Procura-se um novo regime político

quarta-feira, 08 de julho de 2009
por Jornal A Voz da Serra

Max Wolosker

Os sucessivos escândalos que diariamente são patrocinados por nossos políticos nos leva a crer na falência da Democracia, no Brasil. Se levarmos em conta que ela pode ser definida como: “Democracia é o governo no qual o poder e a responsabilidade cívica são exercidos por todos os cidadãos, diretamente ou através dos seus representantes livremente eleitos”; ou ainda se pensarmos na etmologia da palavra democracia, do grego demos cujo significado é povo e que nela é ele quem detém o poder soberano sobre o poder legislativo e o executivo, vemos que podemos procurar outra forma de governo, pois aqui, nossos representantes têm tudo menos responsabilidade cívica e nosso povo não detém poder nenhum nem está muito interessado em detê-lo.

As duas casas que juntas formam o Congresso Nacional, órgão supremo do legislativo brasileiro, estiveram recentemente envoltas em episódios de malversação explícita do dinheiro público. A Câmara, com o fornecimento gratuito de passagens para deputados e apadrinhados; o senado, com seus atos secretos beneficiando também senadores e apadrinhados. O mais grave disso tudo é o fato de após tais falcatruas virem à tona, nossos representantes na maior cara de pau alegar desconhecimento dos fatos, como se tivessem sido pegos de surpresa. Não menos grave também é a tentativa de negar os fatos e fazer crer que a imprensa é a grande culpada ao cumprir o seu dever de informar.

Não existe a reciprocidade de punições, pois se inúmeros são os relatos de pessoas que foram presas e condenadas por furtarem latas de leite em pó ou outras miudezas, em supermercados, ao que se saiba nenhum representante do povo foi punido por malversação do dinheiro público. Assim surge a pergunta que não quer calar: que regime é esse cujos representantes eleitos pelo povo para representá-lo e defender seus direitos de cidadãos, uma vez empossados despem a pele de carneiro e transformam-se em hienas ávidas pelo verde, não dos campos, mas sim o do vil metal?

Que regime é esse que mantém, sem investigar, homens que antes de ingressarem na vida pública eram cidadãos comuns, com atividades remuneradas na mesma proporção dos demais e que após mandatos sucessivos atingem um patrimônio incompatível com os ganhos oriundos dos cargos que exercem?

Talvez fosse o momento exato para os estudiosos e grandes pensadores do país, juntos, começarem um estudo profundo na tentativa de criarem um novo modelo político para o Brasil. No momento atual vemos a população cada vez menos interessada nos problemas nacionais, com uma indiferença muito grande, meio de cultura excelente para fomentar as mazelas que todo dia se tornam manchetes nos grandes jornais do país.

Aliás, essa indiferença é oriunda do fato notório de que, após votar, o cidadão perde o controle da situação. Se antes ele era importante no esforço comum de eleger os mais capazes ou aqueles que julgava serem os mais preparados, após a posse dos eleitos, esse mesmo cidadão passa a ser um zero à esquerda, pois não tem mais nenhuma participação no processo. Os eleitos adquirem vida própria e passam a agir não de acordo com o interesse da coletividade , mas em benefício próprio.

Portanto não seria surpresa se nos deparássemos, em algum lugar, com a seguinte propaganda: “Em virtude da falência da democracia, procura-se com urgência um novo regime. Enviar currículo para as diversas associações de bairros ou clubes de serviço”.

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