Prefeito pede que Museu da República volte a se chamar Palácio Nova Friburgo

terça-feira, 24 de agosto de 2010
por Jornal A Voz da Serra
Prefeito pede que Museu da República volte a se chamar Palácio Nova Friburgo
Prefeito pede que Museu da República volte a se chamar Palácio Nova Friburgo

Momentos vivos da História

Durante evento no Rio sobre Caminhos do Barão, prefeito Heródoto defende que Museu da República retome seu nome de origem: Palácio Nova Friburgo

O Museu da República – suntuosa construção erguida no Rio de janeiro, entre 1858 e 1867, pelo comerciante português Antonio Clemente Pinto – sediou três importantes acontecimentos, na última sexta-feira, 20: além do lançamento do livro de Luiz Fernando Dutra Folly sobre a vida de um dos homens mais ricos do Brasil à época e a apresentação do projeto Caminhos do Barão, com o qual a Prefeitura friburguense está propondo resgatar um dos principais personagens de sua história, o prefeito Heródoto Bento de Mello defendeu que o antigo Palácio do Catete volte a ter seu nome de origem: palácio Nova Friburgo.

Na presença do trineto do barão, Herald de Nova Friburgo Lee Hartman, o prefeito não se conteve quando, ciceroneado pela própria diretora do museu, Magaly Cabral, viu vários documentos e painéis na sala da Presidência da República, citando o nome original do prédio, onde funcionou a sede do governo federal até se mudar para Brasília.

“Senhora diretora. É o museu da República, não importa, mas é o Palácio Nova Friburgo”, insistiu Heródoto, acrescentando: “Temos que lutar por isso. Fomos usurpados”, afirmou, em tom bem humorado, apontando para um dos painéis expostos como prova de seu apelo, e provocando aplausos da própria diretora, que acrescentou: “Isso que é prefeito, defendendo o seu município”. Também ao encerrar seu pronunciamento sobre o livro Barão de Nova Friburgo: impressões, feitos e encontros, o prefeito voltou a defender a mudança do nome: “Estamos no Palácio Nova Friburgo, que está alcunhado de Palácio do Catete. Está escrito, lá dentro”, disse, categórico.

 

Em 1896, Palácio se preparava para receber a Presidência

 Com a mulher, Betty Rodrigues de Mello, o prefeito e comitiva visitaram, no primeiro andar do museu, a sala com a pintura de Antonio Clemente Pinto e a Baronesa Laura, mostrando a clássica cena dos livros históricos, diante da qual o trineto Herald posou para fotos, surpreendendo a todos pela semelhança com o Barão.

Os secretários Braulio Rezende (Governo), Roosevelt Concy (Cultura) e Girlan Guilland (Comunicação Social); os autores do livro, o locutor e radialista Pedro Osmar; a museóloga Lílian Barreto, gerente do departamento do patrimônio histórico da Secretaria de Cultura de Nova Friburgo, e ex-diretora do Museu da República, além do Presidente do Country Clube, Antonio Baptista Filho, visitaram a Sala Ministerial, onde os Presidentes reuniam os Ministros - exceto Getúlio Vargas, que só a usou para esta finalidade no dia de seu suicídio, exatamente há 56 anos, completos nesta terça, 24 de agosto – e puderam ver, ainda, os registros da inauguração do Museu da República, a 15 de novembro de 1960, pelo presidente Juscelino Kubitschek, “que deu nova destinação ao Palácio Nova Friburgo”, preparado desde 1896 para receber a Presidência.

 

Secretário: ‘Caminhos do Barão’ não poderia ter início melhor

“Considerando que o maior patrimônio do município é sua história”, o secretário de Cultura disse que não haveria lugar melhor para iniciar o projeto Caminhos do Barão do que aquela casa. Para Roosevelt, “executado, através de Lílian Barreto e Luiz Fernando, esses dois jovens, iniciamos esse movimento, esse circuito que, daqui deste palácio, se desdobra a Nova Friburgo, onde o Barão iniciou todo processo construtivo revolucionário para a ocasião”, explicou, agradecendo a acolhida da diretora Magaly Cabral, mãe do governador do estado.

