Presidente da Toyota: "Queremos crescer com o Brasil e os brasileiros"

Em visita a Friburgo e à Toyoserra, Rafael Chang fala em entrevista à AVS sobre crise brasileira, futuro e investimentos
sexta-feira, 08 de dezembro de 2017
por Marcio Madeira
Chang (à direita) com o diretor da Toyoserra, Julio Cordeiro, durante a visita a Friburgo (Arquivo AVS)
Chang (à direita) com o diretor da Toyoserra, Julio Cordeiro, durante a visita a Friburgo (Arquivo AVS)
O presidente nacional da Toyota, Rafael Chang, visitou Nova Friburgo na última semana e conheceu as instalações da concessionária Toyoserra, onde concedeu entrevista exclusiva para A VOZ DA SERRA. Ao avaliar a crise brasileira e falar de perspectivas para o futuro, ele disse que cada mercado tem suas dificuldades, mas também  oportunidades. Para ele, o Brasil vai ficar mais forte a partir das reformas que estão vindo, e este é um ponto fundamental para trazer mais investimentos e mais confiança. 

"Aqui (na Toyoserra) eu vi muitas boas práticas e a implementação de novas ideias"

Rafael Chang

AVS: A Toyota fabrica quase dez milhões de carros a cada ano, no mundo inteiro. Para uma companhia globalizada e deste porte – a segunda maior fabricante de automóveis do mundo – qual é a importância dos mercados brasileiro e sul-americano?

A região latino-americana sempre foi muito importante para a Toyota, e uma prova disso é que nossa fábrica em São Bernardo do Campo-SP foi a primeira da Toyota a ser aberta fora do Japão. Em 2018 vamos completar 60 anos na América Latina, e a situação agora é que somos uma das regiões com maior potencial de crescimento. Dentro deste cenário o Brasil é muito grande, e a população tem muito potencial para que possamos incrementar as vendas de veículos.

AVS: A Toyota já tem uma participação grande no mercado brasileiro, que continua crescendo e já está próxima de 10%. Existe alguma meta de crescimento para os próximos anos? Se sim, de que forma pretendem alcançá-la?

Na realidade nós não trabalhamos com uma meta de market share (fatia de mercado). Nosso principal propósito é brindar nossos clientes com os melhores produtos e serviços, e como consequência sabemos que a base de clientes irá aumentar. O mais importante é que queremos ter um crescimento sustentável, não apenas aqui, no Brasil, mas no mundo inteiro. O maior reflexo disso é que nossas vendas, ainda com o mercado em queda, continuaram a crescer todos os anos. E outra prova de nosso crescimento sustentável, por exemplo, é que fomos a única marca que não demitiu nenhum funcionário. Esses são dados que comprovam a forma como estamos pensando todos os mercados.

AVS: A filosofia de melhoria  contínua mudou não apenas a indústria automobilística, mas todo o meio empresarial. Essas visitas que o senhor tem feito às unidades são parte desta filosofia? É possível adaptar essa filosofia para a realidade brasileira, por exemplo?

Sim, com certeza! Primeiro, porque parte desta nossa filosofia diz que devemos estar perto do mercado, e este é o primeiro objetivo de minha visita. Desde que cheguei ao Brasil, em janeiro deste ano, estou visitando quase todas as cidades para entender as particularidades de cada mercado. E depois, para estar perto de nossos parceiros ou concessionários. E, falando de melhoria contínua, que no Japão chamamos Kaizen, o melhor exemplo foi essa visita a Nova Friburgo. Aqui (na Toyoserra) eu vi muitas boas práticas e a implementação de novas ideias. E isso responde sua segunda pergunta, que sim, aqui no Brasil dá para implementar essa filosofia.

AVS: Então podemos entender que as concessionárias possuem alguma autonomia para aplicar esse método e buscarem soluções próprias?

Sim, mas isso é parte de nossa filosofia. É certo que nós temos alguns padrões, mas, acima disso, as concessionárias e nossos próprios funcionários têm essa liberdade, porque eles conhecem melhor o que está acontecendo no dia a dia. Eles são as fontes principais para trazer essas ideias, e, como falei, encontrei muitas aqui, nesta concessionária.

AVS: O senhor gostou do que viu aqui, então?

Demais (risos).

AVS: Com base no que o senhor viu ao longo de seu primeiro ano de atuação no Brasil, já seria possível antecipar alguma tendência de lançamento de novos produtos, novidades no pós-venda ou novos carros que atendam mais às demandas do mercado brasileiro? Enfim, o senhor já tem alguma direção a respeito do caminho que deverá ser seguido nos próximos anos?

Sim. Em relação aos produtos, dois meses atrás fizemos o anúncio de um novo investimento em nossa fábrica de Sorocaba-SP, da ordem de R$ 1 bilhão, para a produção do modelo Yaris, que vai ser um modelo novo para o mercado brasileiro. Essa é uma prova da confiança que temos no Brasil, no mercado, e em nossos parceiros. E, para o cliente, a partir deste ano estamos integrando ainda mais as atividades de vendas e pós-vendas, porque acreditamos que, aos olhos do cliente, tudo deve ser apenas uma única operação. Esse é o nosso foco para os próximos anos.

AVS: O senhor acumula experiências em vários países. Onde o Brasil pode melhorar, para facilitar a atuação de uma empresa como a Toyota?

Eu acredito que cada mercado tem suas dificuldades, mas também suas oportunidades. Meu entendimento é de que o país vai ficar mais forte a partir das reformas que estão vindo, e este é um ponto fundamental para trazer mais investimentos e mais confiança. Como eu disse anteriormente, para a Toyota, em qualquer circunstância, temos visão de longo prazo. É com esta visão que estamos aqui no Brasil, e queremos crescer com o Brasil e os brasileiros.

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