PSIu!

No Dia do Psicólogo, Ágatha Abrahão assina artigo sobre a importância deste profissional
sábado, 27 de agosto de 2016
por Ágatha Abrahão
PSIu!

Então. No dia do psicólogo, que é neste sábado, 27, pensei em trazer uma reflexão deveras importante sobre a nossa atuação. Psicólogos: como se reproduzem? O que comem? Onde vivem? Neste sábado, no Caderno Light! 

Ok, perdoem a brincadeira. Estou tentando tratar com leveza um assunto bastante sério aqui. Primeiro, vamos parar de achar que precisar de psicólogo é coisa de gente esquisita, que fazer análise é coisa de gente fresca. Não é!

Bom, agora que já concordamos com isso, preciso dizer que a atuação de um psicólogo ético e sério só tem a acrescentar, tanto em ambientes institucionais quanto em ambiente clínico. Explico: no caso de instituições, usarei o exemplo do ambiente escolar, que lida principalmente com sujeitos em desenvolvimento, numa fase estruturante da vida no que diz respeito à estrutura emocional. Quando a instituição está disposta a efetivamente investir em um psicólogo (não só financeiramente, mas investir energia e tempo também), o profissional pode abrir ali um espaço de escuta, de acolhimento, identificar demandas para que os devidos encaminhamentos sejam feitos, acolher angústias, mediar relações, fazer circular discursos que tendem a contribuir para o trabalho da equipe, e por consequência, para a qualidade das relações sociais, afetivas e para o aprendizado das crianças!

Falando da psicologia clínica, usarei um termo que já usei acima para iniciar a discussão: identificar demandas. Como se identifica a demanda, a necessidade de acompanhamento psicoterápico? Em suma, o psicólogo atende sujeitos que, por alguma razão muito particular de cada um, encontram-se angustiados. 

E é aí que está a questão: hoje em dia, nesse nosso mundão, não sobra espaço para angústia. Todos temos que funcionar, que render. Se você está introspectivo, choroso, você recebe tapinhas nas costas ou mesmo abraços afetuosos dizendo coisas no estilo “Bola pra frente!”. Se algum assunto o angustia, o entristece, e aí você fica repetidas vezes tocando no bendito, o conselho é “não ficar falando nisso, pra não te fazer mal”. Crianças que estão passando por momentos angustiantes (com ou sem motivo aparente) e comportam-se repetitivamente de maneira “socialmente inadequada” são imediatamente rotuladas como “crianças problema” — e aí entramos em um reducionismo muito pobre, dizendo que ela “quer aparecer”.

Repetindo: não tem espaço para angústia, não tem espaço para a falta! Mas aí, o que não é falado, nosso psiquismo dá um jeitinho de se fazer notar e é nessa que, muitas vezes, vemos adoecimentos físicos notórios ou mesmo adoecimentos emocionais graves, incapacitantes... 

Vocês querem saber a importância do psicólogo? Eu lhes digo: ele põe palavras nas coisas, ou melhor, ele leva o sujeito a pôr palavras nas coisas, a se implicar na própria realidade, a conhecer melhor os próprios sentimentos, a se posicionar no mundo e a se conscientizar sobre os próprios comportamentos! Será que é preciso esperar situações extremas ou estar totalmente adoecido (física ou emocionalmente) para se permitir isso?

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