Diante das recentes manifestações contrárias ao reajuste das passagens dos ônibus urbanos em Nova Friburgo (que subiram no último dia 15 de R$ 2 para R$ 2,50), o prefeito Heródoto Bento de Mello optou por convocar uma coletiva à imprensa, na manhã desta sexta-feira, na sede da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), onde lembrou a importância da tarifa única que, na sua opinião, funciona como um grande pacto social. Na ocasião, o prefeito reconheceu em parte a insatisfação causada pelo aumento de 25% no valor das passagens, mas disse ser obrigado a manter essa decisão, porém, exigindo da empresa de ônibus uma série de melhorias no serviço de transporte coletivo.
O prefeito Heródoto lembrou que a tarifa única foi uma medida encontrada, em 1985, para que aqueles usuários que residissem longe do centro da cidade não tentassem vir morar próximo ao Centro por causa do preço das passagens inchando a área urbana do município. Esta facilidade, de viajar em até dois ônibus com o pagamento de uma só passagem, a partir do sistema de integração urbano-rural, estabelecida em 1988, também seria crucial, na opinião do prefeito, para se evitar a proliferação de favelas na cidade. Isto ocorre pela possibilidade oferecida a moradores do campo de continuar vivendo em suas localidades.
Um dos principais pontos defendidos pelo prefeito durante a entrevista coletiva foi a necessidade de todas as localidades de Nova Friburgo serem atendidas pelas linhas de ônibus em circulação. Para ele, a cidade é privilegiada por possuir na operação do transporte público uma empresa genuinamente friburguense, que gera emprego para mais de mil pessoas.
“Já perdemos as empresas de água, energia elétrica e telefone. Não podemos permitir que o mesmo aconteça com uma empresa de ônibus que há tanto tempo nos serve tão bem”, declarou Heródoto. Ele afirmou ainda que a prestação do serviço da empresa Friburgo Auto Ônibus (Faol) for dividida entre duas ou mais empresas, a integração poderá ser comprometida, pois o atendimento continuaria o mesmo, visto que as linhas atendidas não seriam modificadas, mas sim divididas entre as empresas.
Questionado sobre a manifestação pública organizada para a próxima terça-feira, em frente ao Centro de Turismo, na Praça Dermeval Barbosa Moreira, com caminhada até a frente da Prefeitura, o chefe do governo municipal declarou não estar preocupado com isso, pois acredita que na verdade o que está acontecendo é uma tentativa de grupos políticos contrários a ele, de desacreditarem suas ações. No entanto, Heródoto também diz-se disposto a conversar com a sociedade civil organizada e, desde que sejam apresentados argumentos válidos, assim como outras saídas, seria capaz, até mesmo de reduzir o valor da passagem.
Quando perguntado sobre futuros pedidos de reajuste salarial por parte dos funcionários da empresa de ônibus, e como isso voltaria a afetar o valor das tarifas, o prefeito respondeu que essa possibilidade é algo natural, mas que não deverá acontecer antes de dois anos. E arrematou: “Os 25% de aumento não são para o futuro, mas uma solução para o agora”.
Por fim, lembrou que os estudos de implantação do trem prometido durante sua campanha, continuam e que com a nova opção de transporte, o padrão da cidade será outro, os ônibus deixarão de circular pelo centro da cidade, operando, então, linhas exclusivamente nos bairros e acessos. Além disso, lembrou que o aumento da tarifa é uma via de duas mãos, pois a população também será beneficiada, visto que a mesma só foi feita mediante exigências da prefeitura, como o aumento salarial dos funcionários da empresa de ônibus, renovação de frota, com aquisição imediata de 30 veículos novos, ampliação do número de linhas e instalação de bilhetagem eletrônica, tudo isto a ser implantado no prazo de 180 dias.
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