Praça de Conselheiro: espaço divide opiniões entre moradores

Enquanto alguns apontam lixeiras, brinquedos e aparelhos de ginástica quebrados, outros destacam policiamento constante e amplo espaço para lazer
segunda-feira, 13 de novembro de 2017
por Dayane Emrich

Você sabe o nome da praça de Conselheiro Paulino? Essa foi uma das nossas perguntas para alguns dos moradores do sexto e um dos maiores e mais populosos distritos de Nova Friburgo. A resposta foi quase unânime: “não!”. E o Google? Será que ele sabe? Para nossa surpresa, até o buscador de localização do aplicativo Instagram e a ferramenta de check-in da rede social Facebook não souberam apontar o nome de uma das praças mais movimentadas da cidade.

“Não sei. Chamo de Praça de Conselheiro!”, exclamou a aposentada Maria Clotildes Bispo, de 64 anos. Moradora do bairro Três Irmãos, ela não escondeu a insatisfação com a situação do local. “Os aparelhos de ginástica estão quebrados, enferrujados e são um verdadeiro gasto de dinheiro público. Parece até que não há idosos nesta cidade, pois nada é feito pensando no nosso bem-estar e necessidades”, disse.

Segundo Maria, praças são o único espaço de lazer para muitos dos moradores das cidades e a de Conselheiro, especialmente, tem uma enorme importância para a comunidade. “Muita gente mora em local que não tem quintal e ou não pega sol. Quantas famílias trazem seus filhos para brincar neste espaço? Mas, com as árvores cheias de praga, os canteiros de flores mal cuidados, as lixeiras quebradas e esse total abandono, quem vai querer vir aqui?! Precisamos que os governantes olhem com mais carinho para Conselheiro”, disse, questionando: “mas, afinal, qual é o nome da praça?”

Praça Lafayette Bravo

Uma homenagem ao vereador, presidente da Câmara Municipal e prefeito de Trajano de Moraes, a praça de Conselheiro Paulino leva o nome de Lafayette Bravo, avô do atual prefeito Renato Bravo.  Localizada no centro do distrito, ela divide opiniões quando o assunto é conservação, beleza, espaço de lazer e segurança.

Aos 66 anos, a aposentada Ângela Lack revelou a decepção com o poder público. “Achei que como o prefeito Renato Bravo morou durante tanto tempo em Conselheiro, ele faria mais pelo nosso distrito. Mas a praça, o principal espaço de lazer da população, está abandonado. Antes da reforma, feita em 2011, ela era muito mais bonita. Tinha banquinhos, cobertura para os dias de chuva e de sol forte e canteiros de flores”, argumentou.

Opinião semelhante tem a ambulante Maria Eulinda dos Santos, de 51 anos (foto). “Trabalho aqui das 14h às 19h, há cerca de dois anos e meio. O parquinho está largado e os aparelhos para atividade física também. Faltam mais atrativos para o pessoal de Conselheiro, mais festas e mais coisas para as crianças fazerem”, disse.

Por outro lado…

Para a própria Maria Eulinda, um dos pontos positivos do local é o policiamento constante. “A cada 30 minutos vemos um carro de polícia. Isso tranquiliza a gente e inibe a ação de criminosos e de usuários de droga”, relatou.

José de Miranda, 64 anos, desempregado, acredita que a praça está melhor, se comparada há alguns anos. “Para mim ela está bonita. Não vejo violência como acontece no Centro. Moro em Conselheiro há 39 anos e, sinceramente, não tenho do que reclamar do local”, falou.  

Dono de uma loja de chaves na Praça Lafayette Bravo há 38 anos, Adir Abreu da Silva, de 65 anos (foto), também não apontou problemas. “Eu acho que melhorou muito. Era pior em termos de sujeira e abandono. Sobre a violência: é difícil falar, pois tem em todo lugar”, disse, acrescentando que: “Aos domingos isso aqui fica cheio de gente. O pessoal aproveita o espaço para trazer as crianças para brincar, tomar sorvete”, revelou.

