Professora friburguense lança livro sobre patronos das escolas locais

quarta-feira, 18 de agosto de 2010
por Jornal A Voz da Serra
Professora friburguense lança livro sobre patronos das escolas locais
Professora friburguense lança livro sobre patronos das escolas locais

Dalva Ventura

Foi uma noite memorável, e nem poderia ser diferente. Primeiro, pelo fato em si – o lançamento do livro Patronos das Nossas Escolas: Quem são eles?, de Maria Ignez Breder Barreto, que vem sanar uma grande lacuna na história do município. E a segunda, não menos importante: a autora é pessoa por demais querida entre os professores da cidade. Para completar, os familiares e representantes dos patronos das escolas estaduais, além de professores e diretores de todas elas, também prestigiaram em peso a festa, cuidadosamente preparada pela coordenadora da Educação Serrana II, Valéria Gomes.

O projeto começou há dez anos, através de solicitação do Proderj, mas, segundo Valéria, a ideia “meio que morreu”. No entanto, a ex-coordenadora Ângela Fernandes abraçou o projeto e deu sequência. Durante todos esses anos, Maria Ignez realizou pesquisas e mais pesquisas não só em Nova Friburgo, como nos mais distantes pontos do estado sobre a história dessas personalidades. Criteriosa e com alma de pesquisadora, Maria Ignez não poupou esforços, buscando as fontes com muita tenacidade.

Resultado: biografias e fotos dos patronos de todas as 46 escolas estaduais de Nova Friburgo, incluindo as municipalizadas, estão no livro. Foram impressos, ao todo, 800 exemplares, que serão doados às escolas e bibliotecas.

Um lançamento inédito

Em seu discurso, Valéria Gomes destacou a importância daquele lançamento, que é inédito e representa um grande legado para o município. “Este momento é um marco na nossa administração”, afirmou, ressaltando que Maria Ignez está deixando seu nome gravado na história de Nova Friburgo.

“Espero que a partir de hoje haja um interesse maior por parte do poder público pela história de nossas escolas”, afirmou, sugerindo que a Secretaria Municipal de Educação tenha, neste exemplo, um motivo para fazer um trabalho semelhante com os patronos das escolas municipais.

O professor Délio Abib Sarruf também esteve presente ao lançamento. Foi ele quem convidou Maria Ignez Breder Barreto para trabalhar na Agência de Administração Escolar como chefe de Estatística e Informática, quando este importante trabalho começou a ser gestado. Délio contou que a ideia surgiu quando dirigia o Colégio Municipal Odette Penna Muniz e uma mãe lhe perguntou quem tinha sido aquela mulher. “Na época só sabíamos que ela era a mãe do professor Amaury Pereira Muniz, ex-diretor do Colégio Nova Friburgo, da Fundação Getúlio Vargas”, contou.

A partir daí, porém, Délio fez questão de mandar pesquisar tudo sobre D. Odette. Descobriu que ela tinha sido uma professora exemplar, uma pessoa que fazia questão de estimular a competição – não entre os colegas, mas deles consigo mesmos, sempre visando a novas conquistas interiores. Esta história é suficiente para mostrar a importância de cada escola cultivar a memória de seu patrono.

Vale ressaltar que o livro só saiu graças à tenacidade e à competência de Maria Ignez, “sonhadora, como todo discípulo de Darcy Ribeiro”, como destacou a professora Ângela Fernandes no prefácio. O livro ela dedicou ao professor Humberto El-Jaick, por considerá-lo o “patrono dos patronos”.

Em seu breve discurso, lembrou que o professor Humberto foi um educador que devotou toda sua vida à educação pública. “Ele abriu mão de uma vida tranquila, de bens materiais, de cargos rentáveis, mas nunca de sua dignidade, de seu ideal”, declarou, lembrando que ele foi o principal líder na luta para a criação do primeiro ginásio e da primeira escola de formação de professores do ensino público de Nova Friburgo.

“Durante a ditadura militar, cassaram seus direitos políticos, mas ele continuou sonhando e trabalhando por uma sociedade justa, livre e fraterna. Se não fosse seu esforço e o de sua esposa, a também professora Zeir El-Jaick, com certeza eu e a maior parte dos adolescentes e jovens friburguenses, operários e filhos de operários da década de 50, não teríamos tido a oportunidade de continuar nossa educação escolar”, enalteceu.

Ela também fez questão de agradecer a todos os seus professores, de modo especial à primeira professora, Layse Ventura Coutinho. “Com certeza, ela foi a primeira pessoa que imprimiu na minha alma o gosto pela pesquisa escolar”, afirmou.

Maria Ignez disse que com este livro quis homenagear, enfim, a todos aqueles que vivem pela causa da educação. “E a melhor maneira de fazer isso é continuar exigindo do poder público, incansavelmente, um sistema nacional de educação pública de qualidade para todos”, disse. Afirmou também, por fim, que se não fossem os nossos patronos, “especialmente os da zona rural – que transformaram parte de suas casas em salas de aulas, que hospedaram vários professores, que cederam parte das suas terras – certamente a rede pública de Nova Friburgo não seria tão ampla”.

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