Preços amargos estão pesando no bolso neste Cosme e Damião

Alta nos preços do leite e do açúcar resultou em doces mais caros nas prateleiras
sábado, 24 de setembro de 2016
por Karine Knust
Devido à crise, lojistas não têm expectativas de crescimento de vendas em relação ao ano passado (Foto: Henrique Pinheiro)
Devido à crise, lojistas não têm expectativas de crescimento de vendas em relação ao ano passado (Foto: Henrique Pinheiro)

Na próxima terça-feira, 27, será dada a largada para a caça aos doces de São Cosme e São Damião. Comemorada pela igreja católica no dia 26 e pelo espiritismo no dia 27, a data é marcada pela distribuição de saquinhos cheios de guloseimas e festas abertas à comunidade com direito a bolo, refrigerante e até brindes. 

No entanto, este ano, a celebração deve ser um pouco amarga para quem organiza a festança. O motivo? O aumento dos preços também atinge as guloseimas tão esperadas pela garotada nesta época. Lúcia Neves é de Trajano de Moraes, mas sempre vem a Nova Friburgo para fazer a compra de doces para distribuir no dia de São Cosme e São Damião. Ela distribui 50 sacolinhas de guloseimas todos os anos e conta que se assustou com os valores encontrados.

“Sempre faço pesquisa para garantir os melhores preços na hora de comprar os doces e imaginava que esse ano estaria mais caro por conta da crise. Mas, dessa vez, mesmo procurando pelos doces mais baratos, fiquei impressionada com o aumento. Estou gastando o dobro do ano passado”, afirma ela. 

De acordo com o proprietário de uma loja de doces da cidade, Mário Sérgio Abreu, a alta recente nos preços do leite e do açúcar, dois dos principais ingredientes na fabricação de doces, refletiu no valor final dos produtos. “O aumento foi de 10 a 15% e o poder de compra diminuiu, por isso, não temos expectativas de aumento nas vendas. Na verdade, este ano reduzimos de 35% a 40% o estoque de doces para Cosme e Damião para não sobrar mercadoria”, explica. 

Dentre os doces mais procurados para compor as sacolinhas estão o suspiro, a maria-mole, o doce de abóbora e a pipoquinha de arroz. “Mesmo com tudo mais caro a gente faz um esforço para comprar. O que não pode é deixar a tradição acabar”, finaliza Lúcia Neves.

A história dos santos

De acordo com as crenças católica e espírita, Cosme e Damião teriam origem de família nobre e pais cristãos no século III, na Arábia. Formados em medicina na Síria, os irmãos registrados como Acta e Passio, ou Cosme e Damião, se destacaram por atender crianças gratuitamente e logo a fama de cura ‘em nome de Jesus Cristo através do seu poder’ se alastrou. 

Apesar da popularidade bastante positiva, a dupla foi assassinada tragicamente, sem causa oficialmente conhecida. Após a morte, Cosme e Damião teriam aparecido diversas vezes materializados, realizando curas e ajudando crianças vítimas de violência. Devido a isso, muitos fiéis passaram a reverenciar os santos gêmeos distribuindo doces e guloseimas.   

Atualmente, a tradição tem perdido força, mas ainda existem aqueles que persistem e, além de distribuir guloseimas, realizam festas abertas a toda a comunidade e com programação especial para a criançada. 

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