Para religiosos, Páscoa significa vida nova. Antecedida pela Semana Santa, que começou com o Domingo de Ramos e se estende até o Domingo de Páscoa, a celebração leva os cristãos a refletir de modo especial sobre os mistérios da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Para os que não praticam nem seguem orientação religiosa, a Páscoa é do chocolate e do coelhinho. Ou melhor, há quem siga as solenidades religiosas, mas não deixa a tradição do chocolate passar em branco. Ou marrom, como preferirem. Nem que seja para adoçar um pouco a vida. Unem o útil ao agradável. A VOZ DA SERRA foi às ruas para saber o que a Páscoa significa para as pessoas. Aqui, as respostas:
“Acompanho muito religiosamente. Participo das solenidades religiosas, domingo já fui com minha mãe à missa do Domingo de Ramos, vou durante esta semana às outras solenidades. Mas gosto de um chocolate também, de preferência aquele escondido, lá no ninho do coelho. Desde pequeno meu pai me ensinou a procurar o ninho do coelho, os ovinhos. Quando a gente acha ficam mais gostosos. É tudo cultura. Religião também é cultura.”
Nelson Bohrer (Guguti), 62 anos, presidente da Fundação Dom João VI, Vilage
“É o renascimento de Cristo. Participo das solenidades religiosas, mas na nossa casa a gente também distribui os ovinhos de Páscoa. Tenho quatro filhos que foram criados nesse sistema, mas com o pensamento voltado para Nosso Senhor.”
José Venito da Silva, 69, instrutor de polícia aposentado, Centro
“Na minha opinião a Páscoa é uma festa eminentemente religiosa. A Páscoa nasceu entre os judeus antigos para celebrar a passagem da escravidão para a liberdade e eles guardaram esse significado como memória deles. Jesus de Nazaré foi um judeu e aquelas pessoas que viveram ao lado dele descobriram que na morte dele a história não tinha acabado, que as coisas continuaram e passaram a pregar aquilo que a gente chama de ressurreição. Ele não estava morto. Ele ressuscitou e permaneceria vivo. Este, para mim, é o significado da Páscoa, porque a morte nunca tem a palavra definitiva. A palavra definitiva é sempre da vida. Eu sou cristão e celebro a Páscoa da maneira cristã. Claro que tem um chocolate em casa também não faz mal a ninguém, até porque chocolate é símbolo de alegria, de confraternização, que é o significado da Páscoa.”
Ricardo Lengruber Lobosco, 37, secretário municipal de Educação, Centro
“Não comemoro não. Nada, nada, nada. Nem chocolate eu como. Não sou chegado.”
Carlos Antônio, 52, funcionário público, Trajano de Morais (s/ foto)
“Eu comemoro religiosamente e um pouquinho comercialmente, porque os ovos de Páscoa a gente sempre compra. É uma tradição em família. Se não o filho briga comigo. Acompanho a Quaresma, participo das solenidades, vem tudo de berço, da família. Tento juntar a duas partes.”
Guilherme Moraes Almeida, 42, contador, Ponte Preta
“Eu gosto principalmente de comer o chocolate. Sou espírita umbandista, participo do ritual da minha religião, mas gosto de ir à procissão, da missa de Páscoa. Eu sou um pouco ecumênica, apesar de ser umbandista há 32 anos. E o coelhinho ainda existe em nossa história.”
Olívia Regina da Cunha, funcionária pública, Cordoeira (S/foto)
“Antes de chegar a Páscoa é o período da Quaresma, um período de reflexão, pensar em tudo que a gente errou e buscar ser melhor. Muitos até praticam o jejum, deixam de comer determinadas coisas que são impróprias, muitos que são viciados em coca-cola, fumo, deixam isso de lado. Enfim, é um período realmente de crescimento, de agradecimento a Deus, um simbolismo, mas a razão maior é fazermos uma reflexão, que vai nos levar ao passado e saber que tivemos um cordeiro perfeito, que deu sua vida por nós, sem ter cometido sequer um pecado, que trouxe esperança ao nosso coração. Então isso é que é importante para todos nós, lembrar que temos um Deus, que está no controle de todas as coisas e que a gente, no amanhã, pode ser melhor. É um período de reflexão, aperfeiçoamento, crescimento e de esperança na construção de uma sociedade melhor. O chocolate é só um simbolismo, só para adoçar a boca.”
Hudson de Aguiar Miranda, 59, secretário municipal de Ordem Urbana, Centro
“A Páscoa para mim é mais significativa que o Natal. A Páscoa, na verdade, é a razão da nossa fé. Porque exatamente na Páscoa celebramos morte e ressurreição de Jesus. Se Jesus não tivesse ressuscitado, vã seria nossa fé. Essa é a verdade. E nós celebramos a Páscoa até um pouco longe do que ela deveria realmente ser. Como ela foi instituída, por Deus, lá na saída do povo do Egito. Aí Jesus foi crucificado, sacrificado na Páscoa e nós celebramos a Páscoa exatamente por isso. Nós celebramos por causa da morte e ressurreição de Jesus. O chocolate não lembra a Páscoa, talvez a Páscoa lembre o chocolate.”
Daniel Fraga, 58, funcionário público estadual, Ponte da Saudade
“A Páscoa nada mais é—apesar de ser um encontro de religiosos, quando se comemora a ressurreição de Cristo—uma forma também das pessoas se encontrarem, fazerem uma reflexão, e até incluir Nova Friburgo nas orações. Existe esse momento de fé e de esperança. Eu acho que a Páscoa consegue proporcionar esse momento tão esperado e que a gente também aguarda com tanta ansiedade. Eu acho que existe sempre essa expectativa de dias melhores. No dia em que isto acabar, acho que não haverá mais razão de estar aqui. Eu acho importante essa reflexão, a gente parar, analisar os prós e contras, ver o que a gente pode fazer de melhor, em que pode ajudar, colaborar. O chocolate é um aditivo, uma coisa que agrega, não comercialmente, e acho que todo mundo espera que o coelhinho traga não somente chocolate, como traga mais paz e tranquilidade para a população de Nova Friburgo.”
Francisco Jorge Dagfal, 70, coronel PM da reserva e empresário, Parque São Clemente
“A Páscoa para mim é o verdadeiro nascimento de Cristo, Natal já é uma coisa fictícia. Existem historiadores que afirmam que Jesus Cristo nasceu em abril. A Páscoa não é só chocolate, tem toda a simbologia espiritual. Mas como um chocolate também, isso não pode faltar.”
Alan Varol Klein, 32, taxista, Braunes
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