Uma atividade despretensiosa da empresária Nagda Florêncio da Silva acabou se tornando coisa séria. Ela começou a juntar o óleo de cozinha usado no seu restaurante, a Cantina Camping, na Cascatinha, e dar-lhe um destino correto. A produção de sabão foi uma consequência. E o projeto logo ganhou adeptos, que doavam óleo ou queriam o sabão, que Nagda garante ser de boa qualidade. E já que a atividade deu certo, ela agora quer expandi-la. Nagda conseguiu algumas bombonas no Supermercado Casa Friburgo e as distribuiu nos chamados ecopontos.
Alguns moradores já conscientizados de que lugar de óleo de cozinha usado não é no lixo comum, ralo da pia, vaso sanitário e menos ainda enterrado no fundo do quintal, estão colaborando. Os ecopontos já implantados pela empresária ficam nos fundos da Cantina Camping, Padaria Encanto da Montanha e em mais dois condomínios da Rua Maria da Glória Silva, todos na Cascatinha. Que quiser pode solicitar um ecoponto a Nagda.
O óleo deve ser armazenado em vasilha de plástico, vidro ou lata que possua tampa. Detalhe: não devem ser usadas garrafas PET, pois elas jamais poderão ser recicladas. Quando a vasilha estiver cheia deve ser levada até um coletor, onde o óleo deve ser despejado e a vasilha deve ser levada de volta para continuar a armazenar o óleo. Assim que o coletor estiver cheio basta solicitar para que ele seja trocado por outro. Segunda Nagda o sabão ecológico feito do óleo coletado é biodegradável, ótimo para limpeza pesada, tipo cozinha e banheiro; um excelente desengordurante, que dá brilho às panelas e copos e é super econômico, pois pouca quantidade faz muita espuma. O pote de 250 gramas custa R$ 3 e de 500 gramas, R$ 6. A cada dez potes vendidos, Nagda reserva o valor de um para uma instituição - Apae, Laje, Casa São Vicente de Paulo e Caps. Porém, por não dispor de tempo para ficar vendendo esse sabão, por ter que cuidar do seu restaurante, ela que que outras pessoas se engajem nessa atividade.
Nagda, no seu ensejo de disseminar essa ideia, dá curso gratuito para ensinar a fazer o sabão biodegradável de óleo de cozinha usado. As pessoas interessadas devem se organizar e escolher o local adequado para a aula, a ser ministrada num sábado, às 8h. Todo o material a ser usado será levado por ela e o sabão será distribuído entre os participantes do curso. A idade mínima para fazer o curso é de 15 anos.
Outra possibilidade de renda é a venda do óleo para ser transformado em biodiesel. Para isso ela pensa em montar uma cooperativa, a fim de que o óleo seja recolhido em toda a Cascatinha e Cônego. Ela prefere que em outros bairros outras pessoas tenham a mesma iniciativa. O óleo recolhido pode ser vendido para o Prove, um programa do governo estadual.
Nagda ressalta que, mais do que um simples método ecológico, é a reciclagem do óleo de cozinha usado é financeiramente viável, uma forma de obter renda, tanto para a produção de sabão quanto para sua transformação em biodiesel. “Isso é viável financeiramente, tem matéria-prima sobrando, é muito óleo que não tema para onde ir e é descartado de forma incorreta”, finaliza Nagda.
Mais informações pelos telefones (22) 2519-3260 e 9.9938-7294 ou pelo e-mail nagda@frionline.com.br
Prove incentiva a coleta e reaproveitamento de óleo de cozinha usado na produção de sabão e biocombustível
Desde que foi criado pela Secretaria de Estado do Ambiente (SEA/RJ), em 2008, o Programa de Reaproveitamento de Óleos Vegetais do Estado do Rio de Janeiro (Prove) já conseguiu evitar que cerca de milhões de litros de óleo de cozinha usado fossem descartados inadequadamente em ralos de pias.
O óleo usado recolhido é reutilizado na produção de sabão e de fontes alternativas de energia, como o biodiesel, deixando de contaminar rios e lagoas, além de estragar tubulações de esgoto.
Ainda é uma prática bastante comum o despejo de óleo de cozinha usado na pia. No entanto, esta atitude acarreta prejuízos à população, às concessionárias de saneamento e aos governos, pois compromete as tubulações dos edifícios e das redes de tratamento de esgoto.
Além disso, nas regiões onde não há rede coletora, o óleo vai diretamente para os corpos hídricos, aumentando significativamente a poluição e a degradação ambiental.
Fora o aspecto ambiental, o Prove incentiva a criação de cooperativas de coleta seletiva de resíduos sólidos e líquidos (no caso, o óleo de cozinha) e a geração de trabalho e renda para catadores organizados.
Parcerias com a iniciativa privada
Desenvolvido em parceria com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), o Prove tem dialogado também com a iniciativa privada, estabelecendo parcerias focadas na instalação de pontos de coleta (os chamados ecopontos) com empresas como as concessionárias de energia elétrica.
A Secretaria de Estado do Ambiente também criou outra ação para impulsionar o programa: inseriu o Prove no cálculo do ICMS Verde. Os municípios que avançarem na coleta de óleo de cozinha usado poderão ter maior repasse do tributo.
Mais informações pelo telefone (21) 2334-5902, de segunda-feira a sexta-feira, das 10h às 18h.
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