Henrique Amorim
Em janeiro foram as fortes chuvas que abateram diversas encostas de Nova Friburgo. Sete meses depois, é o fogo que colabora para danificar ainda mais as montanhas do município. A grande incidência de queimadas neste inverno enfraquece o solo, deixando-o ainda mais vulnerável a novos escorregamentos com as chuvas do verão que se aproxima. Só na segunda-feira, 5, pelo menos nove focos de incêndio em vegetações deram bastante trabalho ao Corpo de Bombeiros. A maioria dos incêndios ainda não havia sido totalmente controlada na manhã de ontem, 6. Estima-se que aproximadamente 100 mil metros de mata nativa tenham sido danificados pelas queimadas—muitas delas ocasionadas pela imprudência de moradores que têm o costume de atear fogo em lixo e em folhas secas nos quintais, mesmo nessa época de baixa umidade do ar e ventos.
“Essa combinação é explosiva, pois propaga o fogo facilmente na vegetação já ressecada pela falta de chuvas. Quando isso acontece, dificilmente se contém o foco que se alastra rapidamente”, diz o sargento Pablo, do 6º Grupamento de Bombeiro Militar de Nova Friburgo. A corporação atuou segunda-feira com todo o efetivo de plantão, inclusive o pessoal que estava de sobreaviso, convocado a cooperar na frente de combate com abafadores. Ao todo atuaram até o final da noite de segunda-feira, cerca de 30 bombeiros—até mesmo o comandante, o tenente-coronel Luiz Palência, participou. Só no foco de incêndio iniciado no final da manhã de segunda-feira no sítio da Pedra, no Vale dos Pinheiros, pelo menos 25 mil metros de área ao redor das pedras Catarinas arderam em chamas durante toda a tarde e noite.
Outro foco de incêndio em vegetação que deu bastante trabalho aos bombeiros foi o da Rua Zair Pires Pirazzo, no bairro Vilage. Lá também acredita-se que a causa tenha sido a queima de lixo sem que o autor tenha conseguido controlá-lo. Na manhã de ontem, os bombeiros tiveram que retornar ao local para conter novos focos em alguns locais fortemente atingidos pelo fogo. Houve incêndios de difícil combate também na Via Expressa, no bairro Olaria, no Loteamento Maringá, distrito de Riograndina, na Rua Avelino Frotté, no Cascatinha, na Alameda Conde D’Eu, no Parque São Clemente, na Rua Cristina Ziede, no Centro, na Rua Maria Adelaide Amorim, no Rui Sanglard e também na Rua Alberto Rangel, na Vila Nova, próximo a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
O Corpo de Bombeiros lembra que atear fogo em vegetação é crime passível de multa e até mesmo prisão de acordo com a lei 9.605. Além do grande trabalho para contê-las, já que muitos locais atingidos por queimadas são de mata fechada e com difícil acesso, os focos de incêndio, comuns nessa época do ano, contribuem ainda para agravar complicações respiratórias, principalmente em crianças e pessoas asmáticas, devido ao ar pesado por todo o município com a fumaça e a fuligem carregada facilmente pelo vento. De acordo com órgãos e institutos especializados em previsões meteorológicas, não há possibilidade de chuvas na Região Serrana nos próximos dias. O Corpo de Bombeiros de Nova Friburgo continua com o seu efetivo de sobreaviso.
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