Porque são 170 milhões de portadores crônicos no mundo (cerca de 3% da população mundial); porque muitos desconhecem ser portadores do vírus, pois a maioria é assintomática; porque estes pacientes estão sob risco de desenvolver cirrose e/ou câncer de fígado; e porque os novos medicamentos mudaram a história desta doença.
Estamos vivendo um momento muito esperado por todos, médicos e pacientes, o momento em que o tratamento traz a probabilidade de cura da infecção.
Trata-se de uma doença de reconhecimento recente, com baixa taxa de diagnóstico e com pouco acesso ao tratamento. As bolsas de sangue começaram a ser testadas a partir de 1986 e a partir de 1992 estes testes adquiriram melhor qualidade com diminuição da chance de transmissão através do recebimento de hemoderivados. Cerca de 76% dos pacientes nasceram entre 1950 e 1980 e tem mais de 45 anos.
No Brasil, estima-se que 2.100.000 pessoas tenham o HCV — destas, 300.000 conhecem seu diagnóstico, e cerca de 10.000 (0,6%) são tratados anualmente.
Diferentemente das hepatites A e B, não existe vacina para prevenir a infecção pela hepatite C. O vírus pode ser transmitido de pessoa a pessoa através do sangue de uma pessoa infectada, seja por transfusão de sangue não testado para HCV, compartilhamento agulhas, escovas de dente, barbeadores, tatuagens ou colocação de piercings realizados por profissionais não preparados, material dentário ou de manicure que tenham entrado em contato com paciente portador do HCV sem a devida esterilização ou troca, e embora menos frequentemente, pelo contato sexual, e a partir da mãe para o filho durante a gestação/parto.
Os novos tratamentos da hepatite C são menos tóxicos, mais curtos (de 12 a 24 semanas) e conseguem atingir níveis de cura por vezes de até 95% , números nunca pensados com os tratamentos disponíveis até então.
Em alguns países, a perspectiva é de que a erradicação da infecção pelo HCV ocorra em duas décadas.
Se você recebeu transfusão de hemoderivados até 1993, realizou procedimentos hospitalares, faz uso de drogas ilícitas intravenosas ou não, ou se expôs a alguma das condições descritas anteriormente, peça o teste.
Se você é médico, e tem pacientes nascidos entre 1945 e 1970, peça o exame.
Se você tem 45 anos ou mais, peça para fazer o teste.
Delia Celser Engel é infectologista
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