Projeto Forças no Esporte: não só de militarismo vive o Sanatório Naval

segunda-feira, 26 de maio de 2014
por Jornal A Voz da Serra
Projeto Forças no Esporte: não só de militarismo vive o Sanatório Naval
Projeto Forças no Esporte: não só de militarismo vive o Sanatório Naval

Texto: Eloir Perdigão / Fotos: Amanda Tinoco

Muitos estudantes de escolas públicas de Nova Friburgo encontram no Sanatório Naval um segundo lar, com oportunidades para complementar sua formação escolar com acesso a práticas esportivas e noções de cidadania, civismo e solidariedade, além de alimentação.

A oportunidade é fruto do projeto Forças no Esporte, desenvolvido pelos ministérios da Defesa, dos Esportes e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, tendo como um de seus executores o Sanatório Naval de Nova Friburgo, como parte do projeto Segundo Tempo do governo federal. 

O Sanatório participa deste projeto há mais de dois anos. A instituição recebe em suas instalações 200 crianças para, sob supervisão de professores e estagiários, realizar diversas atividades esportivas, aproveitando o campo de futebol, quadras esportivas e piscinas, além de desenvolver atividades que busquem aprimorar o lado psicossocial, como ações sociais e palestras.

GRANDE ADESÃO – O entusiasmo dos militares com as crianças no SNNF é visível. O diretor Luiz Carlos da Graça, capitão de fragata e médico, salienta que a finalidade do projeto é a inclusão social. Para ele, o projeto, além de proteger as crianças, orienta-as com práticas esportivas, noções de cidadania e também oferece acompanhamento médico e odontológico, além de refeições. As atividades são oferecidas em dois turnos, manhã (das 8h às 12h) e tarde (das 12h às 16h), com cem alunos em cada um, às terças, quartas e quintas-feiras.

O primeiro-tenente Chaydel Turano é o atual encarregado do Forças no Esporte no Sanatório. Ele mesmo vai às escolas divulgar o projeto. Os pais preenchem uma ficha de inscrição e depois os alunos passam por acompanhamento médico para então participar. As visitas às escolas são feitas a cada seis meses e a adesão é sempre grande. Tão grande que a intenção é aumentar o contingente para quatrocentas crianças e adolescentes. E o quadro de atividades também se expande. Com as aulas de música, a intenção é organizar um coral até o fim do ano.

BEM SOCIAL - O diretor Luiz Carlos considera o projeto de suma importância justamente pelo bem que proporciona às crianças, afastando-as de possíveis desvios de conduta. A dedicação do Sanatório é tanta que uma quadra esportiva foi recentemente coberta. A obra foi possível graças ao envio de verbas do governo federal. Porém, nem sempre é fácil assim. Às vezes a verba atrasa e os próprios militares dão início ao projeto, para não haver prejuízos nas atividades da criançada. "Nós bancamos e depois, quando chega a verba do governo federal, tudo é reposto.” No ano passado, também com recursos do governo federal, foi providenciado o aquecimento de uma das piscinas, possibilitando a natação mesmo no período de inverno. Luiz Carlos frisa que as verbas são enviadas especificamente para o projeto Forças no Esporte. "Não podem ser usadas de nenhuma outra forma”, enfatiza.

 

  

O diretor Luiz Carlos da Graça

    

O coordenador do projeto, tenente Chaydel

  

  O sargento Alan Gripp do Amaral

 

SATISFAÇÃO – Os jovens são orientados tanto pelo militares — como o tenente Chaydel e o sargento Alan Gripp do Amaral — quanto por civis contratados, além de voluntários. São basicamente professores de educação física e também de música. 

O sargento Alan salienta que a procura pelo projeto Forças no Esporte é grande. As crianças participam com empolgação, inclusive no último desfile do dia 16 de maio (o que gerou uma procura ainda maior). Ele observa que a maioria das crianças estuda na Escola Estadual Marcílio Dias, dada a proximidade com o Sanatório (funciona em terreno da própria instituição). 

O diretor Luiz Carlos não esconde sua expectativa de que, com esse projeto, as crianças desenvolvam o interesse de se tornarem militares da Marinha. "Nós esperamos que muitas fiquem conosco. Elas estão convivendo com os militares, acompanhando a rotina de uma unidade militar, têm noções de cidadania, de patriotismo, hierarquia e disciplina. Estão apenas vendo, mas as crianças são muito observadoras e podem ter a intenção de permanecer aqui até por se acostumarem à rotina. A faixa etária é até 17 anos, quando já estão quase prontos para fazer um concurso para a Marinha”, diz, na expectativa.

ENTUSIASMO – Orientadores e crianças também demonstram seu entusiasmo pelo projeto. Um exemplo é a jovem Amanda Rodrigues Pimentel, de 12 anos, aluna do Marcílio Dias. Há um ano no projeto, ela prefere as aulas de música. Já Débora Santos Leal Pereira da Rosa, de 12 anos, também do Marcílio Dias, igualmente há um ano no projeto, gosta de natação. Ela pratica também futebol, futsal, vôlei, além de flauta e canto. Lucas Gabriel Santos Mota, 14 anos, da mesma escola, participa há quase três anos do Forças no Esporte. Seu pai é segundo-sargento da Marinha, trabalha no Sanatório e o incentivou a participar. A aula de flauta é sua preferida.

Isaque Knupp Santos Lopes, de 12 anos, tmabém estudante do Marcílio Dias, elogia o aprendizado no projeto, com destaque para natação e futebol. Seu primo faz curso para sargento da Marinha e também vislumbra seguir carreira. Já Lorraine Silva Souza tem 12 anos e estuda na Escola Municipal Jardel Hottz, no bairro Braunes. Ela soube do projeto quando estudava na Escola Municipal Padre Rafael, no Cordoeira, e se interessou. Outra interessada é Vitória Maciel Corrêa, de 12 anos, que estuda na Escola Estadual Júlio Salusse, na Chácara do Paraíso. Ela estudou no Marcílio Dias e os coleguinhas falavam no projeto, optando por participar e aprender várias modalidades esportivas. Seguir carreira na Marinha é uma das possibilidades que ela tem em mente.

Tão entusiasmada quanto as crianças, Ana Carolina Fidalgo de Moura, formada em educação física pela Universidade de Viçosa (MG), está há quatro meses integrada ao Sanatório. Em Viçosa, já trabalhava no programa Segundo Tempo (ao qual o Forças no Esporte está vinculado). Transferiu-se para Nova Friburgo por intermédio de seu pai, militar da Marinha lotado no Sanatório. Para ela, a experiência de seu primeiro trabalho está excelente. "Trabalhar com criança é muito satisfatório. E temos que programar tudo de forma bem animada para cumprir o objetivo.” Animada, ela dá aulas pela manhã e à tarde.

 

                      

Amanda RodriguesPimentelDébora Santos LealPereira da Rosa

 

                      

Isaque Knupp Santos Lopes                   Lucas Gabriel Santos Mota

 

                    

Lorraine Silva Souza                            Vitória Maciel Corrêa

Ana Carolina fidalgo de Moura

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