Depois de visitar a Praça Getúlio Vargas, no Centro, e a Lafayette Bravo, em Conselheiro Paulino, A VOZ DA SERRA dá continuidade à série que mostra como estão as praças de Nova Friburgo a poucos meses da celebração dos 200 anos do município (a serem comemorados em 16 de maio de 2018). Desta vez, visitamos um dos espaços mais emblemáticos de Olaria: a Praça Monsenhor Mielli. Situada no coração do bairro, ela recebe todos os anos centenas de fiéis católicos para as celebrações religiosas de Nossa Senhora das Graças, que acontecem em novembro.
No local, também costumam ser realizados eventos sociais e recreativos promovidos por entidades e o poder público. No entanto, apesar de ser palco das principais festas do bairro e um importante espaço de lazer para a população, a praça chama atenção pelo acúmulo de problemas. É o que revela Jorge Freiman, de 59 anos. Nascido e criado em Olaria, o coordenador de eventos da Secretaria Municipal de Esportes viu o número de moradores crescer e o comércio do bairro se multiplicar e, agora, pede aos governantes um pouco mais de cuidado com o local que lhe remonta tantas memórias. “Não é uma praça grande e por isso, acho que não seja tão difícil fazer a manutenção. Entendo que não é fácil, que o governo passa por um momento difícil. Mas falta limpeza, pintura e, principalmente, serviço de jardinagem”, pontua.
Exemplo de cidadão ativo, o jornalista Eloir Perdigão mora em Olaria e conhece bem a história do local. “Muita gente confunde. Mas a praça onde está o ponto de ônibus é a Monsenhor Mielli. Do outro lado, onde está o PPC (Posto de Policiamento Comunitário), a praça se chama 1º de maio”, revela ele, contanto que também gostaria que o local recebesse um pouco mais de atenção do poder público no quesito jardinagem. “A praça é um local de lazer, onde as pessoas vem para conversar, passear com as crianças. O que falta aqui, com certeza, são flores e cuidados com os canteiros e árvores”, diz.
Para outro veterano, o artista plástico Ivaldo Pereira da Silva, de 73 anos, não fosse pelo intenso movimento de pessoas, a praça passaria despercebida. “Sou nato de Olaria, mas confesso que pouco a observo. Hoje, com a visita de vocês, notei como o espaço está abandonado. Frequento o local desde criança e, para ser sincero, não me lembro de reformas ou grandes melhorias. Na verdade, acho que ao longo de mais de meio século pouca coisa foi feita aqui. A iluminação é precária e há muito lixo”, afirma.
E as reclamações não param por aí. Mãe de um menino de dois anos, a estudante Thayriane Felipe, de 18 anos, não escondeu a sua frustração com o espaço. “Não tenho como trazer meu filho aqui para brincar. Embora haja placas proibindo a circulação de bicicletas, adolescentes passam aqui a toda velocidade. Falta fiscalização”, pontuou.
O aposentado Nedir Santos de Araujo, de 78 anos, morava em São Gonçalo mas veio para Friburgo há dois anos em busca de qualidade de vida. “Comprei um apartamento aqui em Olaria. Acho a cidade muito boa, mas estou impressionado com a situação dessa praça, uma vergonha para o município. Sinceramente, não tenho coragem de convidar amigos e parentes para vir me visitar e dar como ponto de referência a pracinha de Olaria”, exclama.
Nedir conta que já procurou a Sub-prefeitura de Olaria para oferecer ajuda. “Fui lá perguntar o motivo pelo qual a praça não está sendo cuidada e perguntar o que eu poderia fazer para melhorar a situação do local, pois já estou cansado de fazer reclamações sobre a falta de manutenção no espaço. Há algum tempo tinha uma piteira seca caindo. Demorou dias até que funcionários da prefeitura viessem retirá-la. Poderia, inclusive, cair em cima de alguém. Me lembro também que havia pés de azaléa, mas foram retirados. A prefeitura me disse que há um projeto para a revitalização do espaço. Mas cadê que sai do papel?”, questionou.
Taxistas dali também não perderam a oportunidade de falar sobre o mau estado do local. Eles sugeriram troca da iluminação, a retirada das grandes árvores e a implantação de um chafariz, além de um guarda para tomar conta dos jardins.
A equipe de reportagem de A VOZ DA SERRA entrou em contado com a prefeitura afim de saber se existe um projeto para a revitalização do espaço, por quais motivos não é feita a limpeza periódica do local e se será enviada alguma equipe à praça para verificar os problema. Em nota a prefeitura respondeu que: “a respeito da Praça Monsenhor Mielli, em Olaria, é feita diariamente uma varrição para mantê-la limpa e inclusive esta semana está sendo feita uma limpeza geral dos jardins e poda de árvores. Além disso, está prevista para a próxima semana uma pintura na praça, que tem um projeto de revitalização, já em fase de finalização”, diz trecho do texto. A prefeitura pediu ainda a colaboração de toda a população para a manutenção do espaço em questão e de tantos outros do município.
O ilustre Monsenhor Mielli
Nascido em 1922, Caetano Antônio Mielli, conhecido como Monsenhor Mielli, foi uma importante figura para a sociedade friburguense, em especial para a comunidade de Olaria, que ele ajudou a desenvolver. Prova disso é que, quem passa pela pequena praça que hoje leva o seu nome pode observar o monumento em sua homenagem.
Personagem carismático da Igreja Católica, Monsenhor Mielli ajudou a fundar a matriz de Nossa Senhora das Graças, o Centro Social e o Colégio Nossa Senhora das Graças, que até hoje é responsável pela formação educacional de várias gerações de friburguenses.
Assim, um visionário pela educação e também no serviço de assistência social, padre Mielli lançou as bases de uma obra monumental, não só por seu relativo tamanho, mas sobretudo por sua importância e alcance ao longo de tantos anos. Ele faleceu prematuramente aos 56 anos, em 13 de março de 1979, vítima de um infarto fulminante.
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