Aos 78 anos de idade, o técnico em contabilidade Luiz Fernando Bachini conhece o Nova Friburgo Futebol Clube e sua história como poucos. Afinal de contas, participou dela, desde as raízes ligadas ao Esperança até o envolvimento no processo de fusão com o Friburgo. Pela sexta vez consecutiva, será dele a responsabilidade de gerir os rumos do clube pelos próximos anos. Bachini venceu as eleições realizadas no último dia 11, com quase 70% dos votos, e emplaca mais um mandato no clube rubro, verde e anil.
“Sempre fizemos a eleição no clube por aclamação, pois dificilmente havia uma outra chapa para concorrer. Mas desta vez, como havia, nós fizemos uma eleição bastante limpa e transparente, com bastante eficiência, respeito e disciplina. A maioria considerou que não era hora de mexer, ao menos por enquanto. Não pretendo me eternizar no cargo. O ponto principal é seguir o que foi determinado ainda na época da fusão do Esperança com o Friburgo”, avalia.
Bachini se refere, dentre outras coisas, à manutenção do patrimônio pertencente, desde a fusão, ao Nova Friburgo Futebol Clube. Talvez os dois principais terrenos do centro da cidade e da área central do distrito de Conselheiro Paulino pertençam ao rubro, verde e anil, e por isso, há todo um cuidado com a manutenção e avaliação das inúmeras propostas feitas nos últimos anos. Há planos para cada um desses espaços, mas a hipótese de vendê-los é totalmente descartada.
“Nos últimos dez anos participamos de campeonatos, mas havia dificuldades até para o reconhecimento dos times adversários. Agora que temos estrutura, vamos seguir o planejamento e tentar participar da maior quantidade possível de eventos para voltarmos a ser protagonistas”, disse Bachini.
A VOZ DA SERRA conversou com o presidente reeleito, e abordou alguns dos assuntos principais relacionados ao futuro do Nova Friburgo e ao seu patrimônio, um dos mais valorosos do município.
O senhor foi reeleito pela sexta vez, ou seja, a maioria optou por dar continuidade ao trabalho desenvolvido na última década. Como avalia a sua gestão até aqui e qual a expectativa para o próximo biênio?
Nós enfrentamos diversas dificuldades, pois apenas no período em que eu estou à frente do clube, foram três enchentes bastante complicadas. Por isso a demora para concluirmos o nosso planejamento. Tudo fica muito mais difícil. Concluímos o plano de terminar o nosso Centro de Treinamento em Conselheiro Paulino, e seguimos com o plano de colocar a nossa garotada novamente disputando o amadorismo no município. Como o nosso campo está mais de 70% pronto, vamos começar a incrementar já a partir deste ano. Nos últimos dez anos participamos de campeonatos, mas havia dificuldades até para o reconhecimento dos times adversários. Agora que temos estrutura, vamos seguir o planejamento de participar da maior quantidade possível de eventos para voltarmos a ser protagonistas.
Com a sua experiência no Nova Friburgo Country Clube e no próprio Nova Friburgo Futebol Clube nessas últimas décadas, o que mudou na parte administrativa dos clubes? É mais fácil ou mais difícil comandar uma instituição nos dias atuais?
Pela minha experiência, digo que hoje é muito difícil. Eu tenho 78 anos e sou de uma época em que não existia televisão, ou o acesso era difícil. Então todo mundo praticava mais esporte. Outra questão é que a maioria dos dirigentes era abnegada. Clubes como o Esperança, por exemplo, eram mantidos por um grupo de pessoas. O meu avô, por exemplo, morreu em 1938, e a minha avó continuou contribuindo com dinheiro até falecer sete anos depois. Hoje em dia todo mundo ganha o seu dinheiro, e a administração se tornou algo super profissional. Vamos caminhar para isso, para que o clube sobreviva por mais 103 anos pelo menos.
O Nova Friburgo possui, atualmente, dois dos terrenos mais valorizados do município, no Centro e em Conselheiro Paulino, onde várias empresas manifestaram interesse em implantar grandes projetos. Começando pelo Estádio Raul Sertã, na Rua Prefeito José Eugênio Müller. Quais os planos da sua gestão para o local, que atualmente abriga um estacionamento?
Vamos tentar resolver essa questão, pois é um local valorizado, e tem muita gente de olho. O antigo campo do Friburgo tem que servir como a nossa fonte de receitas. Existem estudos, e até o final desse mês devemos receber duas ou três propostas para evoluirmos na ocupação do espaço. Mas um bom pedaço vai continuar sendo estacionamento. Existe uma lei que limita a altura de possíveis construções, e os projetos apresentados têm essa precaução. Temos uma oferta para a criação de um centro financeiro, outra da Fundação Dom João VI e uma de uma empresa do Rio de Janeiro. O que se discute é o valor que podem nos oferecer em troca da utilização do terreno.
Existe a possibilidade de negociar o terreno do antigo estádio Raul Sertã em definitivo?
Uma possível venda está descartada. Quem tomaria conta desse dinheiro? A hipótese não existe. Isso aconteceu com a venda do campo do Esperança, quando nos juntamos ao Conselheiro Paulino. À época o dr. Amâncio (Azevedo, ex-prefeito) sempre falava para aplicarmos o dinheiro, pois o rendimento seria uma receita. Conseguimos 14 mil metros quadrados na área do parque aquático em Conselheiro Paulino adquiridos à época. Depois veio a doação do campo do Conselheiro Paulino, com mais de 28 mil metros quadrados. Ali precisa ser uma praça de esportes, e não podemos vender. Fortalecendo as receitas, vamos partir para a conclusão do Centro de Treinamento.
Com relação ao Centro de Treinamento, no sexto distrito, boa parte da estrutura foi inaugurada e está em funcionamento. Quais são os próximos passos?
É um local valorizado, e que inclusive desperta o interesse de grandes clubes do Rio de Janeiro. Mas nós cansamos de ser barriga de aluguel. Quero que o Nova Friburgo seja protagonista, e volte a disputar os campeonatos para que possamos pensar nas perspectivas futuras. Temos que formar os nossos craques. Tivemos e temos atletas e dirigentes de primeira linha. No CT, vamos terminar a parte do alambramento. Também vamos fazer um campo para treinamento, e deixar o que já inauguramos apenas para jogos. Atrás de um dos gols, atrás do rio, vamos fazer um campo de society com as medidas oficiais e toda a estrutura de vestiários, além do estacionamento. Futuramente vamos pensar em construir as nossas arquibancadas, de frente para a Rua Mauro Salarini. Também planejamos construir vestiários, com enfermaria, em uma obra de 75 metros de comprimento por oito, somando mais ou menos 570 metros quadrados de área construída.
Pergunta recorrente, mas sempre de muita expectativa e curiosidade pela resposta: e o futebol profissional? Ainda é um sonho distante para o Nova Friburgo Futebol Clube, ou dá para fazer alguma projeção para os próximos anos?
Ainda não projetamos nada com relação a profissionalismo. Para nós será uma consequência, se tudo caminhar da forma como está sendo planejado. Aí sim, nós vamos nos preparar para participarmos de forma profissional.
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