“Quem ama Nova Friburgo vai nos ajudar”

O comando está nas mãos de Rogério Cabral. Com quatro mandatos de vereador e dois de deputado estadual, ele experimenta pela primeira vez a responsabilidade de governar Nova Friburgo, após a tragédia climática e a instabilidade política com o recente troca-troca de antecessores. Nos primeiros dias de mandato, iniciado na virada do ano, Rogério só pensa em trabalhar, trabalhar e trabalhar. Ele tem muitos planos e projetos e diz que será incansável na tarefa de realizá-los. Nesta entrevista, ele fala sobre prioridades administrativas, relação com o Legislativo, carência de recursos, parceria com o governo estadual, funcionalismo público, concursos e outros temas relevantes. Ele reconhece que a missão de realizar não será fácil e pede apoio e um voto de confiança dos friburguenses: “Quem ama Nova Friburgo vai nos ajudar”, acredita. 

É a nossa prioridade. O doutor Dagoberto [José da Silva, secretário de Saúde] começa nesta segunda-feira um choque de ordem na Saúde. A nossa expectativa é que em seis meses a situação já esteja muito diferente do que está. Não será fácil, mas temos vontade política de melhorar e vamos melhorar. Estou muito confiante.

Chego às oito horas e não tenho hora para sair. Estou ficando [na Prefeitura] até nove, dez horas da noite e comendo quentinha. Não dá nem para chegar na sacada [do gabinete]. Só saio rápido para algumas visitas rápidas e volto correndo. Não tem outro jeito, temos que trabalhar e trabalhar muito. Em breve, vou ter que começar a viajar [para o Rio e Brasília] para apresentar e liberar projetos para a cidade. Se eu ficar contando só com os recursos do município não vou avançar da forma que quero e vou avançar.

Tenho certeza de que o que depender de mim será a melhor relação possível. Conheço o Legislativo e, na época em que fui vereador [quatro mandatos], reclamava que não era atendido pelo Executivo; às vezes, demorando dois meses para conseguir uma audiência. Na Prefeitura, já deixei claro que vou recebê-los [vereadores] e pedi o mesmo aos meus secretários. Quero diálogo e harmonia, respeitando a independência entre os poderes. Não pretendo enviar à Câmara projetos em cima da hora para serem votados—pelo contrário, quero discutir as matérias e, se for o caso, aceitar sugestões que possam melhorar as nossas propostas. Nesse início de governo, a decisão da Câmara de resolver a questão do Orçamento da Prefeitura para este ano demonstra existir um relacionamento muito bom entre os dois poderes.

O Orçamento da Prefeitura para este ano é de R$ 438 milhões. Na verdade, se fizermos um levantamento de todos os recursos que teremos para investimento, o valor será de aproximadamente R$ 20 milhões, o que é muito pouco, quase insignificante, diante das necessidades do município. A solução é a gente trabalhar bem novos convênios com os governos estadual e federal e também conseguir emendas parlamentares beneficiando Nova Friburgo.

Já estamos enxugando a folha de pagamentos, até para valorizar o funcionalismo e também fazer obras necessárias. Não tem outra fórmula a não ser enxugar os gastos. Já determinei que também seja adotado um critério duro nas licitações e assim mesmo vai ser muito difícil. O planejamento e a austeridade são muito importantes para que a médio e longo prazos possamos atender melhor os friburguenses.

O governo do estado é nosso parceiro e o governador [Sérgio Cabral] e o vice [Pezão] são meus amigos. Mas estou atento e vou cobrar os compromissos que eles nos prometeram na campanha. Vou ficar no pé mesmo porque conheço bem o assunto: quem não é visto, não é lembrado e por isso estarei presente para ser lembrado. Com certeza, as coisas vão acontecer. Nesse início de ano, estou aqui [na Prefeitura] tomando as decisões que precisam ser tomadas e já estou em contato permanente com o governo estadual. Vou estar lá e também estarei em Brasília apresentando projetos e buscando recursos. Vamos estar lá também cobrando mais agilidade na reconstrução [da tragédia climática].

