. Se você acordar empapado em algo mais que suor, saberá que está tudo bem, é apenas o preço dessa paz atingida à golpes de marreta.

Dança

Eu não sei dançar. Meus passos são outros. Tremidos, entre as cadeiras, buscando não derramar o que trago no copo.

A interação social é muito importante. É o que nos salva do tédio em alguns momentos. Porque, absolutamente, numa festa é impossível sacar um livro do Ignácio de Loyola Brandão e se sentar quieto num canto para ficar lendo. Pena.

A renovação do pedido

Ataque todas as bandejas. Seja simpático com os garçons e eles continuarão vindo.

Estilo

Seja malandro. Seja invisível. Vista-se não como eles, mas no mei-lá-mei-cá dos que ainda podem se gabar de ter alguma personalidade.

Garanta o convite para as próximas festas. Vista-se bem, sorria.

Horário

Faça o seu. Chegue e se vá quando quiser.

Tenha certeza do que está fazendo.

Sobrevivência

Morda antes que mordam você.

Informações

Se você for o estranho, beneficie-se disso.

Céu e inferno

No inferno, garanta os chifres, nos céus, as asas. Descubra as saídas de emergência e fique sempre pronto a fugir.

Com os bolsos cheios de salgadinhos, lógico.

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