Os dois relógios digitais públicos de Nova Friburgo podem ser objetos de licitação ainda este ano. Os equipamentos, localizados na Praça Dermeval Barbosa Moreira e no Paissandu, no centro da cidade, estão cedidos, há pelo menos cinco anos, para exploração comercial e manutenção à Zero 4 Sinalização, uma empresa que atua no mercado de adesivos decorativos, com sede em Olaria.
“Quando nós pegamos os relógios, a estrutura interna deles estava totalmente danificada. Nós trocamos, por conta própria, os equipamentos internos, como o letreiro que marcam as horas, a temperatura e anunciam as propagandas”, contou a assessora da empresa, Lílian Fernandes.
Os dois relógios são monitorados diariamente por um computador da Zero 4. De acordo com Lílian, o equipamento que marca as horas é ajustado sempre que falta energia elétrica. “Quando acaba a luz, uma bateria mantém o relógio em funcionamento por um tempo, mas, a gente sempre observa se a hora está correta, porque é comum que o marcador acelere ou desacelere devido à potência no retorno da energia”, explicou a assessora. Ela também disse que algumas pessoas que passam todos os dias pelos relógios costumam avisá-los quando o equipamento está desregulado.
Em maio, Nova Friburgo registrou a menor temperatura do país. Foram 6,2°C, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). As baixas temperaturas costumam deixar os moradores e turistas da cidade desconfiados, porque a sensação térmica dá a impressão aos friorentos de que a temperatura está mais baixa do que a registrada nos relógios. Muitas pessoas que passam pelo Centro costumam questionar se os equipamentos estão realmente ajustados.
“O relógio possui um termômetro interno que capta a temperatura em tempo real, a um raio de alguns quilômetros. O sensor é mais potente do que os termômetros que algumas pessoas usam em casa”, explicou Lílian. Mas, para garantir a regulagem da temperatura nos relógios, especialmente nos dias mais frios, Lílian conta que pede a um geólogo para aferir a temperatura na cidade. “Um amigo, que mora nas Braunes, possui um equipamento para isso. Para garantir a precisão, a gente compara com a medição dele”, disse a assessora, acrescentando que eles também consultam o site do Inmet. “O órgão faz apenas uma previsão do tempo na cidade, porque eles não possuem um termômetro em Friburgo. A gente acessa as previsões do Inmet para evitar grandes distorções nos relógios”.
Ainda segundo a assessora da Zero4 Sinalização, a empresa não fatura comercialmente com os relógios. “As empresas que anunciam nos relógios são nossas parceiras. O dinheiro que cobramos pelas propagandas custeia apenas a manutenção dos equipamentos, como limpeza e pintura, que é realizada mensalmente, dependendo da necessidade. Nós não lucramos com os relógios. Cuidamos deles porque gostamos”, explicou Lílian. Ela não disse quanto a empresa cobra pelos anúncios publicitários nos relógios.
Há mais de uma semana a reportagem de A VOZ DA SERRA entrou em contato com a Prefeitura para ter acesso ao contrato de concessão dos relógios públicos e para esclarecer algumas dúvidas sobre a manutenção dos equipamentos. Na semana passada, o secretário de Serviços Públicos, Allan Almeida, disse pelo telefone que a secretaria que ele administra não é responsável pelos relógios. “Eu também quero saber qual é a empresa responsável pelos relógios porque quero que minha loja anuncie neles”, disse Allan, que além de secretário municipal, também é empresário em Friburgo.
Nesta sexta-feira, 17, a subsecretaria de Comunicação informou que “a responsabilidade sobre os relógios é da Secretaria de Serviços Públicos, no entanto, o setor de Posturas da Secretaria de Ordem e Mobilidade Urbana abrirá um processo, junto à Secretaria de Serviços Concedidos, para terceirização dos serviços de exploração e manutenção dos relógios”.
Em outra nota, o governo municipal ainda acrescentou: “Até o ano de 2013, todos os relógios estavam regidos apenas pelo artigo 96 do Código de Posturas. A partir de 2013, com a introdução da lei municipal de nº. 4.256/2013, os relógios dependem de licitação. Importante mencionar que neste governo não foi autorizada a colocação de nenhum relógio, e os que existem já vieram de outros governos, e precisaríamos de um tempo para buscar em registros a época da autorização. Vale ressaltar que a nova lei não diz que a concessão se dará exclusivamente por meio de licitação, o que não tira a força do artigo 96 do Código de Posturas”.
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