Projeto de lei prevê revitalização da Avenida Alberto Braune

Prefeitura quer padronizar fachadas e calçadas do principal centro comercial da cidade. Implementação prevista para 2016
sábado, 02 de maio de 2015
por Jornal A Voz da Serra
Friburgo limpa: projeto pretende revitalizar a Avenida Alberto Braune e outras ruas do Centro. Objetivo maior é devolver ao principal centro comercial de Nova Friburgo o seu aspecto típico de cidade turística: um ambiente agradável para moradores e visitantes (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)
Friburgo limpa: projeto pretende revitalizar a Avenida Alberto Braune e outras ruas do Centro. Objetivo maior é devolver ao principal centro comercial de Nova Friburgo o seu aspecto típico de cidade turística: um ambiente agradável para moradores e visitantes (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

Transformar a Avenida Alberto Braune, o principal centro comercial de Nova Friburgo, em um shopping a céu aberto, com um ambiente limpo, organizado e agradável aos olhos de visitantes e — principalmente — a população. Este é o objetivo de um projeto lei que vem sendo construído há um ano, através de uma iniciativa do EGP (Escritório de Gerenciamento de Projetos) e que conta com a participação de outros departamentos da administração pública, como as secretarias municipais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano Sustentável e Ordem e Mobilidade Urbana.

Após um trabalho de pesquisa e levantamento de dados realizado pelos arquitetos urbanistas Antonio Carlos Pereira, Lucia Borges e Rubem Braga pelas principais ruas comerciais do centro da cidade — espaço que compreende o trecho entre as ruas Moisés Amélio e Sete de Setembro, passando pela Avenida Alberto Braune —, que contou inclusive com um arquivamento de fotos dos letreiros das lojas, considerados grandes poluidores visuais, bem como flagrantes do despejo de lixo fora de local e horário estabelecidos, realizado em maior parte pelos comerciantes, ficou constatada a necessidade de se criar uma regulamentação específica que possa ser o ator primeiro de uma série de medidas para devolver ao centro urbano friburguense o aspecto de uma cidade limpa. Outros pontos abordados pela equipe de arquitetos são as calçadas, que segundo o projeto, seriam padronizadas; o acabamento das construções; a pintura dos bancos; a padronização das fachadas das lojas e das bancas de jornal; e a colocação de jardineiras.

O secretário-chefe da Casa Civil, Edson Lisboa, afirma que o objetivo principal do projeto é que, a partir de medidas simples e sem grandes custos para os proprietários, como retirar letreiros gritantes e manter um esquema de cores sem exageros, é possível limpar o aspecto visual do centro da cidade, assim como manter uma postura de respeito com o conjunto arquitetônico de Nova Friburgo. “Há prédios na Avenida Alberto Braune, por exemplo, que datam da década de 30, onde funcionam hoje quatro ou cinco lojas, e cada uma com a sua marca, o seu letreiro, as suas cores. O que pretendemos é que cada comerciante venda o seu produto, claro, mas que o mais importante seja vender uma boa imagem de Nova Friburgo, com um visual agradável e limpo. O belíssimo conjunto arquitetônico da cidade se perde nas fachadas e nos letreiros”, disse.

Com a implementação dessas medidas, volta à tona a discussão sobre a possibilidade do cabeamento subterrâneo nos locais citados, já que a quantidade de fios de luz, telefone e internet expostos nos postes do centro da cidade beira o caos, além de poluir visualmente tanto quanto ou mais que os letreiros. Segundo Lisboa, a Prefeitura entrará em processo de licitação de uma empresa para a realização desta operação. Ainda segundo o secretário, a previsão é de que os proprietários tenham 180 dias a partir da data de publicação da lei para adequarem seus estabelecimentos segundo a regulamentação vigente.

O projeto de lei se encontra hoje na Secretaria Municipal de Meio Ambiente para ajustes em relação à padronização das calçadas. Os arquitetos envolvidos no trabalho acreditam que no próximo mês ele seja encaminhado à Câmara de Vereadores para aprovação. “Se tudo correr como esperamos, em 2016 já teremos um ambiente muito mais agradável no centro da cidade.” O arquiteto Antonio Carlos Pereira ressalta que é preciso que comerciantes e população “abracem” a causa, porque a medida pode beneficiar a todos em curto prazo. “Estamos quase perdendo o aspecto de cidade turística, porque não arrumamos a casa para receber nossos visitantes. Nem os próprios moradores da cidade têm prazer em passear ou fazer suas compras no Centro. É essa a Nova Friburgo que a gente quer?”, indaga, enquanto mostra no computador do EGP alguns dos flagrantes registrados pela equipe, onde não faltam casos de poluição visual tanto com letreiros berrantes, equipamentos e produtos das lojas expostos em plena calçada, além de grandes quantidades de lixo espalhadas sem a menor cerimônia. 

Cidades que implantaram regulamentação já apresentam resultados positivos

Nova Friburgo está seguindo uma tendência que outras cidades com clima e arquitetura parecidos já implementaram — e tiveram êxito na iniciativa. Algumas, como a gaúcha Gramado, são mais rígidas em relação à propaganda: lá, até as peças publicitárias de TV e rádio passam por análise antes de poderem ser veiculadas. Segundo o secretário de Comunicação daquele município, Ângelo Sanches — que, coincidentemente, é friburguense —, os outdoors são proibidos na cidade e as fachadas e placas que indicam o comércio são padronizadas e respeitam as características da cidade, que tem colonização europeia, como Nova Friburgo. “Gramado é exemplo pra o Brasil nisso e hoje a lei é muito severa aqui. Até as fachadas são aprovadas por uma comissão, que consiste em órgão público e comunidade. Arquitetos e engenheiros avaliam qualquer projeto, de qualquer loja.” Em Gramado, até o McDonald’s teve que se adequar e abrir mão das cores vivas que lhe são características.

Bem perto daqui, em Petrópolis, também é possível perceber como uma mudança de postura em relação ao visual pode ser benéfica para a economia e o turismo da cidade e o bem-estar da população. A Rua Teresa, por exemplo, famosa nacionalmente pela variedade no comércio de roupas e acessórios, está livre da poluição visual. A Rua Oscar Freire, em São Paulo, um dos centros comerciais mais famosos do país — e mais luxuosos também — recebeu um projeto de revitalização, que inclusive cooperou para a valorização dos imóveis. A cidade de São Paulo, aliás, desde 2007 baniu os outdoors e restringiu as fachadas dos estabelecimentos.

  • Centro teria fiação subterrânea, segundo projeto (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

    Centro teria fiação subterrânea, segundo projeto (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

  • Projeto prevê ainda a padronização das calçadas (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

    Projeto prevê ainda a padronização das calçadas (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

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