Que tal ter uma atitude gentil ainda hoje?

O nosso dicionário Aurélio assim define o verbete gentileza: característica ou particularidade do que é gentil. Comportamento distinto; em que há nobreza e/ou elegância no trato; amabilidade. Para um adulto em desespero, que perdeu um envelope com todo o soldo do salário, ou para o idoso que tem dificuldades para caminhar pelas calçadas e ruas esburacadas e irregulares, um único gesto de gentileza — devolver o dinheiro que não nos pertence, oferecer um braço amigo – pode mudar o dia, o mês, uma vida inteira. Uma gentileza pode mudar a percepção de uma criança sobre o mundo para o resto da vida.

Há quem pense que ser gentil é uma escolha pensada, consciente. Mas não é o que dizem as pesquisas científicas feitas a esse respeito até agora. Um dos principais experimentos, realizado em 2012 por professores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, recrutou diversos universitários e os dividiu em pequenos grupos, dando a cada um deles uma determinada quantia em dinheiro. Individualmente, cada um tinha a opção de separar um pouco do valor para ser multiplicado e distribuído entre o restante do grupo. Os participantes ganhariam algo mesmo sem compartilhar, mas apesar da tentação de ser egoísta, a maioria das pessoas escolheu por contribuir com o restante — e com valores até generosos.

Outro estudo, dessa vez na Universidade Yale, também naquele país, afirma categoricamente que o primeiro instinto de qualquer pessoa é sempre cuidar e salvar os outros. Os pesquisadores tiveram contato com diversas pessoas que haviam passado por situações em que precisaram arriscar suas próprias vidas para salvar um completo desconhecido. “A maioria das pessoas acredita que somos instintivamente egoístas, mas nossos experimentos mostram que quando as pessoas dependem de seus instintos, elas são mais cooperativas”, explicou o psicólogo David Rand, responsável pelo estudo. 

Ou seja, na verdade, somos instintivamente gentis; o egoísmo é que uma escolha. Como naquela famosa composição do nosso bom e velho trovador solitário, “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar...”.

Que tal ter uma atitude gentil ainda hoje? Ainda nesse ano da desgraça de 2016, em que claramente a humanidade, doente, precisa cada vez mais de ajuda. De alento. De abraço. Esse mundo, de tanta escolha errada e estrada torta. Aqui vai um montão de dicas. É só escolher.

15 dicas 

1 - Sorria, sorria muito, sorria sempre – mais com o coração que com o rosto, até. Um sorriso é o melhor cartaz de boas-vindas.
2 - Tenha paciência: com os chatos, com os enfezados e com os mal-amados.
3 - Ligue para um amigo com quem você não fale há muito tempo.
4 - Convide alguém pra ir ao cinema.
5 - Pague o ingresso, também!
6 - Ouça o que a criança está dizendo.
7 - Dê gorjetas. Pra que ser o tiozão do “10% é um absurdo”?
8 - Essa é difícil: empreste um livro. Compartilhe com outra pessoa a viagem de uma leitura.
9 - Conte a história da sua vida e de outros membros da família para seus filhos, sobrinhos, enteados. As crianças gostam de (e precisam) saber de onde vieram, para entenderem quem elas mesmas são.
10 - Essa é tão simples que nem deveria estar aqui: pare o carro sempre que possível para as pessoas atravessarem!
11 - Convide aquele novo colega de trabalho pra almoçar. Ajude as pessoas a se adaptarem, a se ambientarem nos lugares onde elas ainda não se sintam confortáveis.
12 - Ajude o vizinho com aquela sacola amarela marota do supermercado. 
13 - Dê atenção para um idoso que queira conversar. Só ele sabe o quanto é difícil envelhecer – e se você souber também, é mais um motivo.
14 - Essa é para os enamorados: um agrado, um chocolate, uma flor fora de hora, uma música bonita... gestos amorosos rendem belas histórias.
15 - A principal dica de todas, dicona: pratique a empatia diariamente.  Se ponha, de verdade, no lugar do outro. Aí você vai ver que não é nada difícil ser gentil: basta saber que a lusitana gira, o mundo roda e a fila vai andar: hoje é o outro naquele lugar, amanhã pode ser você. Instâncias superiores são uma tremenda ilusão. Estamos mesmo, todos no mesmo barco de chão furado, embora alguns ainda na cabine de luxo e outros descascando batatas no porão. Mas, de um jeito ou de outro, se não houver gentileza nessa vida, fica quase impossível remar.