É a vice-prefeita e a secretária de Governo. Minha relação com ela é a melhor possível. Ela, de fato, tem o perfil de durona, até por ter trabalhado como delegada [de polícia]. Ela está a meu lado, trabalhando junto e tendo ciência de tudo que acontece na Prefeitura, e entendo que ela será muito importante para nosso município, assim como toda nossa equipe de trabalho. Quando eu tiver que viajar para buscar recursos, ela estará na coordenação. Estou tranquilo e sem nenhum tipo de preocupação.

Estou enxugando. Estou começando um modelo de gestão participativa, de companheirismo e de respeito com o trato da coisa pública. As pessoas, às vezes, me perguntam por que não chamei nenhum dos novos vereadores para o secretariado e respondo que nesse momento o Legislativo é o Legislativo e o Executivo é o Executivo. Isso não quer dizer que lá na frente, se o governo perceber que alguém possa vir a somar, não possa convidar [para o secretariado].

Enxuguei o secretariado e também queremos cortar 50% dos 600 cargos de confiança para que tenhamos recursos para valorizar todo o funcionalismo. Temos muitos problemas para resolver, por exemplo, a questão do concurso de 1999. Há muita gente deste concurso que são importantes e estão trabalhando há mais de 10 anos e que estão com os seus contratos temporários vencendo e que não poderão ser renovados por conta do TAC [Termo de Ajustamento de Conduta] assinado pela Prefeitura no ano passado com o Ministério Público. Na campanha, eu disse que quero ajudá-los e assim estarei ajudando o governo. Nesse momento estou de mãos atadas, mas estou esperando apenas o [Poder] Judiciário retornar do recesso para que a gente possa expor a situação e tentar fazer um acordo.

O TAC assinado pelo ex-prefeito Sérgio Xavier com o Ministério Público determina que o novo governo dê entrada em um novo concurso público até outubro e eu vou cumprir. Já orientei meus secretários a iniciarem o planejamento para que ele [concurso] seja feito dentro do prazo legal. A nossa intenção é fazer um concurso amplo, para a saúde e educação, que são prioridades, mas também para todas as outras áreas carentes.

Quem ama Nova Friburgo vai nos ajudar pagando seus impostos em dia e quitando as dívidas com a Prefeitura. O dinheiro não é meu, é do município. Todo o dinheiro que entrar nos cofres públicos será bem utilizado e revertido para obras e benefício para toda a população. É preciso que os friburguenses nos dê um voto de confiança, nos apoie, e ajude a cidade. O imposto em dia é fundamental para avançarmos.

Já conversei com o coronel Hudson [Agriar, novo superintendente da Autran]. Ele está buscando uma parceria com a Polícia Militar para que nos ajude. A [Secretaria] de Ordem Urbana também participará desse entendimento. Nossa intenção também é colocar pessoal para orientar o trânsito principalmente nos pontos mais problemáticos e também fazer um estudo profundo de mobilidade urbana para serem feitas as mudanças que sejam necessárias. É claro que mudanças físicas passam por obras e temos que pensar e agir de forma planejada.

Já começamos. O Alan [de Almeida, secretário de Serviços Públicos] está fazendo uma parceria com a Secretaria de Agricultura e desde o primeiro dia estamos fazendo o trabalho de limpeza da cidade. Iniciamos pela Praça Getúlio Vargas e vamos até Duas Pedras e a entrada de Olaria neste primeiro momento. Logo depois, os Serviços Públicos vai atuar para limpar Conselheiro e Olaria, em parceria com as secretarias dessas localidades. Teremos também um mutirão permanente, uma vez por semana, em um bairro ou distrito, envolvendo várias secretarias. A ordem é limpar, cortar o mato, tirar o lixo, e consertar os buracos nas ruas.