Plenário de Nova Friburgo terá duas mulheres na próxima legislatura

Mais confiante após os primeiros quatro anos do atual mandato, Vanderléia pretende expandir seu campo de atuação
sexta-feira, 07 de outubro de 2016
por Ana Borges
Vanderléia diz sentir-se mais preparada para exercer o segundo mandato na Câmara dos Vereadores (Foto: Henrique Pinheiro)
Vanderléia diz sentir-se mais preparada para exercer o segundo mandato na Câmara dos Vereadores (Foto: Henrique Pinheiro)

Com 436 votos a mais do que recebeu no último pleito, totalizando 1.801 votos — que lhe garantiram a quinta posição no ranking dos mais votados — a vereadora Vanderléia Pereira Lima (“Abrace essa ideia”) foi reeleita para a próxima legislatura. Mais confiante após os primeiros quatro anos do atual mandato, Vanderléia pretende expandir seu campo de atuação e “fazer mais pela população porque sei que posso e fui eleita para isso”, afirmou.

Carismática e espontaneamente afetuosa, a parlamentar sempre acreditou na sua reeleição, mas não fazia alarde. Com a humildade que lhe é característica, perseverou com o objetivo de retribuir a confiança que seu eleitorado depositou em sua pessoa. Trabalhou com a dedicação de uma aprendiz ao longo do primeiro mandato, sem abrir mão de ocupar posições relativas às suas áreas de interesse. Da mesma forma agiu durante a campanha, fiel à sua maneira de ser. Afinal, por que essa jovem mulher, de origem humilde, trabalhadora, bem casada, mãe e microempresária entrou para a política? 

Segundo suas palavras, “porque sempre estive interessada nas questões de minha comunidade, envolvida na busca de soluções para a coletividade. Eu gosto de gente”, sustenta a vereadora.  

Em sua primeira candidatura, em 2004, apesar do bom desempenho, os 1.181 votos foram  insuficientes para lhe garantir uma cadeira no legislativo. Em 2008, os 1.153 votos também não, mas em 2012, na terceira tentativa, foi eleita com 1.365 votos. 

Segundo a vereadora, o primeiro mandato foi um duro aprendizado, “uma novidade que enfrentei confiando na minha vontade de aprender e amadurecer conforme ia vivenciando o dia a dia na Câmara. Aprendi com meus colegas, e afinal, quatro anos não são quatro dias. Devagar e sempre fui assimilando o funcionamento da casa e as possibilidades de crescimento como agente público”, disse Vanderléia. 

Hoje, com a insegurança pelo desconhecido superada, ela sobe na tribuna sentindo apenas o peso da responsabilidade assumida com seu eleitorado, “e não apenas com quem votou em mim, mas com a população em geral”, se apressa em ressaltar. “Mesmo que naquele momento eu esteja cercada apenas pelos vereadores e uma reduzida plateia, minha presença e a minha fala está sendo registrada, gravada. Preciso ter cuidado com as palavras, com a forma como me coloco diante de cada questão, enfim, com o ponto de vista que estarei expondo ali. Preciso estar atenta ao fato de que cada pessoa pode interpretar minhas palavras de várias maneiras. Então devo ser clara, objetiva e conhecer a causa que estou defendendo. Esse é um entendimento que ainda estou processando, que a gente vai dominando aos poucos, observando os colegas e as reações do público, do eleitor, da mídia”, revelou.     

Responsabilidade redobrada

Durante seu mandato, a vereadora investiu em cursos preparatórios como o PNL (Programação de Neurolinguística) entre outros, com a intenção de aprimorar sua performance diante dos microfones. “Não podemos estacionar num determinado grau de instrução, de nível do conhecimento. Estudei para sair do fundamental e completar o ensino médio, e pretendo ir além, melhorando cada vez mais a minha escolaridade”, disse Vanderléia, que começou a trabalhar ainda menina, casou, teve seus filhos e ajudou o marido comerciante no distrito de Campo do Coelho. “Tudo o que eu puder fazer para me tornar uma pessoa melhor e uma representante mais preparada, eu farei”, completou.

