(SECOM) Todos unidos na prevenção da dengue não é o slogan oficial das campanhas do Estado e dos municípios, mas é seguindo esta linha que a Prefeitura de Nova Friburgo, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, recorre a todos os meios de divulgação para contar com a população no combate ao mosquito da dengue, o famoso Aedes aegypti.
Os números não mentem: 88 casos confirmados em 2010 e 1.045 em 2011. Segundo o secretário de Saúde, Renato Abi-Ramia, em 80% dos casos as pessoas contraíram a doença em Nova Friburgo. Em virtude do ocorrido em janeiro deste ano, as localidades que mais sofrem com a proliferação do mosquito são aquelas que vivem em estado de alerta, por terem sido as mais atingidas: Conselheiro Paulino, Jardinlândia, Jardim Ouro Preto, Prado, Riograndina e Vila Amélia.
Não é de hoje que a campanha intitulada “os 10 minutos contra a dengue” continua alertando sobre as medidas principais para acabar com o mosquito: deixar as caixas d’água vedadas (pois os maiores índices de infestação na região são nas caixas d’água); as calhas limpas; os tonéis, galões, poços e barris bem vedados; os pneus sem água e em lugares cobertos; os ralos limpos e com tela; as bandejas de geladeira limpas e sem água; os pratos de vasos de planta com areia até a borda; as bromélias e outras plantas sem acúmulo de água; os vasos sanitários, sem uso constante, fechados; os baldes virados com a boca para baixo; as lonas de cobertura bem esticadas para não formar poças; entre outras medidas.
Quanto às piscinas, principalmente nesta época do ano, a atenção deve ser redobrada. A orientação é que elas e as fontes sejam sempre tratadas, pois muitas pessoas viajam e deixam os equipamentos sem tratar, o que pode tornar um criadouro do mosquito. A Gerência de Vigilância em Saúde e Vigilância em Saúde Ambiental colocou em campo diversas equipes para visitar condomínios e clubes da cidade para verificar se há a larva do mosquito, e mesmo não encontrando, os agentes orientam os proprietários.
Como o ciclo de vida do mosquito da dengue, do ovo até a fase adulta, leva cerca de 7 a 10 dias, os agentes recomendam que a verificação dos possíveis criadouros seja feita uma vez por semana com o objetivo de interromper o ciclo e evitar o nascimento de novos mosquitos, para que eles não se multipliquem.
Bom saber
O vírus da dengue é transmitido pela picada da fêmea do Aedes aegypti, um mosquito diurno que se multiplica em depósitos de água parada acumulada nos quintais e dentro das casas. Existem quatro tipos diferentes desse vírus: os sorotipos 1, 2, 3 e 4, e todos podem causar as diferentes formas da doença.
Segundo o secretário de Saúde, o Vírus Tipo 1 deixou de circular há 20 anos, aproximadamente, e os mais comuns são o 2 e o 3; quanto ao Vírus Tipo 4, é esperado que em 2012 o número de casos de dengue se eleve, uma vez que a maioria dos brasileiros não tem defesa contra esse tipo de vírus.
Depois de muitos anos sem registro de nenhum caso de contaminação, o sorotipo 4 voltou a circular em alguns estados do Brasil. Especialmente as crianças e os jovens não desenvolveram imunidade contra ele. Por isso, e para evitar a dispersão desse vírus, o Ministério da Saúde determinou que todos os casos suspeitos de dengue 4 sejam considerados de comunicação compulsória às autoridades sanitárias no prazo de 24 horas.
“Há 40 agentes trabalhando em Nova Friburgo na prevenção da dengue. Mas a cidade é extensa, o que dificulta. Por isso é fundamental a participação de toda a população. Há muito abandono de residência e a água da chuva fica acumulada. Felizmente o clima aqui não é adequado e não foi registrado nenhum óbito até o momento, mas mesmo assim precisamos permanecer unidos na prevenção da dengue”, comenta o médico Renato Abi-Ramia, acrescentando que em caso de suspeita de dengue, a pessoa deve imediatamente procurar uma unidade de saúde mais próxima ou ligar para a Vigilância em Saúde Ambiental: (22)2543-6293. Outra importante fonte de consulta e orientação é o site www.riocontradengue.com.br .
