Desde pequena, Marta Oliveira dos Santos precisa medir, no mínimo três vezes ao dia, a taxa de glicemia no sangue para saber a quantidade de insulina que precisa aplicar para controlar o diabetes. Nos últimos meses, porém, a servidora do estado, de 42 anos, vem passando por dificuldades para conseguir o insumo na rede pública de Nova Friburgo e, por isso, vem gastando o pouco dinheiro que tem para comprar as fitas em farmácias.
“Estou enfrentando uma situação crítica por causa do desabastecimento e dos atrasos no pagamento do meu salário pelo estado [devido à crise]. Imagina gastar mais de R$ 200, por mês, só com as fitas nesta situação? Tenho recebido ajuda de familiares e buscado também instituições onde posso fazer a medição de graça”, contou Marta, que tem o tipo 1 da doença, a mais grave.
As fitas de glicemia medem a glicose. Com o resultado, a pessoa sabe a quantidade exata de insulina que deve ser aplicada na corrente sanguínea. Sem o uso do produto, os riscos aumentam. Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia, o diabetes tipo 1 é uma doença autoimune que impede que o pâncreas produza insulina para controlar o nível de glicose no sangue. Os portadores necessitam injeções diárias de insulina, se não correm risco de vida.
Em várias unidades de saúde da cidade, pacientes dizem que não encontram as fitas desde maio do ano passado. A Prefeitura de Nova Friburgo reconhece o problema e nesta semana informou que abriu processo para compra emergencial de 100 mil fitas por mês. O investimento é de aproximadamente R$ 1,9 milhão. O valor tem prazo de 12 meses para ser utilizado. A expectativa é que até fevereiro as unidades de saúde já estejam abastecidas.
“As fitas serão distribuídas em 23 locais, entres eles, o Hospital Municipal Raul Sertã, em postos de saúde e na Maternidade Dr. Mário Dutra. Para ter direito a retirada das fitas de glicemia, o paciente deve realizar cadastro, apresentando receita médica e documentos pessoais”, informou em comunicado.
Nesta semana, um leitor, que não quis se identificar, procurou a Coluna Massimo para relatar que diabéticos estavam preocupados com a ausência de insulina Lantus no Hospital Raul Sertã, porque não havia previsão de abastecimento do medicamento. “Lembro que esta insulina é cara e nem todos os diabéticos podem adquiri-la”, disse ele.
O colunista procurou a secretaria municipal de Saúde que informou que a rede disponibiliza cinco tipos de insulina - Alpidra, Humalog lispro, Lantus frasco e refil, Novo Rapid flex pen e refil, e Levemir flex pen e penfil -, que podem ser encontradas na farmácia complementar, localizada ao lado da central de ambulâncias do Raul Sertã.
“Portanto, o referido medicamento apontado pela leitora, não fica disponível no Hospital Raul Sertã, mas na farmácia complementar, estando em falta há uma semana. Tão logo a atual gestão tomou conhecimento de urgências como essa, abriu o processo para licitar medicamentos em falta, o que está em andamento, a fim de regularizar a situação”, informou.
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