Volta e meia, durante toda a entrevista, Vanderléia cita a palavra responsabilidade. Percebe-se que é um sentimento genuíno, que ela faz questão de alimentar. “Ser responsável é algo que sempre fui e tenho orgulho disso. Aí, quando recebo essa quantidade de votos, de pessoas que estão me dando uma procuração para representá-las na Câmara, mesmo diante de uma situação em que demonstram descrença no processo político, sinto que a minha responsabilidade aumenta ainda mais. Tenho consciência de que cada voto que recebi, um por um, foi conquistado graças ao trabalho que faço há muitos anos, como cidadã”, revelou.

Ela lembra que muito antes da política entrar em sua vida, sempre esteve envolvida com as questões sociais, com as questões da mulher. “O que eu fazia na localidade onde sempre vivi era espontâneo, sem nenhuma expectativa além de ajudar. Era e sou eu entre muitas outras pessoas. Quando me perguntam o que eu fiz para ganhar essa eleição, eu digo que a nossa campanha não foi feita nos últimos 45 dias, mas ao longo do meu mandato, desde o primeiro dia. Na Câmara, com outros vereadores, dos quais dependo para aprovar projetos. Aqui fora, conto com minha equipe, familiares, amigos, eleitores, pessoas que sempre estiveram do meu lado. Ninguém faz nada sozinho, ganha uma eleição sozinha, e comigo não foi diferente”, avaliou.    

Duas mulheres num universo masculino

Mesmo com tanta disposição para a carreira e apoio da família, vez por outra a vereadora titubeia e um parente socorre dizendo para ela largar a política. “Mas é coisa que dá e passa”, explicou. “É uma reação esporádica, num ou outro momento de alguma dificuldade. Aí fazemos uma retrospectiva do quanto já evoluímos, fizemos e ainda temos para fazer. Sou movida pelo amor ao próximo, sempre procurei ajudar, e sempre que precisei de ajuda, encontrei nos outros. Então, essa troca é legítima e um dia percebi que sendo um agente público, político, eu teria meios mais eficazes para resolver problemas. Penso que todos nós, como seres humanos, temos o dever de ajudar quem precisa, de lutar por direitos iguais ”.

Quanto ao fato de apenas duas mulheres terem sido eleitas, ainda assim Vanderléia comemora a chegada de uma nova vereadora — Nazareth Geninho —, embora o eleitorado feminino seja superior ao masculino em Nova Friburgo, mesma proporção nacional. Uma pergunta fica no ar: Por que mulher não vota em mulher? “Não sei explicar, apenas ponderar que talvez seja a criação, o machismo, a falta de autoestima, de confiança em si mesma. De qualquer maneira, nesses quatro anos recebi no meu gabinete muito mais mulheres do que homens. Elas se sentem mais a vontade para expor suas preocupações, seus problemas. Se sentem naturalmente ‘abraçadas’ (sorrindo, faz o gesto), compreendidas. E isso me comove, me impulsiona a continuar essa caminhada”, conta. 

Neste novo mandato, Vanderléia pretende atuar ainda mais perto das pessoas, ir ao encontro delas. “Não sou de ficar muito em gabinete, esperando acontecer alguma coisa. Fico lá quando necessário, por compromisso, reunião, para atender a população. Ali é meu ponto de encontro. Prefiro estar na rua, ver os problemas de perto, conhecer a história das comunidades. Não cabe ao vereador realizar obras, mas reivindicar, cobrar. Por exemplo, com a eleição do novo prefeito, o Renato Bravo, espero diálogo, uma convivência pacífica, de ajuda mútua. Quanto mais pudermos colaborar um com o outro, melhor para todos nós. Conheci o Renato quando ele foi diretor do Sesc e meus filhos estudavam lá. Dessa época ficou uma boa impressão dele. Torço por uma relação construtiva entre o Legislativo e o Executivo. O Rogério (Cabral) está deixando a prefeitura organizada, onde o secretário de Fazenda (Juvenal Condack) fez um grande trabalho. Eles trabalharam duro, como tem sido demonstrado nos últimos meses e eu os parabenizo por isso. Aposto numa transição visando o melhor para o município, portanto para a população, dando continuidade ao que foi iniciado pelo Rogério”, encerrou Vanderléia. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS: Câmara Municipal de Nova Friburgo
Publicidade