A Prefeitura de Nova Friburgo vai solicitar formalmente ao governo do estado a inclusão da cidade no projeto de reativação de linhas férreas para a implantação de trens turísticos (TTs). A informação é do subsecretário de Convênios do Escritório de Gerenciamento de Convênios e Projetos (EGCP), André Luiz Gomes, que está conduzindo as discussões sobre o projeto com os integrantes do Clube do Trem de Nova Friburgo. Conforme noticiou o jornal O Globo nesta quarta-feira, 1º, o governo do estado está negociando com o governo federal a destinação de R$ 200 milhões na implantação de 70 quilômetros de TTs em território fluminense, mas apenas nos municípios de Miguel Pereira, Petrópolis, Valença (Conservatória), Paraíba do Sul e Magé.
Os recursos são oriundos de uma multa aplicada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) à Ferrovia Centro-Atlântica S.A (FCA), punida por ter devolvido à União 752 quilômetros de trilhos da antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA), considerados “deficitários”, em todo o país. A ideia é que o estado do Rio fique com 20% do total da multa.
Segundo André Luiz Gomes, o governo municipal ainda não foi consultado pelo governo do Estado do Rio, mas há “interesse e vocação” para implantar um trem turístico aqui, uma vez que a cidade já contou com uma linha e estações de trem no passado. O trem deixou de circular em Nova Friburgo em 1964.
A implantação de um TT está, inclusive, na pauta da viagem oficial que o prefeito Renato Bravo está fazendo à Suíça (leia aqui entrevista exclusiva ao AVS). Com o estudo de viabilidade debaixo do braço, ele pretende fechar parcerias com empresários suíços para a reconstrução do antigo ramal da linha férrea que ligava o distrito de Conselheiro Paulino ao município vizinho de Sumidouro.
A volta do apito é um sonho antigo na cidade que resultou, há quase um ano, na criação da Associação dos Amigos da Preservação da Memória e do Patrimônio Ferroviário Barão de Nova Friburgo, o chamado Clube do Trem. Para os entusiastas das “Marias Fumaças”, o TT impulsiona não apenas o turismo, como também a economia local, movimentando comércio, hotéis e restaurantes e gerando empregos.
A Secretaria estadual de Transportes, que está à frente do projeto, pretende priorizar as linhas férreas em estágio mais adiantado. Ou seja, nos municípios onde as prefeituras já reformaram ramais, estações e trilhos existentes.
Na região de Nova Friburgo há duas possibilidades de resgate de linhas férreas: o trecho entre Fazenda da Laje e a localidade de Dona Branca, em Riograndina; e o Murinelli-Dona Mariana, em Sumidouro. Este, com dez quilômetros de extensão e túneis que já chamam a atenção de trilheiros e turistas, tem o leito livre de ocupações, assim como o trecho friburguense, o que facilita a empreitada. A ideia, segundo os entusiastas do projeto, é aproveitar trilhos e locomotiva usados, barateando os custos.
Segundo O Globo, desde 2014 o governador Luiz Fernando Pezão vem discutindo a liberação da verba com o Ministério de Transportes, Portos e Aviação Civil. Segundo o secretário estadual de Transportes, Rodrigo Goulart de Oliveira Vieira, trata-se de um resgate histórico, uma vez que o Rio foi um estado pioneiro em ferrovias no país.
A multa à FCA foi aplicada em 2013. A empresa assumiu em 1996 a concessão para controlar 7.220 quilômetros da extinta RFFSA, espalhados por 316 municípios em sete estados, incluindo o Rio. Com os recursos da multa, o governo pretende ainda reformar a Estação Barão de Mauá, na Leopoldina, no Centro do Rio, que está abandonada.
Os projetos que concorrem com Nova Friburgo:
- Miguel Pereira: Tem 29,4 quilômetros da antiga linha auxiliar da Estrada de Ferro Leopoldina para recuperar. Inclui a reativação de ponte metálica de 1897, até hoje a única no mundo em curva. Parte dos trilhos foi furtada após a paralisação do circuito turístico em meados dos anos 90. Nos últimos anos, a prefeitura local conseguiu recuperar 4,5 quilômetros da linha.
- Petrópolis: Único município da Região Serrana na mira do governo, por enquanto, quer implantar linha férrea embutida (tipo trilhos de bonde ou VLT) em um trecho de cinco quilômetros entre os distritos de Nogueira e Itaipava.
- Paraíba do Sul: Sonha reativar 14,3 quilômetros de trem da Estrada Real, do Centro até o distrito de Cavaru, que integra a linha auxiliar da Leopoldina.
- Valença: A Maria Fumaça do distrito de Conservatória cruzaria três quilômetros da antiga linha Ferrovia Oeste de Minas.
- Magé: Ideia é retomar a linha do Expresso Imperial, trecho de sete quilômetros entre a localidade de Vila Inhomirim, em Magé, e o alto da Serra de Petrópolis. O trecho foi inaugurado em 1883 e desativado em 1964. A distância era vencida por locomotivas a vapor de tração a cremalheira (tipo de trilho dentado).
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