UM DOS TEMAS mais enfatizados pelos candidatos a prefeito de Nova Friburgo durante a campanha foi o meio ambiente. Todos os seis, indistintamente, externaram seus pontos de vista, prometeram — em maior ou menor grau — soluções politicamente corretas para um assunto que tem predominância em todas as cidades brasileiras. Porém, em nenhum momento, falaram sobre a reciclagem do lixo friburguense.
ESTUDO realizado pelo Ministério das Cidades revela que o Brasil produz diariamente mais de 240 mil toneladas de lixo, sendo que mais de 40% desse total, ou seja, cerca de 100 mil toneladas/dia são despejadas em aterros a céu aberto, situação que configura a triste realidade da maioria das cidades brasileiras.
APENAS 8% dos 5.565 municípios adotam programas de coleta seletiva. Mesmo tendo criado uma política nacional de resíduos sólidos, o Brasil não consegue fazer com que seus gestores municipais e estaduais dotem os municípios não apenas de aterros sanitários, mas, sobretudo, de programas de coleta seletiva para permitir que a maior parte do lixo acabe reciclado.
PORÉM, da intenção da lei ao que vem sendo praticado pelos cidadãos, o descarte do lixo não obedece as regras e é um salve-se quem puder na hora de se desfazer desse material. Sem cumprir as orientações da coleta seletiva, a população ignora o uso adequado das caixas coletoras e estas viram um depósito comum, com todos os tipos de lixo.
AINDA QUE o brasileiro esteja mais consciente em relação à importância da reciclagem de materiais que não são biodegradáveis, ou seja, que não são absorvidos pelo meio ambiente, muita coisa ainda precisa ser feita para dotar o país de uma cultura ambiental. Estima-se que pelo menos 700 mil pessoas trabalhem informalmente na coleta de materiais recicláveis em todo o Brasil e números do Ministério do Trabalho apontam que o setor emprega mais de 30 mil pessoas com carteira assinada.
LAMENTAVELMENTE, esse elevado índice de reciclagem que o país apresenta no setor de alumínio não é fruto de políticas de desenvolvimento sustentável ou de consciência ambiental, mas por um fator exclusivamente social, já que milhares de famílias encontram nas latinhas uma fonte de complemento de renda. Fica claro, portanto, que a reciclagem de lixo no Brasil ocorre muito mais por um fator de sobrevivência do que por obra e graça de políticas públicas. É preciso mudar este quadro.
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