O projeto Mosartes (Mosaico de artes e gente), apresentado recentemente ao secretário de Cultura, Roosevelt Concy, está sendo desenvolvido na Oficina Escola de Artes de Nova Friburgo, sob a coordenação do músico Gui Mallon. O projeto está sendo acompanhado pela diretora da Oficina Escola, Rose Aguiar Borges, e já foi elaborado na Suécia, entre os anos de 2006 e 2008, pelo próprio Gui Mallon, que ainda foi premiado pela Fundação Nacional de Artes (Funarte), patrocinadora também do atual projeto.
A Secretaria Municipal de Cultura de imediato acolheu o Mosartes e junto à direção da Oficina Escola Gui Mallon disponibilizou cem vagas, tanto para alunos quanto para demais pessoas da comunidade, independente da faixa etária. Até o momento há 71 inscritos, entre médico, professor, estudantes, artista plástico, corretor de imóveis, aposentados, donas de casa e locutor de rádio, entre outros.
Quem quiser participar pode se dirigir à Oficina Escola de Artes de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, no prédio da antiga Câmara Municipal, na Praça Getúlio Vargas, 71, Centro.
Pensar cultural
O projeto Mosartes consiste numa experiência de criação coletiva, envolvendo dança, teatro, música, fotografia, textos literários, arte-final, entre outras formas de manifestação artística, em que todas as decisões em relação ao desenvolvimento do projeto são tomadas em grupo, dentro do princípio de democracia direta. Segundo Gui Mallon, coordenador do projeto, “não há um tema específico a ser trabalhado”, mas ele acredita que seria bem próximo do “pensar o que é cultura”.
Gui Mallon diz que o primeiro contato com ele é para uma breve entrevista, onde pede que a pessoa faça um desenho abstrato e responda a quatro perguntas (que prefere guardar segredo). Este material passa a fazer parte da criação. O inscrito assina um termo comprometendo-se a aceitar algumas regras de participação no projeto como voluntário, a exemplo do item 3, que diz: “O participante deve se propor a ousar, sonhar, pensar grande, experimentar – sem medo – atividades artísticas nunca antes experimentadas, se necessário for e deve propor-se a ser cara-de-pau”.
Segundo ainda Mallon, após a entrevista o voluntário recebe uma carteira de identificação com foto e número de inscrição. No verso está escrito: “Às autoridades: o portador desta carteira de identidade é suficiente mental, sujeito a rompantes de criatividade. Recomenda-se livre acesso a eventos culturais”.
Os voluntários são distribuídos em subgrupos, com o objetivo de criar coletivamente uma obra com possíveis ramificações com outras formas de arte. Esses grupos são formados a partir da disponibilidade de tempo do voluntário e identidade com a sua criatividade, sendo que precisam dedicar-se às atividades, no mínimo, por duas horas semanais.
Relatórios quinzenais
O projeto teve início em 16 de março e tem término previsto para 16 de junho, sendo que em 1º de julho Gui Mallon pretende apresentar o produto final: um livro ilustrado, acompanhado de CD ou DVD. O material deverá ser disponibilizado a bibliotecas, emissoras de rádio e de televisão.
A cada 15 dias o coordenador apresenta relatório à Secretaria Municipal de Cultura e à direção da Oficina Escola de Artes. Segundo Gui Mallon, os resultados estão sendo positivos e acima das expectativas. Até 25 de março oito grupos estavam formados e em atividade e já haviam produzido aproximadamente 120 páginas A4 de material gráfico (desenhos) ou textos, cerca de 25 minutos de áudio e 127 vídeos ou fotografias digitais de alta resolução (12 megapixels).
Entre as propostas criativas, uma jovem de 16 anos sugeriu a criação coletiva de poesia semiconcreta, provavelmente inspirada nas experiências de David Bowie e que já estão sendo aplicadas no projeto, com resultados surpreendentes; outro jovem, de 14 anos, gravou parte de uma gravação eletro-acústica para utilizar como toque de celular.
Também foi proposta a montagem de uma exposição de arte telefônica (desenhos abstratos em preto e branco, típicos de pessoas que desenham distraidamente enquanto falam ao telefone) e performances como a de instalar uma barraca na feira da Praça Getúlio Vargas para vender poesias personalizadas a R$ 1.
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