Projeto Social Lagoinha Jiu-Jítsu atende jovens carentes e busca parceria para continuar funcionando

segunda-feira, 24 de outubro de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Projeto Social Lagoinha Jiu-Jítsu atende jovens carentes e busca parceria para continuar funcionando
Projeto Social Lagoinha Jiu-Jítsu atende jovens carentes e busca parceria para continuar funcionando

Ana Borges

A Academia de Jiu-Jítsu da Lagoinha, um projeto social que atende 70 pessoas, sendo 50 crianças e 20 adultos, com crianças na faixa-etária dos 9 aos 17 anos, e os adultos, de qualquer idade faixa-etária, é dirigida pelos amigos Leonardo Marreto e Ivo Tuna. Quando o salão social da Associação de Moradores da Lagoinha foi invadido e destruído pelas chuvas de janeiro, todos os equipamentos, entre tatames, quimonos, aparelhagem de som, televisão, entre outros, foram perdidos.

Em seguida, uma escola municipal, também destruída, precisou do lugar para iniciar o ano letivo. A academia então foi transferida para uma pequena sala, nos fundos da Associação, onde passou a funcionar precariamente, em condições mais difíceis ainda de atrair e formar novos lutadores. Mesmo assim, enfrentando todo tipo de dificuldades, a academia funciona das 18h30 às 22h, de segunda a sexta. Seu público-alvo são as pessoas carentes, especialmente o jovem ao qual Leonardo se dedica com afinco.

Leonardo Marreto sabe bem como é viver uma adolescência turbulenta, enfrentar as dúvidas e conflitos típicos da puberdade, sentir a urgência natural dos jovens em viver.... perigosamente. Conforme ele mesmo fez questão de revelar, foi um adolescente que viveu momentos confusos e, por vezes, seus pais precisaram resgatá-lo.

Tal como hoje, 15 anos depois, Leonardo observa que os jovens vivem sem noção dos riscos, das tentações que os espreitam em cada esquina, shows, baladas, e o que mais frequentem. “Sem limites, essa meninada vive como se o mundo fosse acabar no dia seguinte”, avalia.

Praticante de jiu-jítsu desde a infância, com a morte do pai, uma forte referência em sua vida, Leonardo, revoltado com a perda, usou seu conhecimento de luta marcial da pior maneira: brigava nas ruas. Foi uma fase, e como tal, passou. Passou à medida que lembrava as conversas que tinha com o pai, o professor Isaías Marreto, os exemplos cotidianos que ele lhe dava. E, como ele mesmo citou, um dia, a ficha caiu. Estava na hora de dar um rumo à sua vida ou a perderia para sempre. Na sequência, descobriu que podia ajudar a botar nos trilhos as vidas de outros jovens que viviam como ele outrora vivera.

Ainda terminando o curso de Direito, Leonardo Marreto, então já habilitado como instrutor, conversou com o amigo Ivo Tuna, professor de educação física, sobre a possibilidade de montar uma academia de jiu-jítsu. Fechada a parceria, encontrou no salão social da Associação dos Moradores de Lagoinha, alugado, o espaço possível para iniciar o trabalho naquela comunidade. Isso foi há seis anos. Seis anos de luta, pois a convivência com a vizinhança não é exatamente um mar de rosas. Há quem torça o nariz para o Projeto Social Lagoinha Jiu-Jítsu.

Leonardo procura acompanhar a vida de alguns de seus alunos, atento ao rumo que estão dando às suas vidas, com quem estão andando. “Converso com eles, falo das minhas experiências e sou franco. Como estou mais envolvido na formação de alguns deles, me sinto responsável por um e outro”, acrescenta.

A luta para manter o projeto social

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Para Leonardo, a parte social do trabalho não o aflige muito menos diminui sua vontade de ajudar. Ao contrário, é um incentivo a mais para sair atrás de colaboração e tentar parcerias. As lições aprendidas com suas próprias experiências, duramente vividas por ele, são a base de suas conversas com os alunos. Hoje, o instrutor e advogado sabe lidar com situações de estresse. Adquiriu maturidade e serenidade para convencer a garotada sobre o melhor caminho a seguir para realizar os sonhos de cada um. E no que depender dele, seja um, dois ou três alunos que consiga encaminhar na vida, já terá valido a pena.

“Acompanho o desenvolvimento de algumas crianças com potencial e um dos meus maiores orgulhos se chama Rodrigo Oliveira, de 15 anos, que está conosco desde o início, há seis anos. Ele já foi campeão estadual e depois conquistou o título de Campeão do Mundo, em 2010, num torneio realizado em São Paulo. Tem também o Robson Muniz, de 19 anos, conosco desde a fundação, que ajuda quando não posso estar presente nas aulas, além do instrutor Rafael Louredo. São pessoas que me estimulam a batalhar para ter um espaço mais adequado e definitivo, com equipamento apropriado e suficiente para atender toda a demanda. Agradeço e reconheço que sem a ajuda de Rogério Faria, da Stam, e de Sávio Silva Oliveira, da Formato Construções e Empreendimentos, não teríamos chegado até aqui, eles são fundamentais na continuação deste trabalho, mas precisamos de uma contribuição mais efetiva, permanente”, ressalta Leonardo, preocupado com a sobrevivência do projeto.

E por isso, segundo ele, o projeto está em vias de se transformar numa Fundação. “Como sempre, a burocracia é tanta que tivemos que contratar uma pessoa especializada no assunto para tratar da papelada, criar o estatuto, registrar no CNPJ, enfim, transformar esse nosso sonho numa realidade chamada instituição legalizada, uma Fundação. Poderemos ampliar nosso trabalho e atender o máximo de crianças. Nosso objetivo é projetar em todos os níveis os nossos melhores atletas, as promessas esportivas que vislumbramos aqui”, confia Leonardo.

Os treinos são divididos: às 18h30, crianças, e às 20h, adultos. As inscrições podem ser feitas no próprio local, no horário de funcionamento ou pelo telefone 9823-8596.

Leonardo Marreto é faixa preta formado pela Brazilian Top Team (BTT) e tem no amigo Ivo Tuna, professor de Educação Física, seu maior parceiro. Ivo é campeão carioca, estadual e vice-campeão brasileiro de 2011, todos estes títulos conquistados pela Confederação Brasileira de Jiu-Jítsu Esportivo (CBBJE) e Confederação Brasileira de Jiu-Jítsu Olímpico (CBJJO). Recentemente participou do Campeonato Mundial pelas duas confederações e terminou em 3° lugar na modalidade esportiva e 1° na modalidade olímpica.

Em novembro próximo, juntamente com Ivo Tuna, Leonardo vai promover um campeonato no Sesc, cujo objetivo será revelar os novos valores do jiu-jítsu friburguense. Na ocasião, pretende arrecadar fundos para a manutenção do projeto. Será a 5° edição deste campeonato, aguardado ansiosamente não só pelos praticantes desta arte marcial, em Nova Friburgo, como por todos que admiram a beleza dos movimentos da luta oriental tão bem difundida em nosso país.

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