Quando prevalece a imprudência

terça-feira, 12 de janeiro de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Há tempos que ouço falar e leio que o carma é o grande responsável pela dor e sofrimento alheio.

A relação causa e efeito, principalmente, em ligação com vidas pretéritas, faz surgir uma espécie de contabilidade, algo como custo e benefício ou débito x crédito. Por isso, quando alguma coisa acontece negativamente, se não tem explicação convincente, diz-se que sua origem está em outra vida.

Eu confesso que não estou convencido a respeito do assunto.  

Na verdade, toda ação tem uma reação proporcional à sua intensidade.  Muitas vezes, tomamos atitudes corretas que nos proporcionam ímpar sensação de vitória, de algo útil e bem-estar.  Mas, por outro lado, quando ocorre o contrário, sentimos o amargo sabor da decepção e do descontentamento, surgindo inexoravelmente a dor ou sofrimento.

As tragédias que abalaram o Brasil na passagem do ano novo registram uma característica comum: a imprudência.

Primeiro, o número de acidentes de carros nas estradas brasileiras com vítimas fatais aumentou em mais de 300%.

Somente na segunda quinzena de dezembro, de acordo com as estatísticas oficiais, foram 455 mortes nas rodovias brasileiras, com 324 mortes a mais que no ano de 2008.

Em longos feriados sempre ocorrem grande número de acidentes de carros, com mortes e mutilações, causadas pela imprudência de motoristas que ultrapassam indevidamente pela direita e esquerda, além do concurso da bebida alcoólica ao volante.

Sobre as enchentes e deslizamentos em áreas inóspitas a razão está na ocupação indevida do solo, sempre em áreas de preservação ambiental e encostas. Ora, chovendo torrencialmente, a terra fi ca encharcada, perdendo a sua  solidez e, descendo a montanha, infalivelmente destruirá tudo que tiver à sua frente, inclusive, moradias ou domicílios.  Não se deve construir casa em encosta. Mas, há pessoas que não levam o fato em consideração.

De quem é a culpa?

Primeiramente, das autoridades que não fiscalizam e fecham os olhos para a ilegalidade, permitindo que pessoas apoderem-se de terrenos, construindo a seu bel-prazer residências para a sua vida em família.

Segundo, por falta de incentivo à moradia por parte de governantes demagogos, que não investem no ser humano, quando deveriam priorizá-lo, com construções e moradias dignas e atendimento para toda a população, precavendo-se das intempéries tão comuns, principalmente, em nosso país, de clima permanentemente tropical.

Não adianta esperar acontecer para tomar providências. Mas, o povo também não cobra das autoridades e não exerce a cidadania. Aqui no Brasil tudo termina em ritmos acalorados do samba, axé music e o funk, além de muita gargalhada.  

Assim, sem precaução, sem planejamento, a cidade cresce desordenadamente, além do ritmo frenético da sociedade atual, hedonista ao extremo, sem esquecer dos perversos egoísmo e individualismo que formam a chama acesa do ‘deixa acontecer’.

Se houvesse mais prudência, não haveria tantas tragédias. 

Portanto, atribuir estes tipos de sofrimento já previstos e iminentes, não me parece ter vínculo com débitos de vidas passadas. Mas, com o pouco caso, com a irresponsabilidade e total imprudência. Assim é o nosso país verde e amarelo, um triste país que sofre e ainda sorri.

Assim morrem pessoas que poderiam estar entre nós, vivendo com parcimônia e alegria no coração. O mais lamentável é a dor irreparável que mortes como estas que poderiam ter sido perfeitamente evitadas,mas, por causa da imprudência,  machucam a alma humana, além do vazio promovido pela solidão.

E o pior é que ainda há pessoas que defendem a célebre frase: ah, foi Deus que quis assim!

Que tristeza e lamentável forma de pensar eivada de inverdade e insensatez.

- É o que penso!

Gilberto Pinheiro

obs: você tem todo o direito de discordar de mim.

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