CERCA DE duas mil pessoas estão reunidas em Brasília nesta semana, na 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Nesta edição, o tema do evento é “Comida de verdade no campo e na cidade: por direitos e soberania alimentar”. A conferência será encerrada amanhã. Para a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campelo, “não podemos descansar enquanto houver um brasileiro em situação de insegurança alimentar. Precisamos avançar e ampliar o acesso à alimentação saudável”.
SEGUNDO A ministra, é indispensável a colaboração dos governos - municipais, estaduais e federal — e das entidades da sociedade civil. “Só tem uma forma de continuarmos avançando no Brasil: com políticas públicas, transparência, participação e com controle social. Os nossos conselhos de segurança alimentar e nutricional têm de continuar ativos e participantes, não apenas superando a desigualdade, mas melhorando a qualidade da alimentação da população.”
UM DOS SETORES que devem receber a atenção para uma alimentação nutricional saudável é o de crianças em idade escolar, principalmente os da rede pública. Em Nova Friburgo, lei criada pelo vereador Marcelo Verly, em 2009, obriga os estabelecimentos de ensino particulares e públicos de Nova Friburgo a oferecerem uma alimentação saudável como parte do cardápio escolar. A lei compatibiliza as escolas com a dura realidade que já preocupa os pais, mestres e até mesmo os governos — a falta de cuidados com a alimentação ingerida pelas crianças e a obesidade dos jovens brasileiros.
POR FALTA DE verbas suficientes, as escolas fazem verdadeiros malabarismos para colocar um prato de alimentação saudável à frente de seus alunos. O dinheiro mal dá para adquirir o básico de uma refeição balanceada, deixando fora do cardápio inúmeros itens que complementariam com qualidade nutricional a alimentação estudantil.
NUMA CIDADE como Nova Friburgo, onde milhares de estudantes dependem da refeição escolar como base de sua alimentação diária, tal carência poderia prejudicar crianças e adolescentes no rendimento na sala de aula e na própria formação da estrutura física das crianças. O problema consegue ser amenizado com a previsão orçamentária extra que o governo costuma adotar para suplementar a alimentação, mas assim mesmo é insuficiente para uma refeição adequada.
SE A MERENDA escolar é realmente a única refeição consistente de muitas crianças das escolas públicas, o problema ganha dimensões cujas soluções não ficam restritas ao próprio governo. Não basta que a solução seja tomada apenas pelos políticos. É preciso um envolvimento comunitário bem maior, utilizando-se a solidariedade como ferramenta de ação para que consigamos superar os baixos índices de desempenho escolar que maculam a qualidade da educação pública no Brasil.
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