Quem foi rei nunca perde a majestade.”
(Dito popular)
Dentro do teatro de olhos azuis de vidro ficam
os bancos como a assistir a uma ópera fantasma
executada pelos ninguéns entre as cortinas
o vermelho delas tem vontade de fechar-se
por vergonha do ato daqueles que baniram
o paraibano, vítima de xenofobia cultural
Mas em outra parte brilha a pedra do reino
em outros burgos nunca encastelados
por montanhas de um vale que se crê europeu
suassunamente as peças ganham corpos
o santo e a porca mais uma vez dialogam
duas escolas de samba reconhecem sua arte
Compadecida, compadece-te dos ignorantes
incapazes de enxergar além do próprio umbigo
amesquinhados pela efemeridade de uma glória
que o olhar quintano viu como um chocalho
cheio de guizos e fitinhas – por isso, irrisório
(esquecem eles que quatro anos não são a Vida)
Creem-se mais arianos que o grande nordestino
daí a ânsia de removerem a presença do poeta
agindo rápido, não mais à sombra e em silêncio
o apagador trabalhando com pouco alarde
apenas alguns notando seu deslize sobre o nome
que daria orgulho em qualquer lugar onde há leitura
Não incomode ao escritor a “no mínimo descortesia”
não pense que Friburgo inteira aprova o acinte
e que de novo o irmão poeta quintaneie em versos:
eles passarão; só Ariano Suassuna passarinhará
deixando no ar o eco do seu canto construído
de tez brasileira, amor ao povo e eternidade
[Sérgio Bernardo]
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