Opiniões à parte, em uma visita realizada a Praça Lafayette Bravo recentemente a equipe de reportagem constatou uma série de problemas. Além da falta de pintura, as latas de lixo do local estão quebradas, os canteiros de flores mal cuidados e as árvores cheias de praga. O coreto do local também está sem pintura e sem iluminação.

Assim como o relatado pelos moradores, os aparelhos da academia a céu aberto, alvo de reportagem de A VOZ DA SERRA em julho deste ano, continuam quebrados, enferrujados e sujos. Na ocasião, o secretário de Esporte e Lazer e Políticas Públicas para Juventude, Waldemir Caetano Veloso, informou que o reparo dos aparelhos já estava planejado, o que, no entanto, ainda não aconteceu.

Na época, Waldemir destacou que além do desgaste natural o mau uso dos aparelhos e a ação de vândalos são dificuldades encontradas pelo poder público para manter os equipamentos em bom estado. “Algumas pessoas não têm o devido cuidado com o aparelho e sem saber como usar acabam danificando o equipamento. Nós temos a preocupação de realizar essa manutenção. Gostaríamos de colocar uma cobertura para que as pessoas possam se exercitar sem se preocupar com o clima. No momento não é possível realizar essa obra, mas é uma ideia que nós queremos realizar mais pra frente”, afirmou.

Inaugurado em 2014, o parquinho infantil também está em mau estado de conservação (foto) e não oferece condições para uma diversão saudável e segura.  Alguns dos brinquedos estão quebrados e foram desgastados pela ação do tempo. A Praça Lafayette Bravo foi reformada em 2011. Na ocasião, o espaço ganhou  novas galerias rede e esgoto; novos jardins e bancos de cimento.

O que diz o poder público

Em nota encaminhada à redação de A VOZ DA SERRA, a prefeitura informou que as latas de lixo quebradas já foram identificadas e assim que possível serão substituídas. A respeito das pichações e brinquedos quebrados no parquinho infantil, o governo explicou que não foram identificadas irregularidades, mas que uma nova averiguação será feita no local pela equipe da subprefeitura.

No texto, a prefeitura afirma também que estão sendo avaliadas formas para devolver a iluminação do coreto, considerando que atualmente as lâmpadas são colocadas em local de fácil acesso, estando sujeitas a furtos e vandalismos. Já em relação a falta de pintura, a mesma frisou que a praça foi pintada recentemente, na segunda quinzena de agosto.

“A respeito dos aparelhos de ginástica enferrujados e quebrados, a reclamação já foi enviada para a Secretaria de Esportes e Lazer e Políticas Públicas para Juventude, responsável pelos equipamentos, para que em breve as necessidades sejam reparadas. Sobre o canteiro de flores, é importante dizer que atualmente é disponibilizado um funcionário específico para cuidar da conservação da praça. Além disso, um novo projeto paisagístico está sendo realizado com o objetivo de criar um espaço diferenciado”, diz trecho do texto. Quanto às árvores com pragas, uma limpeza começou a ser realizada na manhã de sexta-feira, 10.

Outro ponto esclarecido pela prefeitura foi a solicitação de cobertura sobre os bancos. “Como a prioridade atualmente é atender praças em pior estado, essa necessidade será atendida assim que possível”, disse o governo, acrescentando que a subprefeitura do distrito está viabilizando junto a Secretaria Municipal de Cultura a realização de eventos culturais e de lazer no local e que apóia eventos culturais, como a Folia de Reis, por exemplo.

Já em relação a falta de uma placa com o nome da praça, o governo municipal explicou que faz parte do projeto fixar uma moldura com o nome de Lafayette Bravo no local. Ainda segundo a prefeitura, a placa foi retirada na época da reforma.

Curiosidade

Um caso que também chama atenção de muita gente que vive no distrito e tantos outros que por lá passam diariamente é o fato da igreja Santa Terezinha não estar de frente para a praça, como ocorre na maioria das cidades brasileiras. Weder Pereira, responsável pelo arquivo histórico da paróquia, conta que, após o início da construção da igreja, foi feito um desvio do percurso do Rio Bengalas para fazer algumas obras, modificando todo o projeto original da construção da Praça Lafayette Bravo. "Conclusão: a igreja ficou virada para um lado e a praça para outro”, disse.

 

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TAGS: praças | 200 anos
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