Prefeito sobre o asfaltamento da cidade: “Vamos dar prioridade às áreas de difícil acesso”

Hoje, no dia em que o governo municipal inaugura a primeira usina de asfalto quente de Nova Friburgo, A VOZ DA SERRA publica entrevista exclusiva com Rogério Cabral
quinta-feira, 03 de setembro de 2015
por Jornal A Voz da Serra
Prefeito sobre o asfaltamento da cidade: “Vamos dar prioridade às áreas de difícil acesso”

A VOZ DA SERRA: Por que investir numa usina de asfalto?
Rogério Cabral: Antes de tudo é preciso dizer que sempre tive esse sonho, desde que venci a eleição para prefeito, de montar uma usina de asfalto quente para poder asfaltar o maior número possível de estradas e ruas em Nova Friburgo. Durante a campanha eu percorri a cidade de ponta a ponta, e vi o quanto nossas ruas estavam esburacadas em consequência da aplicação de asfalto em cima de paralelepípedos. Ora, nós sabemos que o paralelepípedo trabalha muito, ele é colocado em cima de areia e pó de pedra, e se for aplicada uma camada muito fina de asfalto sobre ele, a tendência é que quebre em pouco tempo. Era o que acontecia, por exemplo, em Olaria, até que nós colocamos uma camada grossa e agora está perfeito. E também percorri muitas estradas de chão. E como eu sou nascido e criado na roça, já passei muitas dificuldades com estradas de chão, a ponto de ter que jogar mercadoria fora por não ter condições de escoar a produção da lavoura. Sempre tive esse sonho de asfaltar o maior número possível de estradas. Felizmente conseguimos fazer a compra desses equipamentos da usina de asfalto, além da acabadora, de caminhões, trator, retroescavadeira, enfim, tudo que era necessário para as operações de asfaltamento.

Quais os fatores que atrasaram a conclusão do empreendimento?
Tivemos várias dificuldades nas fases iniciais do projeto, e não contávamos com esse atraso todo. Só para conseguir a licença ambiental do Inea, por exemplo, nós levamos um ano. Agora, no entanto, a usina está pronta para funcionar.

Qual a capacidade de produção da usina?
A usina tem capacidade de gerar 80 toneladas de asfalto por hora, e esse é um número bem grande, embora o asfalto quente tenha algumas peculiaridades que tornam difícil produzir todos os dias. Acontece que, justamente por ser quente, o asfalto precisa ser transportado em altas temperaturas para poder ser moldado e aderir da melhor forma, ou do contrário pode começar a esfarelar. E também é preciso que haja um laboratório para analisar todo o material que será utilizado — areia, pedras, a própria emulsão — para que o produto final seja perfeito.

Como essa produção será administrada?
Para que a gente não tenha perda de material ou sofra qualquer tipo de sabotagem, nós abrimos uma licitação para contratar uma empresa especializada em asfaltamento. Estamos tranquilos quanto a isso, pois a companhia que ganhou presta serviços para o DER e diversas prefeituras no Rio de Janeiro, e tem a experiência e a capacidade para gerir bem essa usina. E o melhor é que nesse pacote de manutenção nós incluímos também as duas usinas frias, que também estão funcionando. Então, se o tempo esfriar e eu não puder produzir asfalto quente, ainda posso produzir o asfalto frio, trabalhando com a mesma equipe. Com isso nós esperamos ter produção de asfalto praticamente durante o ano inteiro.

Quais os critérios que vão orientar a aplicação deste asfalto?
Nós vamos ter que privilegiar alguns locais que têm extrema necessidade. O bairro Olaria é um deles. Nós precisamos fazer um bom serviço, iniciando pela Presidente Vargas, subindo pela Raul Veiga... Enfim, o bairro Olaria de modo geral, que está realmente muito ruim. Eu estive lá, junto ao secretário [de Obras] Alexandre Cruz, e é realmente assustador. Os moradores têm razão quando reclamam. E além de Olaria existem outros bairros, como Catarcione e até o distrito de Conselheiro Paulino... A cidade, de modo geral, precisa dar uma boa melhorada. E nós devemos começar pelo Nova Suíça, que é bem pertinho da usina.

E quanto à zona rural?
Nós temos algumas estradas vicinais no interior que precisam ser feitas. Como não vamos conseguir fazer tudo nesse ano e pouco que restam de governo, vamos dar prioridade aos locais de mais difícil acesso, onde os ônibus costumam ter dificuldades para passar. Alto do Catete é um bom exemplo. Em Rio Bonito a mesma coisa, Benfica... Enfim, todas as comunidades. Já fizemos um levantamento, embora estejamos sempre abertos a receber demandas, em especial através das associações de moradores, tanto da área urbana quanto do interior.

Considerando as dificuldades para transportar o equipamento, bairros próximos devem ser asfaltados em conjunto?
Sim. Como os equipamentos são pesados, e envolvem certa logística para que sejam deslocados de um local para outro, a tendência é que ao chegarmos a uma determinada região nós asfaltemos diversos pontos nas proximidades, já aproveitando a presença do maquinário, até mesmo por uma questão de economia. Nesse momento a palavra de ordem é planejamento, para que possamos produzir o máximo, consumindo o mínimo de recursos.

Quais os horários em que as obras serão realizadas?
Como eu expliquei, o asfalto quente é complicado de ser trabalhado. Graças à questão da temperatura, geralmente a produção começa a acontecer no fim da madrugada, para a aplicação ser feita a partir das primeiras horas do dia, aproveitando o sol ao máximo. Tanto assim que em dias muitos frios a empresa orienta até mesmo que seja interrompida a produção, porque a qualidade do asfaltamento não será tão boa. É como diz o ditado, não se pode fazer a omelete sem quebrar os ovos. Em algumas localidades, e em momentos específicos, os moradores vão enfrentar transtornos com o fechamento total ou parcial de algumas pistas. Felizmente, tudo isso vai acontecer por prazos curtos. As ruas de nossa cidade não são tão longas, e é quase sempre possível criar rotas alternativas temporárias.

A grande capacidade de produção da usina pode acabar excedendo a possibilidade do município arcar com os custos da matéria-prima. Diante desta situação, o governo considera transferir parte da produção para outros municípios?
Existe, sim, a intenção de compartilhar parte da produção com cidades vizinhas. Nós inclusive já fizemos três reuniões a esse respeito. A primeira foi com o próprio governador, depois tivemos outra com o DER e uma terceira com o secretário estadual de Agricultura. Na verdade nós fizemos a proposta de lançar um projeto em parceria com o governo do estado, chamado Asfalto na Roça. O governador gostou da ideia, e quer levar esse projeto para o estado inteiro, começando pela nossa região. Nova Friburgo seria a cidade modelo graças à existência dessa usina. E a proposta não é a de vender parte da produção, mas sim o estado fornecer a matéria-prima e Friburgo disponibilizar o maquinário e as instalações. Eu emprestaria a usina em troca do material para fazer o asfalto na cidade, porque com a queda de arrecadação e a escassez de recursos, posso acabar tendo um equipamento muito bom e no fim faltar dinheiro para comprar a matéria-prima. Agora, se esse convênio se concretizar, nós vamos ter material para trabalhar o ano inteiro. Com isso ganham as cidades vizinhas, e ganha também Nova Friburgo, porque não vai faltar matéria-prima. O próprio DER tem interesse nessa parceria, porque a usina deles em Nova Friburgo é fria, e o asfalto frio ajuda, quebra um galho, mas não é de alta durabilidade como o quente.

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