A Associação Friburguense de Amigos e Pais do Educando (Afape), que há anos luta com as dificuldades financeiras para continuar oferecendo atendimento à comunidade, vive uma das suas maiores crises administrativas. Após reportagem publicada na edição de A VOZ DA SERRA de ontem, 20, sobre a questão, o presidente da Afape, Jorge Wilson Soares Vieira — protagonista da polêmica sobre as eleições para a nova diretoria da instituição — procurou o jornal para dar a sua versão dos fatos.
Acompanhado do vice-presidente Lindemberg Soares de Melo, Jorge Wilson argumentou que, de acordo com o edital de convocação para o pleito 2017/2019, só podem ser candidatos ao conselho administrativo da Afape associados, beneméritos, benfeitores, honorários, contribuintes e ou correspondentes — isto é, aqueles que possuam algum envolvimento com a entidade.
“No mesmo dia em que foi publicado o edital (17 de março), recebemos a lista com os componentes da chapa 2 [encabeçada por Iomar Pinheiro Penza Filho]. Três dias depois, em reunião entre os membros do atual conselho administrativo, decidimos impugnar a chapa 2, por não preencher os requisitos do artigo 3º, ou seja, os candidatos pretendentes à diretoria não atendiam ao quadro de associados”, disse Jorge, acrescentando que logo comunicou a questão ao presidente da chapa concorrente.
Jorge afirma ainda que, “no dia 10 de abril, ele [Iomar] apresentou uma nova chapa, mas mudou apenas dois nomes, se mantendo como presidente. Novamente o alertei sobre o fato, mas ele se negou a acusar o recebimento do comunicado sobre as irregularidades da candidatura. Além disso, tenho provas de que Iomar declarou não conhecer e participar da Afape e afirmar que a mesma está descredibilizada”, relata.
Segundo Jorge Wilson, na última quinta-feira, 13, dia da eleição, os representantes da chapa 2 teriam incitado a comunidade presente a se manifestar em desfavor à impugnação, causando o tumulto. “Consequentemente, tive que cancelar o pleito. Todos estavam com os ânimos alterados, não havia condições de continuar”, conta.
Sobre a acusação de ter trocado as senhas dos computadores e fechaduras das portas da instituição, Jorge alegou que o perfil do Facebook da Afape fora invadido e desativado logo após o cancelamento do pleito e, por isso, como medida preventiva, fez a mudança de senhas das redes sociais e do acesso à sede da entidade na Via Expressa. “Pelo menos cinco funcionários têm chaves e acesso livre à instituição. Com tudo o que aconteceu, achei mais seguro realizar as mudanças. Depois de conseguir recuperar o perfil da rede social, pedi que fosse trocada a chave da porta principal para preservar o espaço físico e bens da instituição. Mas, deixo claro, que disponibilizei a chave para a diretora escolar Ivanilda, o que foi feito pelo funcionário Jorge Arcanjo, através de recibo. Em nenhum momento a Afape deixou de estar aberta em motivo da substituição das chaves”, exclama ele.
Durante a entrevista, Jorge declarou ainda que está à frente da Afape há mais de dez anos e que nunca viu o candidato à presidência da chapa 2 [Iomar] na entidade. Ele contou ainda que, junto ao conselho administrativo, irá promover, no próximo dia 31 de maio, às 18h, uma nova eleição. “A instituição e os alunos estão acima de tudo. Não pretendo mais me candidatar para a presidência. Mas entendo que tenho que passar a diretoria para alguém e não deixar a instituição sem representatividade”, disse.
O outro lado
Após a entrevista com Jorge Wilson, a equipe de reportagem procurou o representante da chapa 2, Iomar Pinheiro, que destacou: “Os funcionários e pais, cansados da atual diretoria, me pediram para montar uma chapa e concorrer à presidência. Entreguei os nomes no dia 17 de março e, logo depois, fui proibido de entrar na instituição. Passei a fazer as campanhas do lado de fora da Afape, mas nunca fui avisado de qualquer impugnação. Troquei dois nomes, simplesmente porque a filha da fundadora da instituição me pediu para participar da chapa 2 e, para isso, foi preciso fazer algumas alterações. Mas, volto a dizer, não sabia da impugnação, se não teria me defendido”, argumenta.
Iomar conta que, apesar de ser acusado de não ter envolvimento com a instituição, sempre participou de festas e atividades na entidade, sendo portanto qualificado como benfeitor da Afape. “Jorge criou um artigo no estatuto para dizer que cabe à diretoria decidir quem é ou não um benfeitor. Mas tenho documentos assinados por diversos funcionários, que comprovam que eu participo ativamente das atividades da Afape”, afirmou Iomar.
Ainda de acordo com Iomar, a impugnação da chapa só foi avisada às vésperas da eleição, quando pais dos alunos, funcionários e comunidade já aguardavam pelo pleito. “Houve muita confusão e acabei sendo ameaçado pelo filho do Jorge. Por causa disso tudo, entramos com uma ação na Vara Cível, já encaminhada para o Ministério Público, para formar uma comissão composta por funcionários para administrar temporariamente a Afape”, conta.
Sobre o fato das senhas dos computadores e fechaduras das portas da associação terem sido trocadas, Iomar tem outra versão: “Temos fotos, por exemplo, de documentos queimados por ele. Além disso, há provas de que a ata da instituição foi retirada da Afape e encontrada na casa do presidente Jorge”, finaliza.
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