O cultivo de uvas, uma alternativa de aumento da renda familiar com retorno rápido sobre o investimento, está despertando o interesse de produtores rurais de Valão do Barro, segundo distrito do município de São Sebastião do Alto, na Região Serrana. No último dia 8, dezesseis agricultores da localidade participaram de uma excursão a Cambuci, no Noroeste fluminense, para conhecer a lavoura dos irmãos Gilmar e Jocimar Veloso, da microbacia Valão da Onça.
A visita foi uma iniciativa da Emater-Rio, em parceria com o Programa Frutificar, da secretaria estadual de Agricultura, e o apoio da Prefeitura de São Sebastião do Alto, para incentivar a diversificação produtiva e a fruticultura nas microbacias onde o Rio Rural está iniciando seus trabalhos. "Queremos aproveitar que o programa está chegando à fase de sorteio nas microbacias São Manoel e Guarani para, de acordo com o interesse do produtor, incentivar a implantação de novas culturas”, disse o supervisor local da Emater-Rio de São Sebastião do Alto, Almir Vogas, responsável pela organização do evento.
Os irmãos Veloso, que abriram a porteira do sítio para disseminar sua experiência, atualmente plantam uva, maracujá, banana e olerícolas, em uma propriedade de 4,5 alqueires. "Deixamos as lavouras de tomate e apostamos na diversificação. No caso das uvas, foi uma ousadia. Plantamos 200 pés com recursos próprios e deu certo, vendemos toda a produção. Agora vamos plantar mais 300, conta Jocimar.
Eles investiram cerca de R$ 8 mil na lavoura da uva niágara rosada. Na primeira safra, em dezembro passado, colheram 500 kg. No auge da produção, daqui a quatro anos, a estimativa é de 10 kg por planta. "Trata-se de uma lavoura com investimento alto, mas de rápido retorno para o agricultor”, esclarece Denilson Caetano Leal, técnico do Programa Frutificar que presta assistência técnica na propriedade. Denilson forneceu informações sobre o manejo de cada cultura, esclareceu dúvidas e apresentou o programa, que financia até R$ 50 mil, com juros de 2% ao ano, para implantação de lavouras frutíferas em todo o estado.
Variedade de culturas
Para os agricultores do Valão do Barro, o intercâmbio valeu a pena, principalmente porque eles puderam conhecer vários plantios numa única propriedade. No caso da banana, já cultivada por alguns dos participantes, a homogeneidade do pomar foi o que chamou a atenção. "Nunca vi lavoura tão bonita, com plantas tão bem tratadas”, disse João Batista Sabina, morador da microbacia Guarani. O agricultor já tem produção diversificada — maracujá, banana-prata, aipim, coco, eucalipto — e saiu do dia de campo com interesse em produzir uvas. "Aprendi que o manejo correto pode melhorar o cultivo, tornando-o mais produtivo e rentável”, concluiu João.
Leocádia Daflon também ficou impressionada. "Eles produzem muito em uma área pequena”, observou. Ela herdou dos pais o sítio Praia de Areia e quer retomar a alta produtividade nos dez alqueires disponíveis. "Quem tem terra, tem que produzir. Sou apaixonada por lavoura e sempre sonhei em plantar uva. Agora sei que é possível implantar esta lavoura na minha região”, disse Leocádia.
Técnico da Emater-Rio de Cambuci, Ademir Peres de Souza acredita que a visitação proporciona um aprendizado amplo para todos. "Esta troca de experiências entre os técnicos e agricultores é muito enriquecedora. Cada um tem uma experiência diferente que pode acrescentar algo positivo ao conhecimento do outro”, disse. Os extensionistas José Reinaldo, Alcenir Botelho e Luis Alberto Ribeiro, da Emater-Rio de São Sebastião do Alto, também participaram do dia de campo.
Deixe o seu comentário