Sintomas
A grande maioria das infecções é assintomática. Quando surgem, os sintomas costumam evoluir em obediência a três formas clínicas: dengue clássica, forma benigna, similar à gripe; dengue hemorrágica, mais grave, caracterizada por alterações da coagulação sanguínea; e a chamada síndrome do choque associado à dengue, forma raríssima, mas que pode levar à morte, se não houver atendimento especializado.
Dengue clássica
Nos adultos, a primeira manifestação é a febre alta (39º a 40º), de início repentino, associada à dor de cabeça, prostração, dores musculares, nas juntas, atrás dos olhos, vermelhidão no corpo (exantema) e coceira. Num período de 3 a 7 dias, a temperatura começa a cair e os sintomas geralmente regridem, mas pode persistir um quadro de prostração e fraqueza durante algumas semanas. Nas crianças, o sintoma inicial também é a febre alta acompanhada apatia, sonolência, recusa da alimentação, vômitos e diarreia. O exantema pode estar presente ou não.
Dengue hemorrágica
As manifestações iniciais da dengue hemorrágica são as mesmas da forma clássica. Entretanto, depois do terceiro dia, quando a febre começa a ceder, aparecem sinais de hemorragia, como sangramento nasal, gengival, vaginal, rompimento dos vasos superficiais da pele (petéquias e hematomas), além de outros. Em casos mais raros, podem ocorrer sangramentos no aparelho digestivo e nas vias urinárias.
Síndrome do choque associado à dengue
O potencial de risco é evidenciado por uma das seguintes complicações: alterações neurológicas (delírio, sonolência, depressão, coma, irritabilidade extrema, psicose, demência, amnésia), sintomas cardiorrespiratórios, insuficiência hepática, hemorragia digestiva, derrame pleural. As manifestações neurológicas, geralmente, surgem no final do período febril ou na convalescença.
Diagnóstico
O diagnóstico de certeza da dengue é laboratorial. Pode ser obtido por isolamento direto do vírus no sangue nos 3 a 5 dias iniciais da doença ou por exames de sangue para detectar anticorpos contra o vírus (testes sorológicos). A prova do laço está indicada nos casos com suspeita de dengue, porque avalia a fragilidade capilar e pode refletir a queda do número de plaquetas.
Vacina
Uma vacina contra os quatro tipos da dengue, desenvolvida a partir de uma cepa do vírus vivo, geneticamente modificado, está sendo testada em humanos. Até o momento os voluntários não apresentaram reações adversas.
Tratamento
Não existe tratamento específico contra o vírus da dengue. Tomar muito líquido para evitar desidratação e utilizar medicamentos para baixar a febre e analgésicos são as medidas de rotina para aliviar os sintomas.
Pacientes com dengue, ou com suspeita da doença, precisam de assistência médica. Sob nenhum pretexto, devem recorrer à automedicação, pois jamais podem usar antitérmicos que contenham ácido acetilsalecílico (AAS, Aspirina, Melhoral, etc), nem anti-inflamatórios (Voltaren, diclofenaco de sódio, Scaflan), que interferem no processo de coagulação do sangue.
Recomendações
Dengue é uma doença que pode evoluir rapidamente da forma clássica para quadros de maior gravidade; a pessoa só desenvolve imunidade para o tipo de vírus que contraiu e pode infectar-se com outro sorotipo, o que aumenta o risco de doença hemorrágica; a identificação precoce dos casos de dengue é de importância fundamental para o controle das epidemias; combater os focos do mosquito transmissor é a única maneira de prevenir a transmissão da doença.
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