Seja em que atividade for, é sempre bom lembrar aqueles que se projetaram em suas profissões. Como um cantor que foi considerado a mais bela voz masculina da nossa MPB: Nelson Gonçalves. Se estivesse vivo, neste dia 21 de junho ele faria 89 anos.
Nelson Gonçalves se lançou profissionalmente como cantor em 1941, com a música Se Eu Pudesse Um Dia, início de uma bonita carreira, onde podem ser citados sucessos como Renúncia, Dos Meus Braços Tu não Sairás, Maria Bethânia (quando a famosa cantora de igual nome nasceu, seu irmão Caetano Veloso, que adorava a voz de Nelson Gonçalves, pediu a seus pais que lhe dessem esse nome), Normalista, Pepita, Meu Vício É Você, Último Desejo, Hoje Quem Paga Sou Eu, A Volta do Boêmio e muitas outras canções que marcaram época. Durante sua carreira, Nelson gravou mais de duas mil canções (de todas elas, a de maior êxito foi, sem dúvida, A Volta Do Boêmio), 183 discos em 78 rpm, 128 álbuns, vendeu cerca de 78 milhões de discos e ganhou 38 discos de ouro e 20 de platina.
Antônio Gonçalves Sobral (mais conhecido como Nelson Gonçalves) nasceu em Santana do Livramento (RS) no dia 21 de junho de 1919 e faleceu no Rio de Janeiro (RJ) em 18 de abril de 1998. Segundo maior vendedor de discos brasileiro, com 78 milhões de unidades, só perde para Roberto Carlos, com 80 milhões.
Do Rio Grande do Sul mudou-se com os pais portugueses para São Paulo, passando a morar no bairro paulistano do Brás. Menino ainda era levado pelo pai – que fingia-se de cego e tocava violino – para praças e feiras, cantando para acompanhá-lo.
Curiosamente, Nelson era gago (daí seu apelido, Metralha), mas não gaguejava cantando. Nelson foi jornaleiro, mecânico, engraxate, polidor, tamanqueiro e garçom. Também foi lutador de boxe, ganhando, aos 16 anos, o título de campeão paulista na categoria peso-médio. Seu primeiro casamento foi com Elvira Molla, com quem teve dois filhos. Veio para o Rio em 1939, participando de vários programas de calouros. Ary Barroso, que animava um deles, não só o reprovou, como aconselhou- o a desistir de ser cantor.
Em 1941 conseguiu gravar um disco que foi bem aceito pelo público. Isto levou-o a ser contratado como crooner do Cassino Copacabana (do Hotel Copacabana Palace) e com a Rádio Mayrink Veiga, passando a ídolo da MPB, ao lado de outros famosos, como Orlando Silva e Francisco Alves. Na década de 50, além de shows em todo o Brasil, apresentou-se no Uruguai, Argentina e Estados Unidos (no Radio City Music Hall). Em 1952 casou-se com a cantora Lourdinha Bittencourt e, em 1965, uniu-se a Maria Luiza da Silva Ramos, com quem teve mais dois filhos.
E aí chegamos à parte negativa da vida de Nelson Gonçalves. Em 1958 ele envolveu-se com a cocaína, tendo sido, inclusive, preso, em 1965, passando um mês na casa de detenção. Felizmente, graças ao apoio de sua mulher, conseguiu livrar-se do vício e voltou à ativa com o esplêndido A Volta Do Boêmio. Ganhou o prêmio Nipper da RCA, dado aos que permanecem muito tempo na gravadora. Só existe outro agraciado: Elvis Presley.
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