Qualidade da água no Rio Grande é monitorada por equipamento alemão

Bacia do rio corta o distrito de Riograndina, em Nova Friburgo, e deságua em Bom Jardim
terça-feira, 02 de agosto de 2016
por Jornal A Voz da Serra
Em Nova Friburgo equipamento alemão foi instalado dentro de área da concessionária Aguas de Nova Friburgo (Foto: Rio Rural/Intecral)
Em Nova Friburgo equipamento alemão foi instalado dentro de área da concessionária Aguas de Nova Friburgo (Foto: Rio Rural/Intecral)

A qualidade da água do Rio Grande, curso que corta o distrito de Riograndina, em Nova Friburgo, e deságua em Bom Jardim, é monitorada por um estação com tecnologia alemã desde o início de julho. Os equipamentos de alta precisão também foram instalados em rios de São Fidélis e Campos dos Goytacazes e são os primeiros no estado a funcionar totalmente de forma automatizada, além de fornecerem dados mais complexos e em tempo real.

A instalação dos instrumentos de monitoramento faz parte de um projeto piloto do Intecral (Integração de Ecotecnologias e Serviços para o Desenvolvimento Rural Sustentável), parceria do Programa Rio Rural, da Secretaria de Agricultura do estado do Rio de Janeiro, com o governo da Alemanha.

De acordo com o programa, há três anos pesquisadores estrangeiros viajam ao interior fluminense para identificar gargalos produtivos e propor soluções tecnológicas que respeitem o meio ambiente. No caso da água, a opção foi pela instalação das estações. Os equipamentos, que representam investimento de quase R$ 500 mil, foram desenvolvidos por empresas alemãs e doados ao governo do Estado do Rio.

As sondas instaladas nas regiões Serrana e Norte fluminense trabalham de forma avançada. Além dos dados básicos da água, elas obtêm outros doze tipos de indicadores, como nível de turbidez (água barrenta), carga de amônia (indicador de bactérias) e clorofila (sinalizador de poluição).

“Quanto melhor a qualidade da água, menos se gasta para tratá-la. Esses dados poderão ser utilizados pelos órgãos gestores dos recursos hídricos, como os comitês de bacias hidrográficas, as concessionárias de água e poder público”, afirma Juan Ramírez, pesquisador de Gestão de Recursos Hídricos, da Universidade de Ciências Aplicadas de Colônia, na Alemanha.

Tecnologia hi-tech

As estações funcionam com sensores (pequenos bastões de quase 25 centímetros) que fazem a medição dos indicadores da qualidade da água. Eles são encaixados em uma sonda, que fica mergulhada no rio. A sonda se liga a uma caixa receptora, em terra, e os fios do equipamento são protegidos por uma tubulação de aço para evitar que sejam danificados.

Os dados são atualizados de hora em hora e enviados, via internet, para um servidor na Alemanha. Um software interpreta os dados, transformando-os em relatórios que poderão ser acessados por qualquer interessado no assunto. “Isso é importante para o meio ambiente, porque teremos informações sempre em tempo real. Se houver poluição, temos que corrigí-la”, explica Peter Eichinger, engenheiro da empresa alemã responsável pela instalação dos equipamentos.

O pesquisador Juan Ramírez enfatiza que os relatórios devem trazer melhorias para a agricultura. “Imaginemos que temos níveis elevados de condutividade. Isso é uma informação preciosa para o produtor. Se ele souber disso, vai deixar de fazer irrigação com essa água, pois o cultivo não se desenvolve nessas condições. Além do mais, no longo prazo, sal em excesso no solo pode causar desertificação”, diz ele.

Para o secretário estadual de Agricultura do Rio de Janeiro, Christino Áureo, as estações de monitoramento representam um marco na gestão racional do uso da água. “Elas permitem que estejamos na vanguarda do monitoramento hídrico, fortalecendo as ações de sustentabilidade”, afirma.

Temporariamente, o gerenciamento de dados dos rios fluminenses será feito na Europa e, depois, no Brasil. A fabricante alemã Seba Hydrometrie também mantém estações de monitoramento da qualidade da água em países como China, Zâmbia e Arábia Saudita.

Gestão da água

Segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA), um dos maiores desafios do Brasil é fazer avaliação permanente da qualidade da água. Apesar de existirem mais de 1.300 pontos com equipamentos específicos instalados, eles não fornecem dados para uma avaliação completa, elencando apenas temperatura, oxigênio dissolvido, pH e condutividade (quantidade de sal).

Segundo a ANA, uma avaliação mais detalhada e contínua se torna difícil, pois exige esforço de logística (coleta, armazenamento e transporte) para que as amostras de água cheguem aos laboratórios. Além disso, não há procedimentos padronizados no país para a coleta e preservação das amostras, o que significa que duas instituições podem ter resultados diferentes no mesmo trecho de um rio.

  • Sensores que medem qualidade da água são acoplados em uma sonda que fica submersa (Foto: Rio Rural/Intecral)

    Sensores que medem qualidade da água são acoplados em uma sonda que fica submersa (Foto: Rio Rural/Intecral)

  • Equipamento de tecnologia alemã faz medição da qualidade da água 24 horas por dia (Foto: Rio Rural/Intecral)

    Equipamento de tecnologia alemã faz medição da qualidade da água 24 horas por dia (Foto: Rio Rural/Intecral)

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