A poluição que nos cerca nas ruas... e em casa

Além da fumaça de carros, o cotidiano urbano é repleto de vilões. Em Nova Friburgo, o uso de agrotóxico é apontado como causa de problemas psicológicos graves
segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016
por Amanda Belém
(Foto: Flickr)
(Foto: Flickr)

No imaginário popular, o exemplo mais recorrente de poluição é o de uma metrópole acinzentada, devido à alta concentração de fumaça no ar. O que muita gente não sabe é que a poluição está presente até mesmo dentro de casa. De acordo com um estudo desenvolvido pelas instituições britânicas Royal College of Pedriatics e Royal College of Physicians, a sujeira acumulada em ambientes onde não há circulação de ar, por exemplo, contribuiu para a morte de 99 mil pessoas só na Europa em 2012. Além do mais, o problema se tornou mais grave para os bebês, que já desenvolvem doenças mais cedo.

Na correria que afeta o cotidiano de muitos brasileiros, algumas situações de poluição passam desapercebidas. Uso de desodorantes de aerosol, alimentos fritos que geram fumaça, perfumes, ácaros, mofo e pelos de animais de estimação podem provocar danos à saúde. Doenças como rinite, sinusite, asma são os mais comuns. A inalação de partículas de metais geram ansiedade, e o desenvolvimento de câncer de pulmão, mal de Alzheimer e Parkinson pode surgir desta forma de poluição do ambiente.

A Organização Mundial da Saúde recomenda uma série de medidas para enfrentar o problema, incluindo regulações mais duras para limitar a poluição do ar, como testes confiáveis das emissões de veículos. Outra iniciativa sugerida é que as autoridades tenham autonomia para mudar as rotas do trânsito, especialmente perto de escolas, quando os níveis de poluição estiverem altos.

Agrotóxicos em zonas rurais

O impacto dos agrotóxicos na saúde humana é outro fator que afeta não só o aspecto físico do indivíduo, mas também o psicológico. Uma pesquisa realizada em São Lourenço pela equipe do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana, em 2002, foi constatado o consumo de agrotóxico estimado em 56,5kg para cada trabalhador por ano. Cerca de 76 crianças e adolescentes foram avaliadas na pequisa. O resultado: problemas crônicos, imunológicos e psicológicas se destacaram como reflexos dos poluentes. A pesquisa apontou também que a cada 24 horas uma pessoa tenta suicídio principalmente em zonas rurais, onde o número de ingestão é bem maior. Mais de 404 foram registrados somente em 2002.

Tamara, que viveu durante muito tempo em Sumidouro, afirma que sua família sempre trabalhou em lavouras e que por causa disso, alguns parentes já pensaram no suicídio. “Muito triste ter que conviver com isso. Meus pais e familiares têm depressão e já tive que esconder facões para evitar um desastre!”, explica Tamara.

Andrea Rayana, moradora do bairro de Riograndina, diz que tenta diminuir o consumo de produtos industrializados. “Na hora de comprar alimentos, prefiro as feiras e também não me engano com frutas e legumes bonitos, vou logo naqueles feios que as pessoas ignoram. E produtos de higiene, tenho buscado alternativas naturais, como o óleo de coco como hidratante corporal. No início foi complicado me acostumar, mas eu vi que havia resultado” destaca Andrea.

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TAGS: Meio Ambiente | saúde | agrotóxicos
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