Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), para fins tributários, a classe média é composta pelo conjunto de famílias que auferem rendimentos mensais entre R$ 3 mil e R$ 10 mil. Um contingente de 6,3 milhões de famílias ou mais de 22 milhões de pessoas. A pirâmide social brasileira é formada também por 42,4 milhões de famílias consideradas pobres (rendimentos mensais de até R$ 3 mil) e 1,2 milhões de famílias tidas como ricas (rendimentos mensais acima de R$10 mil).
A classe média é formada por grandes e médios empresários, por profissionais liberais, juízes, jornalistas, escritores, funcionários públicos, professores universitários, empregados do setor privado em nível de gerência e supervisão, entre outros. Seu grande “pecado” é gerar empregos (mais de 60% do total) e circular riqueza para as atividades prioritariamente delas dependentes: cabeleireiros e centros de estética, empregadas domésticas, lavanderias, agências de viagem, hotéis, centros de lazer, feiras e congressos, cinemas e teatros, mercado editorial, previdência privada, planos de saúde, serviços para automóveis, restaurantes. (...) 62% da receita dos shopping centers, 58% do setor educacional, 61% do setor automotivo (inclusive combustíveis), 60% do setor imobiliário e metade da receita de supermercados e do setor de telecomunicações. A maior parte de doações a entidades filantrópicas é realizada por membros de classe média e eles compõem a maioria do voluntariado brasileiro.
Por causa de tudo isso é que a classe média é permanentemente esfolada pelos governos, através de uma tributação confiscatória tanto da sua renda, quanto do seu patrimônio. A arrecadação governamental não tem limites. Justo a classe média que é responsável por 67% da arrecadação do imposto de renda pessoa física, 70% do imposto sobre o patrimônio (IPTU, IPVA, ITR, ITCMD e ITBI), e mais da metade dos tributos que financiam a seguridade social e daqueles sobre o consumo (incluso no preço final das mercadorias e serviços).
Segundo o advogado tributarista, contador, professor universitário e presidente do IBPT, Gilberto Luis do Amaral, os governantes e membros do poder legislativo tratam a classe média como um grupo de indivíduos privilegiados que devem contribuir cada vez mais para os cofres públicos. Para o presidente, decorre daí o fenômeno da “favelização” das pequenas e médias empresas e o aumento brutal do desemprego.
Na década de 70, as famílias de classe média trabalhavam dois meses e meio do ano para pagar todos os tributos. Hoje, trabalham quase cinco meses (praticamente dobrou a incidência tributária). Mas, apesar disso, não recebem do governo uma contraprestação em serviços públicos de qualidade, sendo forçada a comprometer mais de 28% do seu ano, para adquirir serviços privados similares aos públicos (os quais deveriam ser oferecidos pelo governo), tais como educação, plano de saúde, segurança e previdência privada. Assim, sobram menos de cinco meses do ano para que estes cidadãos de classe média possam trabalhar para o seu sustento e crescimento patrimonial.
CONSEQUÊNCIAS
A consequência é que a grande maioria sonega os impostos e, desse universo, surge o “jeitinho brasileiro”, em que todos andam no fio da navalha buscando atalhos e formas de sobrevivência. Portanto, quanto mais o governo está querendo, ganancioso quanto aos impostos, mais as pessoas se defenderão indo para a informalidade, sonegando e comprando produtos piratas.
Felizmente, ainda que muito pouco, com o debate que gira em torno da volta da CPMF os brasileiros debatem e assim começam a surgir os primeiros sinais de reação à fúria com que os políticos avançam sobre o bolso de quem produz, trabalha, e gera riquezas para movimentar a economia da nação e financiar a covardia e a incompetência gerencial dos gestores públicos.
O caminho é longo e tortuoso, requer tempo para ser percorrido, mas começa pela reação, pela PERCEPÇÃO e pelo protesto de quem já paga demais por um retorno que não vem.
Deixe o seu comentário