Ressaltando a riqueza histórica friburguense, o prefeito Heródoto lembrou que “tudo começou com a epopéia de dois mil suíços, 400 dos quais morreram na viagem”, destacando que, além da relação de todos os seus fundadores, Nova Friburgo foi das primeiras cidades projetadas e a única criada por ato do Rei dom João VI e frisou: “Estamos trabalhando para que esta posição seja reconhecida no estado. Somos um município-parque, que tem uma cidade dentro, numa região de 12 outros municípios, que resguardam seu verde, suas belezas e sua história”, e concluiu: “Nossa gente é diferente. Não é pior e nem melhor, mas diferente. Uma prova está aqui hoje, num ambiente de cultura e parte preponderante da história do Brasil e de Nova Friburgo”.

Antes do autor, Luiz Fernando, explanar sobre os Caminhos do Barão, projetando imagens de algumas das 15 fazendas de Antonio Clemente Pinto e familiares, na região Centro Norte do Estado, o diretor da Escola de Belas Artes da UFRJ, professor Carlos Terra, destacou “o empenho e a persistência de Dutra Folly em fazer esse livro tão lindo”. A EBA/UFRJ patrocina a publicação junto com a Rezende Construções.

Além de Adair Rocha, representante do ministro da Cultura Juca Ferreira, no Rio, também participaram do evento demais descendentes, a exemplo de Graça São Clemente Milhorance, acompanhada do marido, o médico friburguense Frederico Vieralves; Marcelo Cardoso Monnerat e o pai, Carlos Lincoln - atuais proprietários da Fazenda São Clemente, em Cantagalo – levaram a réplica recém restaurada da imagem de São Clemente, padroeiro da família, que se encontra na capela da propriedade.

 

Prefeito quer reunir descendentes em maio de 2011

A magnitude da noite carioca de sexta-feira continuou na manhã friburguense do sábado, 21. Nenhuma imagem poderia expressar melhor o acontecimento do que a reação emocionada e o gesto estampado no rosto da jovem Vanessa Melnixenco ao ser apresentada ao trineto Herald Lee Hartman, legítimo descendente do Barão de Nova Friburgo. Aluna do 6º período de história da Faculdade Santa Dorotéia, ela atua como estagiária de pesquisa, coordenada pela arquiteta Luanda Jucyelle Nascimento de Oliveira, para mais um livro que vai contar a história da Chácara do Chalet e do Country Clube, há mais de meio século sediado na antiga propriedade dos Nova Friburgo e Clemente Pinto.

Exatamente nos jardins do parque-clube, cuja diretoria ofereceu um café da manhã aos ilustres visitantes, registraram-se alguns interessantes encontros. Ciceroneado pelo presidente Antonio Baptista, junto ao diretor de patrimônio, José Luiz e o vice-presidente de comunicação, Lúcio Flavo da Silva, Herald de Nova Friburgo, acompanhado da mulher, Valéria, conheceu duas de suas primas, Maria José Teixeira Soares (Majô) e Beatriz Teixeira Soares, netas de Braz de Nova Friburgo e filhas de Rodolpho, o último administrador da propriedade, antes dos Guinle comprá-la.

E por falar nisso, também outro encontro, na mesma manhã, registrou a apresentação de Herald a Maria Helena, filha do engenheiro e ex-prefeito Cesar Guinle, cujo pai, Eduardo, relembrou Herald, teve fortes ligações com seu avô, Renato de Nova Friburgo, “que se envolveu em política e foi líder em várias revoluções, inclusive na década de 1930, em São Paulo, quando foi preso com o general Figueiredo, pai do ex Presidente da República”.

 

Rumo ao bicentenário

 

Não foi a primeira vez que Herald esteve na cidade. Ele já conhecia o Country Clube, mas foi visitar também o prédio onde está instalado há 100 anos o Sanatório Naval de Nova Friburgo e ficou visivelmente entusiasmado em ver a preservação de sua arquitetura original.

O prefeito Heródoto também acompanhou os descendentes do barão em sua rápida estada na cidade. Eles foram à tarde para Cantagalo, onde pernoitaram na Fazenda São Clemente, a qual, segundo Luiz Fernando Folly, será o estágio final do Caminho do Barão.

Antes, porém, Herald levou um convite e o compromisso do chefe do Executivo friburguense: para que, em maio de 2011, Nova Friburgo sedie um encontro da família como parte das comemorações de seu 193º ano de fundação. É Nova Friburgo resgatando e valorizando sua história, preservando sua memória, rumo ao seu bicentenário, em 2018.

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