No ano de 1923, o neurologista austríaco — e considerado pai da psicanálise — Sigmund Freud elaborou um “modelo” de funcionamento do aparelho psíquico onde ele definiu a psiquê em diferentes estruturas. O id, estrutura inicial, fonte de energia vital e regida pela busca do prazer imediato, instintivo; o ego, que é a “parte” do homem que se socializa com o outro, que se externaliza e que demonstra características conscientes da personalidade do indivíduo; e o superego, que atua na mente como uma espécie de censor, equilibrando a relação entre o ego e o id; um componente moral e social da personalidade, que nos recompensa ou nos pune conforme nossas ações.
A partir das primeiras nomenclaturas definidas por Freud, outras tantas surgiram, utilizando justamente o termo “ego” como um denominador comum. Uma delas tem um conceito quase literário: alter ego — formada pelos termos originários do latim alter, que significa outro, e ego, eu. Ou seja, o outro eu, que se expressa de diversas formas. Na literatura, por exemplo, o termo faz referência ao “outro eu” de um personagem que está oculto ou, ainda, quando o personagem parece representar o alter ego do autor. Como se ele quisesse revelar algo de si, mas sem se expor por inteiro.
Foi a partir deste conceito que o escritor e jornalista cearense Jeff Peixoto criou a palestra “Autor e personagem: quem é o alter ego de quem?”, apresentada no último sábado, 7, junto ao lançamento de sua mais nova obra. O evento aconteceu através de iniciativa do publicitário Cláudio Raposo e do articulador cultural Thiago Mello, e reuniu um seleto público no espaço cultural Casa Eliza Vidal, na Rua Monsenhor Miranda.
Peixoto vs. Simeone: quem será alter ego de quem?
A palestra é uma das ações que Jeff utiliza para promover o lançamento de seu novo livro, ‘O Mal de Janine – Quando o amor se torna uma doença’, que ora trata o amor como o mais belo dos sentimentos, ora como uma grave doença. Nova Friburgo foi uma das cidades escolhidas para o lançamento justamente por sua capacidade de produção — e inspiração — literária. Participaram do evento alguns escritores da cidade, como os autores David Massena e Ania Gevezier e a cronista de A VOZ DA SERRA, Ana Blue, aos quais Jeff Peixoto ofereceu a possibilidade de um intercâmbio cultural Friburgo-Fortaleza, para lançamentos futuros.
O romance se passa em uma cidade chamada Província, uma crítica — nem sempre velada — às particularidades de Fortaleza. Protagonizado por Leônidas Simeone, um escritor, a trama gira em torno do seu péssimo estado de saúde: abandonado por sua amada, não superou o término do relacionamento e é diagnosticado com o “Mal de Janine”.
Embora viva pela esperança de que a ex volte para os seus braços, Leônidas se envolve com Marisa, que mesmo sabendo de sua inabalável paixão por Janine, permanece ao seu lado. Um triângulo que representa a boa e velha dicotomia entre o que se quer e o que se tem, o que se pode ou não fazer, desejo e realização — enfim, id, ego e superego, como abrimos a reportagem.
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