O sábado, 25 de julho foi um dia triste para o Brasil. Nos treinos classificatórios para o Grande Prêmio de Budapeste, nosso atual piloto nº1, Felipe Massa, sofreu um sério acidente na pista, quando o seu capacete foi atingido e danificado, por uma peça que se soltara de outro carro, provavelmente o de Rubens Barrichello.
Por ter sido o impacto na cabeça e do lado esquerdo, todos recuaram 15 anos no tempo, e se lembraram do 1º de maio de 1994, quando Aírton Senna, o maior piloto brasileiro de todos os tempos, morreu na temida curva Tamburello, no circuito de Ímola, na Itália.
Falar de Senna e sua trajetória bem como do seu fatal acidente é desnecessário, pois nada mais se tem a acrescentar, além da saudade imensa e da lacuna por ele deixada. No entanto, é preocupante a sina de nossos pilotos, principalmente os de ponta, pois todos se envolveram em acidentes graves. Nelson Piquet no ano de 1992, em Indianápolis, durante uma corrida de fórmula Indy, quando a 350 km por hora sofreu um traumatismo craniano, uma perfuração no tórax e graves lesões nas pernas e nos pés; Emerson Fittipaldi, em Michigan também na fórmula Indy em 1996, quase ficou paralítico após uma grave lesão do pescoço, quando bateu a 320 km por hora. Não se pode esquecer de Rubens Barricello que em 1994, em Imola, sofreu um grave acidente durante os treinos classificatórios, que o impediu de correr aquele fatídico grande prêmio.
Mas a bruxa continuou solta e no sábado, 25 de julho, foi a vez de Felipe Massa, que de jovem promessa se transformou num grande piloto da fórmula 1. Durante a tomada de tempos para a largada do grande prêmio de Budapeste, após ser atingido por uma peça que se soltara do carro da frente, perdeu o controle da sua Ferrari e se chocou com a barreira protetora de pneus, antes da quarta curva do circuito. Transferido para o Hospital Militar foi operado para retirada de fragmentos ósseos provenientes de fratura do osso frontal. De acordo com informações prestadas pela escuderia Ferrari, uma tomografia do crânio feita após a hospitalização revelou uma lesão cerebral leve.
Segundo a edição on-line do jornal francês Le Monde de domingo 26, Felipe Massa foi submetido, pela manhã, a uma nova tomografia craniana para saber como a lesão se encontrava e fornecer mais dados sobre sua evolução. De acordo com as declarações dadas ao jornal pelo doutor Peter Bazso, chefe da equipe médica do hospital, o resultado foi tranquilizador e era o que se esperaria após um trauma como esse. Baszo informou ainda que após ter sido acordado, temporariamente, para se ter uma idéia de como Felipe Massa reagia e se teria condições de se comunicar com seus parentes, ele foi sedado de novo e permanecera assim por mais 48 horas, por ser o mais seguro e o mais indicado para uma melhor reabsorção da lesão. Numa entrevista dada à TV Globo, o doutor Dino Altmann, responsável pelo Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, afirmou que a situação é grave, mas que o piloto brasileiro não corre risco de vida.
Entretanto, as 72 horas que decorrem após um traumatismo craniano são muito importantes para o prognóstico e para sabermos se o trauma vai deixar ou não sequelas. Mesmo que o doutor Altmann tenha afirmado que a princípio a visão de Felipe não devera ser afetada, pois não houve danos ao globo ocular esquerdo, só nos resta seguir os conselhos da família de Massa que pediu para que o povo brasileiro rezasse a Deus pela sua pronta recuperação. Com toda a certeza esse pedido já foi atendido, mesmo que não fosse solicitado, principalmente pelos que acompanham a trajetória de Felipe Massa e que se recusam a acreditar que a fatalidade, 15 anos depois, possa acabar com a convicção de que os bons tempos voltaram à fórmula 1, no Brasil.
Max Wolosker Neto, jornalista e médico
Email: woloskerm@gigalink.com.br
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