Na noite de segunda-feira, 16, os policiais e peritos da Polícia Civil do Estado do Rio anunciaram uma paralisação nas atividades do setor. A greve, prevista para se estender por 72 horas, começou nesta terça-feira, 17, em delegacias distritais, especializadas, unidades administrativas e postos regionais de Polícia Técnica do estado. Além da regularização no pagamento de salários para o 5º dia útil de cada mês, os servidores ainda reivindicam o pagamento do décimo terceiro, horas extras e premiações por metas alcançadas. De acordo com a categoria, os atrasos nos pagamentos de metas, por exemplo, se estendem desde o segundo semestre de 2015.
Em Nova Friburgo, o complexo da Polícia Civil em Nova Friburgo — composto pela 151ª DP, a Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam) e o Instituto Médico Legal (IML), na Avenida Presidente Costa e Silva, aderiram ao movimento. Na portaria de ambos os locais, foram afixados diversos cartazes “Estamos em greve”. De acordo com o Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro, apenas os serviços emergenciais como remoções de cadáveres em via pública; prisões em flagrante; cumprimentos de mandado de prisão; inclusão de gravame para roubos de veículos; e ocorrências de estupro/homicídio/sequestro serão atendidos.
Na segunda-feira, 16, também foi aprovado em assembleia um gatilho que autoriza a paralisação automática dos servidores no 6º dia caso o pagamento de salário sofra atrasos. Ainda segundo representantes das categorias, “caso a inadimplência financeira do governo estadual não tiver sido completamente sanada, está autorizada a decretação de greve com manutenção de 30% do efetivo nos serviços essenciais” a partir destas 72 horas.
Na manhã do último sábado, 14, os policiais civis já tinham feito uma paralisação. As delegacias não fizeram nenhum registro ou serviço por quatro horas e, em seguida, os policiais começaram a “Operação Basta”, em que registram só flagrantes e crimes graves.
Procurada pela equipe de A VOZ DA SERRA, em nota, a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro informou que “não se manifesta sobre o teor de decisão de entidade de classe”, salientando que “os serviços emergenciais serão mantidos”. Nesta terça-feira, 17, os agentes penitenciários do estado também iniciaram uma paralisação da categoria. Apenas serviços como a alimentação de presos, emergências médicas e alvarás de soltura serão realizados. Os procedimentos de visitas estão suspensos.
Os agentes penitenciários também cobram o pagamento integral do salário de dezembro, atrasado desde a última sexta-feira, dia 13, além do 13º salário. Eles ainda pleiteiam condições de trabalho mais adequadas. Na próxima segunda-feira, 23, uma nova assembleia será realizada para deliberação sobre o andamento da greve.
Más condições de trabalho
A crise no estado tem agravado a situação de trabalho de muitos setores da administração pública. Em Nova Friburgo, por exemplo, há pelo menos um mês a delegacia tem recebido doações de produtos de limpeza, que não têm sido enviados pelo governo.
No Instituto Médico Legal (IML) a situação é ainda mais grave. “Estamos sem material, sem pessoal suficiente para o trabalho e sem funcionários de limpeza. Isso para um IML é muito agravante”, afirmou o diretor do Posto Regional de Polícia Técnica e Científica (PRPTC) em Nova Friburgo, Luiz Carlos Salgado Monteiro. No mês passado, funcionários do instituto chegaram a recolher recursos financeiros pessoais para contratar uma equipe de limpeza.
“Estamos sem os terceirizados da faxina e não sabemos quando isso vai mudar, por isso, estudamos a possibilidade de fechar um convênio com uma empresa da cidade que possa nos atender neste período. O IML não pode ficar sem limpeza”, concluiu.
Em nota, a Secretaria estadual de Segurança informou que vem trabalhando com orçamento reduzido devido ao grave quadro de crise econômica pela qual passa o governo do estado. No entanto, a pasta reiterou que vem reunindo todos os esforços para garantir o funcionamento das delegacias e o atendimento à população.
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