Preço de alimentos sobe até 68% nos últimos 12 meses

Batata-inglesa, alho, carnes, cebola, pera e bebidas alcoólicas têm os maiores aumentos
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Pixabay)
(Foto: Pixabay)

Além do longo período de estiagem, a alta do dólar também vem ocasionando aumento no preço dos alimentos. Nos últimos 12 meses — outubro de 2014 a outubro deste ano — os alimentos subiram 10,39%, superando os 9,93% da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No Rio de Janeiro, a alta dos alimentos foi de 9,81%. Especialistas dizem que os aumentos devem continuar nos próximos meses.

A taxa perto dos 10% é uma média, mas há produtos que tiveram reajustes bem mais expressivos. É o caso da batata-inglesa, cujo preço subiu 68,86%. O valor do alho avançou 59,38%, enquanto o filé mignon teve alta de 40,40%, e a cebola, de 29,30%. Já o músculo bovino ficou 20,86% mais caro.

Para a técnica do Ipea, Maria Andréia Parente, o ano foi de estiagem, com muito calor em algumas áreas e chuvas abundantes em outras, ocasionando aumento principalmente dos produtos in natura.

Já a valorização do dólar pressionou preços de itens que dependem de trigo importado, por exemplo — como o pão francês, que ficou 8,73% mais caro no Rio, macarrão, que subiu 11,54%, e biscoito, 7,75% — e também, por tornar os produtos brasileiros mais competitivos no exterior, incentiva as exportações, reduzindo a oferta desses itens no mercado interno — como, por exemplo, as carnes, que ficaram 20,91% mais cara no Rio e 17,16% na média nacional.

Preço do diesel preocupa

Uma preocupação adicional é um possível aumento do preço do diesel. O governo estaria considerando elevar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) dos combustíveis, se a criação da CPMF não for aprovada. O diesel pressiona o custo do frete, que em última instância, é repassado aos preços dos alimentos.

Para Maria Andréia, as estatísticas de safras não sugerem problemas, mas há outros fatores, principalmente o custo do frete.

Pão francês sobe em todo o estado, mas em Friburgo preço ainda não subiu

O pão francês, muito apreciado no café da manhã do brasileiro, não fugiu à regra do aumento de preços e teve alta de 10% em média recentemente em quase todo o estado. O aumento foi recomendado pelo Sindicato de Panificação e Confeitaria da capital, por pressão da alta do dólar, que acumula valorização de 50,13% no ano.

Além do impacto da moeda norte-americana, o reajuste objetivou absorver o aumento do custo de produção. Houve reajuste da energia elétrica, do gás, do pedágio (importante para a importação da farinha de trigo) e, infelizmente, são repassados aos consumidores para manter a qualidade, segundo diretores do sindicato.

Algumas padarias ainda estão conseguindo segurar o preço do pão porque têm um estoque guardado. Mas não tem jeito, o trigo comprado é todo importado. O presidente da Associação Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria (Abip), José Batista de Oliveira, confirma que ainda é possível não repassar todo o aumento dos custos, pois a alta dos preços do pão acaba acarretando perda no volume de venda.

As padarias de Nova Friburgo estão entre as que ainda não repassaram o aumento na casa de 10%, verificado em quase todo o estado, para os consumidores. Isto apesar do aumento do trigo, que é importado e sofre pressão do dólar valorizado. No entanto, o presidente do Sindicato das Indústrias de Alimentação de Nova Friburgo, Paulo César Rodrigues de Oliveira, não tem como prever por quanto tempo a medida ainda pode ser adotada.

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TAGS: inflação
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