Estimular o aprendizado e o gosto pelo conhecimento não é missão fácil. Quando os alunos convivem com diversos fatores responsáveis por deixá-los cada vez mais dispersos, o trabalho pode ser ainda mais difícil. É por isso que alguns professores criam estratégias para conseguir fazer com que o ensino seja, de fato, eficiente e prazeroso.
O friburguense Edevaldo da Silva Oliveira tem 35 anos e há 4 se dedica ao ensino de Ciências à 59 alunos de 11 a 12 anos do ensino fundamental do Colégio Estadual Dr. Péricles Corrêa da Rocha, em Banquete - distrito de Bom Jardim. Apesar de ter pouco tempo na profissão, a forma como estimula o aprendizado dos estudantes tem ganhado destaque. É que o “Os da Silva e os da Selva: o ensino de Ecologia e a preservação da Mata Atlântica”, é um dos projetos finalistas do Prêmio Shell de Educação Científica. Em prática desde o ano passado, o projeto - dividido em quatro fases - apresenta a natureza e a diversidade da fauna aos alunos da instituição.
A primeira fase da iniciativa consiste na visitação a um fragmento de Mata Atlântica, localizado nas proximidades da escola, para observação da fauna. Após o passeio, os estudantes são estimulados a conversar com os moradores mais antigos da região para descobrir quais animais costumavam aparecer com frequência e desapareceram com o tempo e as possíveis lendas envolvendo a fauna. Na terceira fase, eles devem montar um jornal apresentando as entrevistas e tudo que aprenderam durante as duas primeiras partes da ação. Já na última fase, os pré-adolescentes participam de um jogo em que eles são as peças (animais) a formar uma chamada “teia alimentar” personalizada com as espécies identificadas na região.
“Normalmente, o estudo da fauna é feito com livros falando sobre animais da Amazônia. A intenção desse projeto, além de estimular o conhecimento, é permitir que os alunos conheçam e reconheçam os animais da nossa região. Eles observam as relações ecológicas, aprendem e, com o jogo, também acabam se conscientizando. A dinâmica consiste neles se transformarem em animais e lutarem pela sobrevivência na cadeia alimentar”, explica Edevaldo, acrescentando que “Isso faz com que entendam que, muitas vezes, espécies entram em extinção não por formas naturais, mas sim pela intervenção humana, como por exemplo a ação de caçadores, incêndios provocados, entre outros. Os alunos acabam sentindo um pouco do que os animais sentem e aprendem como isso pode mudar a cadeia”, afirma.
Voltado a professores de matemática e ciências de escolas municipais e estaduais de todo o estado, o Prêmio recebeu 306 inscrições. Além do projeto de Edevaldo, na Região Serrana uma iniciativa de Petrópolis também está entre os finalistas. Caso fique entre os três melhores colocados, o professor friburguense ganhará uma viagem educativa para Londres, Inglaterra - onde fará uma imersão ao mundo das ciências, com atividades, palestras e visitas a museus e diversas organizações educacionais - e uma premiação em dinheiro. Já a escola onde leciona receberá um kit de robótica, um notebook e um projetor multimídia.
Independentemente do resultado do prêmio, o professor, que deixou de lado o giz e o quadro negro para mostrar que aprender pode ser mais divertido, garante que já se sente realizado. “O fato de levar as crianças para fora da sala já torna o aprendizado mais interessante e tem mudado o comportamento de alunos mais dispersos. Já conhecia o prêmio, mas essa é a primeira vez que participo. Não conheço os outros projetos e não sei se tenho chance de ganhar. Mas só o fato de estar entre os seis finalistas, para mim, é um retorno muito importante. É um sinal de que, mesmo novo na profissão, estou no caminho certo”, declara Everaldo.
A premiação do 4º Prêmio Shell de Educação Científica acontece nesta quarta-feira, 13, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.
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